Não é novidade de que as meninas do
Fifth Harmony estão crescendo e conquistando cada vez mais público. Neste
segundo álbum da carreira, fica bem claro o porquê desse girlgroup estar dando
tão certo, preenchendo os buracos que Pussycat Dolls e Spice Girls nos deixaram
ao acabarem.
O 7/27, segundo álbum das meninas, ainda
coloca o grupo ao lado do synth-pop chiclete, porém funciona para o Fifth
Harmony. As meninas tentaram até adicionar melodias de outros gêneros no álbum
de estreia, mas não obtiveram bons resultados, pois simplesmente as músicas não
eram das mais fortes e além disso, não tinha a cara delas – é só lembrar de
“Them Girls Be Like” e “Suga Mama”. Claro que no álbum anterior, faixas que
tentaram fugir do pop clichê como “Everlasting Love”, funcionaram muito bem,
mas depois do lançamento desse novo álbum, percebi que é mais seguro para o
grupo ficar na zona de conforto, nem que seja para ter refrões repetitivos,
pois se bem produzido, vai valer a pena no final.
O interessante é que
nessa nova era, por já estar bem mais inserido na indústria do que antes, o
Fifth Harmony está mais confiante do que nunca, uma vez que as meninas estão
mais maduras, de fato, podendo arriscar por letras mais adultas, ás vezes um
tanto quanto sensuais – as posicionando ainda mais perto das Pussycat Dolls.
Além disso, outra oportunidade que foi muito bem aproveitada no álbum se trata
do posicionamento de cada voz, em cada momento. Não há dúvidas de que cada uma
do grupo tem uma personalidade bem diferente, todas bem marcantes, e isso foi
explorado da maneira certa no álbum com mais igualdade, favorecendo cada uma no
seu melhor tom, no seu ritmo mais adequado e até na letra que cada uma mais se
identificasse – por mais que o conteúdo lírico não seja nem um pouco o ponto
forte do grupo.
That’s My Girl: A faixa abre o álbum de maneira esplêndida, como nenhuma outra
faria. A música incentiva o empoderamento feminino de forma vibrante. “That’s
My Girl” é grandiosa e explosiva, sendo o exemplo perfeito do caminho mais
certeiro pelo qual Fifth Harmony deve seguir. Além de muito bem produzida, é
contagiante, divertida e ainda tem a cara do grupo, até por conta da letra.
Definitivamente, será um erro enorme se essa canção não ser escolhida como
single em algum momento dessa nova era.
Work From Home: A repetição começa a aparecer aqui, então já vai se acostumando, porque
daqui pra frente terá vários refrões usando essa fórmula. Bom, “Work From Home”
não é a melhor do álbum, apesar de ficar muito na cabeça e fazer com que as
pessoas dancem. Ainda, não é o tipo de música que parece ter passado por elas
antes em algum momento do processo criativo, porque soa genérico a ponto de que
se fosse cantada por qualquer outra cantora pop mainstream, teria o mesmo
efeito. E por não ter tal unicidade que tanto almejamos para o Fifth Harmony,
acredito que não foi uma das melhores escolhas em tê-la como primeiro single do
álbum.
The Life: Mais uma faixa que me incomoda pela repetição, dessa vez com excesso de
auto tune também. Talvez eu esteja sendo rígido demais, mas sei que poderia ser
melhor. Se tivesse um ineditismo aí, poderia fazer a música ser mais
interessante, como a Normani fazendo um rap (porque não, né?).
Write On Me: Agora sim, Fifth Harmony is back on the game! Aqui, você vai poder conferir um lado mais calmo do grupo, com um ritmo
extremamente relaxante e uma produção boa e minimalista, dando destaque aos
maravilhosos vocais das garotas, pela primeira vez no álbum. Definitivamente, é
o estilo de música que esperava que as meninas gravassem desde a época do X
Factor.
I Lied: Admito que quando se trata de Fifth Harmony, prefiro elas em um ritmo
mais tranquilo, mas essa faixa, mesmo agitada, me conquistou
surpreendentemente. A batida da música é extremamente agradável, com uma letra
nada ruim, acompanhada de um crescente maravilhoso, com cada fase da música
brilhando em suas dimensões igualmente – o que não é tão fácil de se fazer.
Além disso, as meninas ainda conseguiram expor bastante as extensões vocais em
alguns momentos, principalmente no final com as high notes surreais da Normani
e da Dinah.
All In My Head (Flex): Pode-se dizer que essa é a única música do álbum que não é pop puro e
que deu certo. As melodias reggae são claramente notáveis aqui, que arranjadas
na voz da Dinah, faz com que a música brilhe genialmente. Nunca imaginei Fifth
Harmony fazendo algo assim, mas esse risco valeu muito a pena, ainda mais com a
adição do Fetty Wap, que tem certa afinidade com o gênero. Não sei se foi a
melhor escolha para segundo single, mas se hitar, ficarei extremamente feliz,
por conta de não ser tão genérico como os singles anteriores do grupo.
Squeeze: Muitos fãs gostaram dessa mid-tempo, porém não simpatizei muito com a
faixa. A música para mim parece muito confusa no seu crescer e se bem
organizada e produzida, poderia ser uma ótima canção que mostrasse o lado
romântico do grupo como nunca antes. Infelizmente, portanto, o ritmo da música
foi construído com batidas um tanto quanto conflituosas e estranhas para a
melodia. Talvez se fosse algo mais minimalista, como Write On Me, até mais
orgânica, poderia enfim dar certo. Admiro portanto a tentativa, pois a música
teria um potencial ótimo se tivesse sido executada da maneira correta.
Gonna Get Better: Engraçado como essa música vem depois de “Squeeze”, porque diferente da
anterior, ela sabe acrescentar batidas mesmo em uma proposta mais vulnerável,
fazendo de “Gonna Get Better” uma das melhores do álbum. A separação dos solos
foi muito bem feita, contendo momentos em que elas harmonizam e outros que
elas conseguem se destacar pelas suas respectivas extensões vocais,
principalmente no caso da Ally, que domina nessa música.
Scared Of Happy: Todo álbum tem aquela faixa um pouco descartável, né? Nada de tão ruim
na música, além das batidas meio confusas do refrão. O problema é que ela não
consegue se destacar tanto quanto outras mais agitadas. Mas por um lado mais
positivo, tudo começa a valer a pena quando a Camila chega no hook da música.
Not That Kinda Girl: Provavelmente uma das letras mais Pussycat Dolls e mais confiantes do álbum!
Assim como “That’s My Girl” todas brilham igualmente, em um ritmo bem animado.
Tem uma pegada meio pop retrô que eu abracei com todas as minhas forças.
Dope: Essa música tem uma sonoridade diferente de qualquer outra e não
precisa de melodias explosivas para conquistar. “Dope”, ao invés de uma super
produção, tem uma certa delicadeza em seus versos, ainda mais com a rouquidão
da Lauren guiando o refrão, com muita classe. A música em si retrata o seu
significado, trazendo uma sonoridade muito doce, mas ao mesmo tempo muito
frágil, assim como o sentimento de se apaixonar, que as meninas interpretam na
faixa.
No Way: Mesmo com baladas anteriores como “Who Are You”, nunca havia sentido
tanta emoção em uma música do Fifth Harmony. Todas as meninas, além de mostrar
seus vocais maravilhosos, realmente significam o que cantam. Finalizando a
tracklist da versão deluxe, o grupo nos dá uma prévia do que realmente sabem
fazer em um ritmo mais stripped down e o resultado é maravilhoso, nos deixando
com um gostinho de “quero mais”.
Apesar de alguns
deslizes, o 7/27 deixa claro que o grupo está no caminho
certo. É notável a maior participação das meninas no processo, porque diferente
do primeiro álbum, agora elas já criaram uma fidelização sonora que carrega a
identidade Fifth Harmony. Foi um grande passo, mas ainda estarei esperando elas
chegarem em um patamar maior ainda, que acredito que consigam alcançar se
mantiverem essa linha.
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