O terceiro álbum de estúdio de Ariana Grande finalmente se encontra entre nós e já podemos apreciar toda a beleza de um pop digno de uma estrela em ascensão. Se seu auge teve início com o My Everything, entre 2014 e 2015, a cantora volta com um novo álbum para provar que seu ótimo momento não tem previsão para acabar.
Gosto de pensar no processo evolutivo das cantoras por quem tenho um apreço grande. Ariana é uma artista que vêm entregando ótimos materiais álbum após álbum e o Dangerous Woman não foge à regra: agrada por ser bem amadurecido, onde a cantora está visivelmente segura em sua arte e em todo o talento que tem. Durante seus quase 60 minutos de duração, percebe-se de cara o conceito retrô-contemporâneo com que a sonoridade é trabalhada nas mãos do Midas do pop, Max Martin, e de outros hitmakers como Savan Kotecha e Tommy Brown – este último trazendo mais do R&B/hip-hop, responsável pela nova pegada adulta das músicas. É evidente uma mudança positiva, que não deixa de lado a essência ao resgatar um pouco de seus trabalhos anteriores e acrescenta novas ideias.
É importante ressaltar que, como um artista emergente, há uma grande necessidade de crescimento e da conquista de fan-bases a cada movimento que se faz. Explorar diversas áreas musicais e se estabelecer no mercado como um nome sólido é o primeiro passo para, então, ganhar uma liberdade artística. Não que a menina Ariana tenha mudado muito de seu estilo, mas é bem claro que no novo álbum tem-se uma influência muito maior de sua personalidade e de suas próprias escolhas criativas, como quem a acompanha sempre tem facilidade em notar. O house/eletrônico dá lugar ao reggae e ao trap, enquanto o R&B acaba ultrapassando em número as baladinhas pop.
As faixas, comentadas uma a uma, estão a seguir:
Moonlight marca o início do álbum e apresenta a cantora em sua zona de conforto, fazendo o que faz melhor: vocais suaves que vão crescendo até o ápice das notas altas e letras românticas embaladas por ritmos clássicos. Porém, é uma introdução daquilo que não vai mais se ver no restante do disco, rs. Pouco se assemelha nas faixas que a seguem, o que leva a crer que houve uma grande mudança criativa desde o anúncio, em 2015, do antigo título homônimo e que essa foi a única canção mantida. É notável a fidelidade de Moonlight ao My Everything.
Agora, sim, configurando uma cara mais real do que é o álbum em si, Dangerous Woman é um grande acerto e definitivamente marca um ponto alto de sua carreira. Ari renova seu estilo musical com um midtempo muito bem trabalhado no instrumental, que incorpora riffs de guitarra e elementos do trap, somados a seus vocais poderosíssimos que mostram o porquê de todo o sucesso que faz. Poder feminino e amadurecimento numa canção sexy e empolgante.
Be Alright é despretensiosa e potente na medida certa: letras positivas, batidas dançantes e upbeat, com um drop enérgico bem “happy The Weeknd”. Considero-a uma das melhores justamente pela boa vibe que tem, ao ser divertida sem necessariamente ser exagerada num nível eletropop farofa.
Into You, para mim, é a galinha dos ovos de ouro do álbum. Como nem só de conceituais vive o pop, Ari traz a alegria geral das playlists de balada com sintetizadores e batidas pesadas. Apesar de ser mais distante do retrô trabalhado e de ter uma produção bem pesada por cima, é a que mais me agrada como um todo, talvez por me remeter a seus maiores hits e continuar esse legado. A letra é ótima pra mandar pro boy lerdo, fica a dica: “A little less conversation and a little more touch my body”. FAVE.
Por motivos óbvios, eu tinha grandes expectativas sobre Side To Side, a parceria com Nicki Minaj. Em parte, elas foram supridas, porque a faixa e ótima e traz um lado novo e inesperado de Grande, mas por outro, ao coloca-la ao lado das outras duas colaborações da dupla, não me parecem estar no mesmo patamar. O reggae é revigorante e acentua o álbum muito bem, mas senti falta de mais interação e alternância entre as cantoras.
Em Let Me Love You, entramos num caminho mais dark do DW. A inusitada parceria com Lil Wayne tem um charme particular e funciona muito bem dentro do contexto de aproximação de um público mais adulto, como a letra toda sugere. Apesar de mais calma e laid-back, é uma música carregada de elementos do trap e do hip hop que não deixam o ritmo cair em nenhum momento. A química entre os dois artistas é confirmada no clipe promocional lançado para a faixa.
Após recuperar o fôlego, Greedy já começa mostrando ser o oposto de sua antecessora. A faixa é grandiosa e extravagante, digna de uma produção inspirada nos musicais que Ari sempre faz questão de dizer que ama – impossível não pensar em Hércules, clássico da Disney. O clima retrô é marcado pelo disco-pop e os vocais são impecáveis, evidenciando toda a sua potência. Confesso que não me apeguei tanto à musica na primeira ouvida, mas agora, definitivamente I’m greedy for more.
Leave Me Lonely me surpreendeu de uma forma bastante positiva, já que também foge um pouco do que estou acostumado a ouvir. A faixa me transportou facilmente para um drama americano dos anos 60 e esse é um efeito admirável que um áudio, sem a ajuda da imagem, pode causar. Macy Gray emprestou seus vocais carregados de uma rispidez muito bonita para contrastar com os puros de Ariana, de modo a deixar a parceria muito memorável.
Apesar de ser muito mais contemporânea que o resto do DW, Future trouxe um clima legal para Ari com a faixa Everyday, explorando uma área característica do hip hop atual que vem adicionando cada vez mais o EDM em seus versos e que acabam abrangendo um grande público consumidor. Particularmente, é um gênero do qual gosto muito e aqui não foi diferente. A música é simples numa análise geral, com um refrão marcado e repetitivo, sem grande versatilidade, mas é também extremamente empolgante.
Sometimes desacelera o ritmo frenético de Everyday e apresenta somente Ari na companhia de um violão. É uma das minhas queridinhas do álbum, tanto pela vibe tranquila e despretensiosa, que funciona muito bem, quanto pelo resgate do estilo musical do Yours Truly. Quero uma versão acústica dessa fofurinha pra ontem.
I Don’t Care é um Jazz/R&B gostosinho que tem seus momentos de glória, como os riffs de guitarra e as partes cantaroladas por uma versão chill de Ariana, mas é a faixa que menos gosto de todo o álbum. Com o tempo, com certeza, vou acabar me apegando mais a ela, mas por enquanto não a acho muito memorável e pode passar batida por muitos.
Juntamente com as duas últimas já mencionadas, Bad Decisions é parte do trio que se assemelha muito às músicas mais antigas de Ari, mas acredito que seja a melhor delas. A letra faz uma bela dupla com a empoderada Dangerous Woman e chama atenção por ser notavelmente divertida e por fluir bem nos vocais da cantora, bem Mariah Carey realness. Ps: sou louco, sim, e admito que fico cantando “brigadeiro” ao invés de “we got that” nos refrões, falo mesmo.
Touch It é maravilhosa. Uma canção de amor extremamente poderosa, o EDM não deixa enganar e promove muita identificação com o ouvinte, além de fazer jus ao gênero pop. Definitivamente se tornou uma das minhas favoritas logo de cara e, por isso, a vejo pessoalmente como a One Last Time desse álbum. Acredito que faria muito sucesso como single pela quantidade dramática existente em todos os aspectos da faixa e torço para que isso aconteça.
Não consigo entender o motivo de Knew Better/Forever Boy serem uma faixa só. A segunda metade é muito – muito mesmo – superior à primeira, que, se não descartável, talvez se encaixasse bem como interlude. A verdade é que já me acostumei com Knew Better, mas Forever Boy é empolgante por misturar house com trap e o refrão cantado em fragmentos é um charme que ficará na sua cabeça por um bom tempo.
Fechando o álbum da melhor forma possível, Ari traz a baladinha Thinking Bout You. Acredito que, se colocada em outra posição da tracklist, a música não teria o mesmo efeito que teve sendo a última. A letra é bem trabalhada no introspectivo e o ritmo é de crescente emoção, o que nos deixa com sensações de tristeza, pelo encerramento, e de felicidade, pelo saldo final positivo do DW como um todo. Sweetheart song alert.
O Dangerous Woman é um álbum fruto de um momento que parece ser de decadência do pop simples e puro, que dá lugar à convergência de gêneros musicais diferentes a formarem uma sonoridade única e extremamente prazerosa. Minha única crítica fica mesmo em questão à parte visual da era, que tem tudo para ser maravilhosamente executada, mas que vem sendo preguiçosamente trabalhada. Clipes que chamam atenção apenas à beleza da cantora, e não ao conceito presente nas 15 faixas do disco. De qualquer forma, espero que amem esses novos trabalhos, assim como eu estou amando. <3
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