Para a nossa alegria, o ano de
2016 foi marcado por grandes retornos musicais, assim como por artistas menores
surpreendendo com tanta ousadia e coragem. É difícil fazer uma seleção deste
gênero, mas não podíamos deixar de fazer uma lista contendo os nossos dez
álbuns favoritos do ano.
The 1975 - I Like It When You Sleep, For You Are So Beautiful Yet So Unaware Of It (por Jhonatan Oliveira)
Contagiante e alegre. The 1975 recebe o prêmio de um dos melhores do ano por criticar ter sido um dos piores, confuso, não?! Então, nesta nova produção, a banda investiu em letras críticas, românticas e contagiantes, caprichou em divergências formando um só produto final. O resultado dessa junção eu conheço por inovação! Do preto, cinza e branco ao rosa e branco, uma transição do melancólico ao alegre de uma forma excepcional. A banda torna-se única e diferente simultaneamente, cria boas letras e ainda consegue sair dos padrões, encaixa-se nos melhores mesmo sem nenhuma definição concreta. O que há de melhor em ser sempre surpreendido com grandes trabalhos? The 1975 soube responder muito bem isso com o seu segundo álbum de estúdio e, sendo assim, merece ser considerado um dos melhores do ano.
At Night, Alone – Mike Posner (por
Gabriel Bonani)
Eu conheço o Mike desde seus anos
dourados de “Cooler Than Me”, em que suas músicas R&B com pegada synthpop e
sua imagem de “bad boy” conquistaram muita gente mundo afora. Desde lá eu
curtia muito o som dele, principalmente por conta da sua voz tão singular. No
entanto, notei que ele havia sumido da mídia desde 2011, porém só fui saber de
toda a história agora em 2016, com o seu disco de retorno, o At Night, Alone. Por não conseguir
emplacar mais hits como “Cooler Than Me” e “Please Don’t Go”, após compor dois
novos álbuns não aceitos pela gravadora, Mike perdeu o contrato com a RCA
Records. Porém, diferente do que se imagina, isso foi a melhor coisa que
poderia ter acontecido, pois só assim, indo além da superficialidade
hollywoodiana, pudemos ver a verdadeira face de Mike Posner: um cara brutamente
honesto, simples e humilde, diferente do que imaginávamos que ele fosse.
Depois de muito sofrimento e
mixtapes, Mike Posner surgiu das cinzas ao conseguir um contrato com a Island
Records – aleluia irmãos –, dando origem ao seu trabalho mais verdadeiro, o At Night, Alone. Dessa vez, Mike trocou
as batidas eletrônicas por um som acústico e surpreendentemente orgânico, junto
a letras sinceras e impecáveis – aliás, acima de tudo, ele é um excelente
compositor, ou até um poeta, e isso ninguém pode negar. Neste álbum, Mike
reverte a sua situação anterior, alfinetando a indústria musical e a sociedade
do consumo em “I Took A Pill In Ibiza” – que ironicamente fez muito sucesso em
uma versão remixada pelo Seeb. Além disso, Mike retorna às suas origens de seu
estado natal nas emocionantes “Buried In Detroit” e “Be As You Are”. É um
álbum, do começo ao fim, maravilhosamente estruturado. De fato, nota-se que foi
um trabalho feito puramente do coração e, para que isso seja passado de forma
genuína para o ouvinte, Mike aconselha – e eu também – que o disco seja ouvido,
ao menos na primeira vez, quando estiver de noite e sem ninguém, como diz o
próprio título. Definitivamente é difícil não se emocionar com a trajetória de
Mike Posner, que se superou não só como artista, mas como um ser humano neste
novo álbum. Vale a pena conferir!
Tove Lo – Lady Wood (por Jhonatan Oliveira)
Por que considerar o álbum da cantora sueca um dos melhores deste ano? Uma questão fácil. Tove Lo decidiu caprichar muito em explorar o lado feminino em seu segundo álbum de estúdio, até mesmo nas fotos tiradas para o encarte, ou mesmo a da capa, que foi inspirada em um álbum da Madonna. Lindamente escuro, brutalmente honesto, ela apresenta sua enorme capacidade lírica e abusa ainda mais no seu electro pop com os ritmos totalmente envolventes e até contagiantes. Além disso, a cantora trouxe este como um álbum visual, preparado em capítulos e volumes, os quais ganharão curtas-metragens. O primeiro volume (o deste ano) com dois capítulos, o próximo volume previsto para o próximo ano deve apresentar dois outros capítulos. Afinal, o que se pode esperar em todo esse amadurecer e evolução da nossa princesinha do electro pop?
Anti – Rihanna (por Gabriel Bonani)
Ninguém vive só de farofa – ainda
bem – e eu fico muito feliz que Rihanna mostrou seu lado mais musical nesse
álbum, provando para todo mundo o seu talento e o porquê de estar fazendo tanto
sucesso na indústria. Claro que para muitos, o álbum não sustentou as expectativas,
mas isso é porque a grande maioria não preza inovação, o que é bem triste. Na
minha opinião, no entanto, este desdobramento dessa nova era da Rihanna foi
essencial para mostrar que ela é muito mais do que uma diva pop. Ela canta com
a alma e isso é muito forte especialmente neste álbum, em que a cantora viaja
por sentimentos sinceros de raiva e prazer. É, de longe, um dos trabalhos mais impactantes
e notáveis da cantora.
As raízes caribenhas da cantora
se exaltam por completo neste álbum, sem exceções, fazendo de tudo isso uma
arte pura e sensata. Em todas as músicas, Rihanna deixa sua marca despojada e
franca, seja ela dirigida ao seu lado mais sensual, como em “Kiss It Better”,
ou ao seu lado deslumbrante e vulnerável, como em “Love On The Brain” – que na
minha opinião é uma das melhores músicas de 2016. Eu acredito que quando um
álbum é legítimo à identidade e história do artista, não há estigma nenhum que
possa barrar a qualidade do mesmo, e foi isso o que aconteceu com o Anti. É o tipo de álbum que vai fluir em
você como uma onda no mar. É realmente refrescante!
The Lumineers – Cleopatra (por Jhonatan Oliveira)
Quando se fala em aproveitar 100% das faixas de um álbum, The Lumineers sabe muito bem como fazer. Cleopatra é um álbum surpreendente, com vocais maravilhosos, ritmos diferentes um pouco do primeiro álbum da banda, mas nada a decepcionar, é notável toda a evolução. A grande capacidade de fascinar eles dominam, nos faz querer parar e prestar atenção no espetáculo criado. A versão deluxe traz outras três incríveis faixas, tão válidas quanto todas as outras. Instrumentais marcantes e tocantes, de arrepiar, como só o belo folk da banda consegue. Para quem gosta de um tremendo show ao vivo com os mesmos padrões de um álbum, The Lumineers prova que é capaz de fazer o que faz no estúdio muito melhor no ao vivo. Não só pelo álbum, como também a banda merece a consideração de um dos melhores do ano!
Bastille – Wild World (por Jhonatan Oliveira)
Inovador é a palavra para o novo Bastille. Um novo álbum, um novo estilo, uma nova banda. Surpreendente, muito esperado, sem decepções. Esses caras souberam exatamente como impressionar os ouvidos, souberam evoluir e mostrar por que Wild World merece ser considerado um dos melhores álbuns do ano. Obviamente percebemos que a capacidade lírica só melhorou, os clipes ganharam críticas e os ritmos se alteraram, fazendo com que o álbum se tornasse contagiante e muito agradável. Sentir é o melhor proporcionado por estas músicas. A versão estendida ainda ganhou mais cinco músicas, tão boas quanto as de todo o álbum. 19 faixas de puro amor. Apaixone-se pela criação grandiosa de Bastille.
Lemonade – Beyoncé (por
Gabriel Bonani)
Uma Beyoncé é uma Beyoncé, e uma
limonada é uma limonada, não é mesmo? Claramente essa mulher é uma deusa da
música, que nunca decepciona quanto à qualidade e à sua entrega de energia,
seja no estúdio ou no palco, sempre pregando muito empoderamento feminino.
Porém, dessa vez, a cantora foi muito além, por mais impossível que pareça. Não
há na indústria uma cantora que cante e se apresente com tanta força como
Beyoncé, e isso é um fato, porém para o Lemonade,
o grande destaque foi que a cantora uniu diferentes ícones de diferentes
gêneros, mostrando-se mais versátil do que qualquer outro artista. Este álbum
nos pega de surpresa em todo o momento, e isso é maravilhoso, pois ela sempre
trabalha com o inusitado de forma indomável.
Nunca esperei que iria ver
Beyoncé cantando uma música efervescente derivada do rock com Jack White, e ela
detonou. Nunca esperei que iria ver Beyoncé cantando uma música derivada do
Country, como a penetrante “Daddy Lessons”, e ela detonou. Nunca esperei que
iria ver Beyoncé cantando uma música tão fúnebre com o rei do indie
melancólico, James Blake, e mesmo assim, ela detonou. Esta é a razão pela qual
Beyoncé sempre estará entre os melhores álbuns do ano a cada lançamento: ela
sempre detona, não importa quando, onde e como.
Sia – This Is Acting (por Jhonatan Oliveira)
Já pensou em ser ator e cantor ao mesmo tempo? Se sim, tem muito o que aprender com os talentos da cantora australiana. Imagine-se sendo um dos melhores e maiores compositores do mundo, com músicas tocantes e fortes, as quais são procuradas por cantores icônicos como Katy Perry, Beyoncé e Rihanna. É isso que a Sia mostra em seu novo álbum, canções que ela “atuou” para criar, imaginou-se outra pessoa, um personagem e assim compôs. Mas não diferente de suas próprias composições, estas “atuações” provam que a cantora é capaz de ser grande mesmo não falando sobre ela apenas. This Is Acting conta com músicas rejeitadas por grandes cantores ao redor do mundo da música e contém letras fortes e vai dos ritmos melancólicos aos contagiantes. Definitivamente, isso é atuação!
Starboy – The Weeknd (por
Gabriel Bonani)
Mesmo com muita expectativa em torno
dele, The Weeknd conseguiu administrar bem para que conseguisse vestir com muita
autenticidade o seu mais novo alter ego “Starboy”, que é basicamente um cara
famoso que ao mesmo tempo que tem tudo que quiser quando quiser, acaba se
apaixonando no meio do turbilhão de prazeres que ele tem na indústria – sim,
este personagem parece muito com o próprio The Weeknd se formos analisar. Este
álbum ganhou meu coração justamente pela storyline maravilhosa e pela evolução
da mesma quanto à índole do seu personagem. Starboy
conta uma história de amor e sofrimento sob os holofotes de Hollywood. O
álbum roda em torno de um enredo maravilhoso de romance que sobrevive às normas
superficiais do mundo da fama. E ainda, The Weeknd não dispensa seu talento
maravilhoso, tanto como cantor, como compositor, sempre espelhando muita realidade
em suas letras, seja ela obscena ou dolorosa. Após este álbum, não teria
problema algum se The Weeknd herdasse o trono vazio que Michael Jackson deixou
tragicamente em 2009, pois ele com certeza faria jus ao nosso eterno rei do
pop.
Lukas Graham – Lukas Graham (por Gabriel Bonani)
Por mais que tenha sido lançado na
Dinamarca em 2015, este disco dessa banda tão reveladora só veio ser lançado
internacionalmente em 2016, portanto acho justo ele entrar nessa lista. No meio
de várias bandas radiofônicas que estão decaindo, como o Maroon 5, Lukas Graham
está aqui para nos dar uma esperança e uma luz no fim do túnel. A banda bombou
neste ano por conta do single “7 Years”, que é muito bom, mas o álbum é uma
extensão dele e é tão bom quanto.
O que mais admiro na banda é o
soul tão marcante em cada música, que entra em harmonia com a letras tão
profundas e verdadeiras. É um ótimo álbum para conhecer um pouco da trajetória
da banda, principalmente do vocalista, até chegar aqui nos ouvidos de todo
mundo – e já vou lhe adiantar que não foi fácil pra ele. Vale muito a pena
conferir essa obra de arte, porque eu vejo ainda muito desses caras pintando
por aí – principalmente no Grammy 2017, ops, veremos.
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