Seja pelo sucesso estrondoso de “Radioactive” ou “Demons”, Imagine Dragons se consagrou no mercado como um grande nome do rock alternativo nos últimos anos. Agora, para o terceiro álbum de estúdio, a banda está de volta com um estilo bem diferente, trazendo ao seu som de sempre um pop eletrônico, que exala positividade do começo ao fim.
O som do Imagine Dragons é, acima de tudo, baseado em evolução. Nos primeiros EPs, Imagine Dragons trouxe um indie rock extremamente atrativo, até que o mesmo evoluiu no rock alternativo do primeiro álbum, Night Visions. O som da banda trouxe o gênero novamente para o mercado popular, incorporando uma energia completamente inovadora para as paradas da época. Imagine Dragons reviveu o rock alternativo numa época em que ele estava bem escasso e agora, com este marco, a banda abriu portas para novos artistas do estilo musical experimentarem um pouco da vida mainstream, como X Ambassadors e, mais recentemente, Rag N’ Bone Man.
Apesar do Night Visions ter sido de fato o grande divisor de águas pro grupo,
o Imagine Dragons não poderia ficar parado, afinal a comprovação e consolidação
de sua marca no mercado é necessária constantemente. Os caras lançaram, então,
o Smoke + Mirrors, álbum ainda na
linha de rock alternativo, porém com umas experimentações mais peculiares e
conteúdo bem mais pessoal, que remete aos tempos obscuros de transtornos
mentais pelos quais alguns membros da banda passaram. É completamente diferente
do Night Visions. Enquanto no
primeiro disco, eles estavam querendo mostrar todo o show que podiam fazer para
ganhar espaço na mídia, no segundo eles mostram a profundidade do trabalho
deles, contando suas histórias e sentimentos mais profundos para o público.
E, felizmente, tudo é uma grande
evolução para Imagine Dragons, como eu havia afirmado anteriormente. A banda
acaba de lançar o tão transformador Evolve,
terceiro disco de estúdio. Depois de terem conseguido a fama que mereciam e
terem cavado fundo nos seus pensamentos mais sombrios, o quarteto americano
esbanja neste novo material nada mais, nada menos que uma maravilhosa e
inspiradora história de recuperação em forma de música, que recebe um brilho
mais pop do que nos últimos trabalhos. Através de um ritmo dançante e
impactante, o Evolve apresenta letras
sobre vida, amor, persistência e positividade por meio de melodias bem
chicletes. Cada batida faz do álbum uma gloriosa comemoração aos momentos de
sofrimento, luta, amor e felicidade. É uma celebração da vida.
Muitos podem até estranhar que a
banda não está em suas raízes do Night
Visions, mas é notável que isso não aconteceu de repente. O Imagine Dragons
está em um constante progresso de experimentação sonora. O Coldplay, por
exemplo, saiu do rock alternativo há tempos para ingressar um pouco mais no pop
e mesmo assim, os caras arrebentam. Acredito que o Imagine Dragons deve seguir
a mesma linha na sua carreira. Desta vez, eles brincam um pouco com o EDM e hip
hop, sempre somando e trazendo inovação ao rock alternativo de sempre. Não há a
mesma pureza que o primeiro álbum, mas Evolve
definitivamente dá um show de versatilidade e diversidade em comparação com
os dois últimos discos.
A experimentação com o EDM já
começa com a primeira faixa, “I Don’t Know Why”. A música de abertura apresenta
um som com batidas e melodias bem The Weeknd, algo que nunca esperíamos de
Imagine Dragons. “I Don’t Know Why” é uma das mais legais do álbum, deixando
bem claro que, mesmo experimentando um gênero diferente, conseguem deixar a
marca da voz de Dan Reynolds raspando, com bons riffs. Ela consegue unir tensão
e um clima dançante ao mesmo tempo, sem perder a coerência musical em momento
algum. Daí pra frente, a banda só detona, música atrás de música. “Whatever It
Takes” é inspirada por um trip hop totalmente novo para o grupo e possui uma
produção gigantesca. Essa música foi feita para ser apresentada ao vivo em
grandes arenas e arrepiar todos que estejam lá. E, para esquentar ainda mais
este começo, temos o carro chefe, “Believer”, logo em seguida. A música possui
aquela mesma intensidade empoderadora de “Radioactive”. Aquele “PAIN!”, cantado
pelo Dan Reynolds, funciona como um bom Nescau numa manhã de Segunda, enquanto
a bateria de Dan Platzman faz com que a música não perca sua força em nenhum
momento. Sem dúvidas, a melhor do álbum e uma das melhores da carreira da
banda.
Por mais que Evolve possua este lado mais voraz nas primeiras faixas, ele também
tem uma pegada romântica em outras. “I’ll Make It Up To You” segue essa linha
mais calma, porém em campos mais lentos, a banda parece ainda se sair melhor na
sua época de Night Visions. As
batidas nessa faixa soam meio confusas com o resto da composição. Deveria ser
algo mais orgânico. Mas se você é um romântico de plantão, não se preocupe.
“Walking On The Wire” dá conta de sua promessa amorosa. A música possui um
crescente de camadas inspirador e pulsante que contagia por completo. Tudo
nessa música é muito verdadeiro, harmonioso e intenso. E como se não fosse
suficiente, a guitarra efervesce de forma épica ao terminar a faixa,
finalizando tudo com chave de ouro.
Além do hit “Believer”, há
momentos em que a banda brilha por completo. “Rise Up” deve agradar os fãs mais
antigos da banda, trazendo um Imagine Dragons de raíz, pelo qual todo mundo se
apaixonou no começo. A música parece ter a sonoridade do Night Visions, porém com a dimensão lírica do Smoke + Mirrors. “Rise Up” é um mix de emoções, que pula de uma fragilidade
absurda para uma ousadia estrondosa no refrão. Ela é definitivamente um dos
pontos mais fortes do álbum, pela energia que ela passa e pelas melodias
extremamente impactantes. “Yesterday” relembra águas passadas através de um
ritmo alegre, um solo de guitarra inesquecível e uma letra bem sincera e
inspiradora, sendo ela mais um dos elementos para que Evolve supere as expectativas. A música lembra um pouco o EP Speak To Me, mas ainda assim é bem
diferente de qualquer coisa que a banda fez, e disso saiu uma mistura
extremamente bonita e grandiosa.
E, é claro que não poderíamos
deixar de notar as diversas influências do Evolve,
e podemos sentir bem isso em “Mouth Of The River”, a faixa mais repleta de
multiplicidade do álbum. Em alguns momentos do refrão, a banda soa bastante
como o Smoke + Mirrors ou até o A Head Full Of Dreams, do Coldplay. Os
versos pré refrão trazem bastante a vibe do Red Hot Chilli Peppers também. Você
deve estar achando que ela é genérica, mas “Mouth Of The River” foi construída
com inspiração de outros materiais, porém ainda assim com uma pitada original
de Imagine Dragons. Em “Start Over”, o grupo esbanja o pop em sua maior
qualidade, com influências de Major Lazer, naquela pegada tropical de sempre.
Claro que não é uma das mais fortes do álbum, mas ainda é uma faixa bem
enérgica e dançante.
Para o fim do álbum, infelizmente
há um pouco de decepção. É bem difícil engolir a voz aguda de “Thunder” ou a
energia pra baixo de “Dancing In The Dark”. A banda tem o costume de terminar o
álbum de forma triunfal, sempre fechando com chave de ouro, porém isso não
acontece no Evolve. Infelizmente,
“Dancing In The Dark” possui uma experimentação bem exótica que está
completamente avulsa em relação às outras faixas, encerrando o material de
maneira um pouco fraca e incoerente. Mas está tudo bem, porque os três
primeiros quartos do álbum já nos animaram e impressionaram o suficiente.
Sobretudo, é possível perceber
que Night Visions veio pra impressionar, trazendo o rock para
essa nova era. Smoke + Mirrors serviu como um diário secreto
de Dan Reynolds para mexer bastante com os sentimentos dos fãs. Evolve continua
o ciclo agora, mostrando a evolução da banda de um ambiente completamente dark
para uma esfera luminosa e atualizada em um lugar bem mais alegre e
descontraído, para mostrar o quanto eles cresceram e amadureceram pessoalmente
e musicalmente. Há algumas derrapadas com as experimentações, porém quem nunca
né? A minha dica é ouvir o Evolve com a mente aberta. Algo
muito importante para apontar aqui é que independente do som, Imagine Dragons
sempre entrega qualidade, e neste disco não foi diferente. Dê uma chance e
deixe a evolução rolar naturalmente!
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