Royal Blood acaba de lançar seu novo disco, com um rock and roll competente e tradicional, sem perder a originalidade e a forte identidade do duo. Veja mais no nosso review de “How Did We Get So Dark?”.
Surgindo do nada, o duo Royal
Blood surpreendeu a todos com seu primeiro álbum de estúdio em 2014, que trazia
um rock and roll fortemente influenciado por Black Sabbath, Led Zeppelin e
outras bandas clássicas. Com isso, o hype para o sucessor desse ótimo debut foi
às alturas, mas como todos nós sabemos, criar
grandes expectativas sobre a maioria das coisas não é algo muito saudável de se fazer,
especialmente quando o assunto é música. Don’t believe the hype, kids!
O disco começa com a faixa-título
“How Did We Get So Dark?”, que parece uma combinação bizarramente boa de Queens
Of The Stone Age e Soundgarden, tanto em sonoridade quanto em letra e me
surpreende muito pelo som bem cheio, com uma mixagem extremamente bem feita e ótimos
backing vocals. Já sobre a faixa seguinte “Lights Out”, primeiro single do
álbum, os destaques são quase os mesmos, com a adição de que os vocais de Mike
Kerr são tão fenomenais que tornam a faixa incrivelmente viciante, a ponto de
você cantar o último refrão junto com ele já na primeira ouvida, o que é
definitivamente uma ótima característica para um lead single.
Sem fazer qualquer cerimônia o terceiro single “I Only Lie
When I Love You” vem logo em seguida, batendo na sua orelha como um tapa, sem
deixar o ritmo do disco cair, mas em compensação sendo bem mais esquecível que
as anteriores e encerrando de forma muito precoce, deixando uma faixa de letra extremamente boa com uma duração demasiadamente curta. Erros e acertos, né amigos?
Diferentemente da última faixa, “Don’t Tell” aposta em uma atmosfera obscura, um andamento mais cadenciado e uma letra muito bem construída, novamente lembrando a sonoridade do álbum anterior, mas de uma forma menos aparente. O segundo single “Hook, Line & Sinker” vem logo na sequência, quebrando o climão da faixa anterior e trazendo novamente as características principais das primeiras duas faixas, a pegada enérgica e levemente comercial acompanhada de uma ótima letra e um refrão viciante.
Finalmente, aqui vamos nós para a maior obra de arte desse disco na minha opinião, "Hole In Your Heart", uma canção muito bem construída, baseada num insistente riff de teclado feito por Mike e numa letra incrivelmente criativa, além de contar com uma ótima performance de Ben Thatcher na bateria, se firmando logo de cara como minha faixa favorita do álbum. Como tudo que é bom dura pouco, encerramos o álbum com "Sleep", faixa bem morna, de atmosfera obscura e com uma letra criativa porém simples. Destaque para o baixo, que soa extremamente encorpado e preenche a faixa melhor do que em todas as outras do álbum, deixando-a com um som bastante denso e pesado.
Depois dessas dez faixas fica a pergunta, o hype valeu à pena? Eu diria que em partes. O álbum atende as expectativas de um fã tradicional de rock, mas não atende muito bem as de um fã do Royal Blood, e digo isso sendo o mais imparcial possível. "How Did We Get So Dark?" é uma sequência bastante consistente do primeiro álbum, mas ao mesmo tempo não ousa em inovar e busca algo muito mais seguro e comercial que seu antecessor, trazendo faixas muitas vezes semelhantes demais umas às outras. Apesar de ter gostado muito do trabalho, tenho um certo receio de que mais um ótimo novo artista sacrifique sua sonoridade em prol do mercado, algo que infelizmente acontece com certa frequência. No mais, o Royal Blood continua fazendo um ótimo trabalho e se por acaso continuarem tão criativos e consistentes assim, cravarão de vez seu nome na história do rock.
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