O mundo inteiro conhece o grunge como o movimento do qual se originaram várias bandas, mas você sabe o que aconteceu antes de o “Norvana” aparecer para unir todas as tribos? Conheça um pouco da história do movimento que marcou uma geração inteira e mudou de maneira irreversível a forma como conhecíamos o rock.
A sonoridade da cena musical de
Seattle foi desenvolvida sem a menor pretensão de sucesso ou até mesmo de
qualidade, por bandas que muitas vezes tinham membros que mal dominavam seus
instrumentos. Basicamente, isso passava a mensagem de que qualquer um poderia
ter uma banda, algo que seria levado a sério por muita gente e consequentemente
deu início a tudo que hoje conhecemos como grunge.
O grunge foi um movimento de
duração tão pequena que se fosse criada uma linha do tempo bruta, se dividiria
em três partes: Início, Nirvana, feijoada- digo, fim. Felizmente, a história é
muito mais complexa do que se pensa e antes mesmo de o Nirvana existir, já
tinha gente fazendo aquilo que os deixou famosos. Quem são essas pessoas? Vem
comigo e eu te conto no caminho.
Em meados da década de oitenta,
uma explosão criativa tomou conta da cidade e assim a cena musical da região
tomou forma, com grupos altamente influenciados simultaneamente pelo hardcore
punk e pelo metal em seus mais variados subgêneros. Em 1986, a gravadora Sub
Pop lançou uma coletânea que contava com seis das bandas principais do gênero,
assim denominada Deep Six. O disco
contava com Soundgarden, Malfunkshun, The U-Men, Skin Yard, The Melvins e Green
River, esta última sendo hoje creditada como a criadora do grunge.
Cerca de um ano depois, a
dissolução do Malfunkshun e do Green River deu origem a mais duas bandas, com
Mark Arm criando o Mudhoney e Andrew Wood, Stone Gossard e Jeff Ament criando o
Mother Love Bone, que em seus menos de três anos de vida, faria história como
uma das bandas mais importantes do movimento, muito por conta do estilo icônico
do frontman Andrew Wood e suas letras magníficas, que diziam tudo que o público
queria ouvir, ao contrário da maioria das bandas. O grupo lançou o EP Shine em 1989, e o disco atraiu grande
atenção da cena para eles.
Paralelo a isso, ainda na segunda
metade da década de oitenta, bandas como Alice in Chains, Nirvana e TAD davam seus
primeiros passos e outras já mais velhas como Screaming Trees e o já citado
Soundgarden, moldavam sua sonoridade para chegar no som que os consolidaria no
futuro. O final da década foi lotado de ótimos lançamentos como Bleach do Nirvana, Louder Than Love do Soundgarden, Buzz Factory do Screaming Trees, o
autointitulado do Mudhoney e God’s Balls
do TAD.
O Mother Love Bone teve um fim
precoce em 1990, quando Andrew Wood morreu de overdose, o que acarretou na
criação do projeto Temple of the Dog, um tributo a ele, idealizado por Jeff,
Stone e seu antigo colega de quarto Chris Cornell, com a ajuda de Mike
McCready, Matt Cameron e Eddie Vedder. O único álbum do projeto seria lançado
no início de 1991. Dali ainda sairia o Mookie Blaylock, que mais tarde se
tornaria o glorioso Pearl Jam, que contaria com Eddie, Stone, Jeff e Mike, além
do baterista Dave Krusen, com quem eles gravariam seu primeiro álbum.
A década de noventa foi gloriosa
como todos já sabem e iniciou-se com Inside
Yours do Gruntruck, Apple do Mother
Love Bone e Facelift do Alice in
Chains, que deram apenas um gosto do que iríamos experimentar no ano seguinte,
com Nevermind do Nirvana, Ten do Pearl Jam, Badmotorfinger do Soundgarden e Uncle
Anesthesia do Screaming Trees, entre outros lançamentos importantes.
Nirvana e Pearl Jam encontrariam o sucesso de público e crítica com esses
álbuns, levando-os a tocarem em festivais cada vez maiores e consequentemente
atraindo atenção mundial para a cena musical de Seattle.
Já na metade da década, o
movimento perdeu força rapidamente e se extinguiria por completo nos anos que
se seguiram. O declínio foi marcado pelo suicídio de Kurt Cobain em 1994 e a
forma como as bandas do próprio movimento se distanciaram da sonoridade
original, além é claro de que nesse meio tempo muitas bandas foram criadas
apenas com o intuito de lucrar em cima do gênero em ascensão. Entre 1995 e 1996,
os lançamentos do álbum autointitulado do Alice In Chains, Above do Mad Season, Dust
do Screaming Trees e Down On the Upside
do Soundgarden, foram os últimos discos do movimento a verem a luz do dia.
Numa cena predominantemente
masculina, ainda haviam bandas femininas como Hole, L7, The Gits, 7 Year Bitch,
Babes In Toyland. Courtney Love, Mia Zapata e Donita Sparks foram algumas das
figuras que ficaram marcadas na história da cena local, mas ao contrário de
Courtney e Donita, que ficaram famosas pelas controvérsias, Mia é lembrada por
ter tido uma morte trágica em 1993 e ter causado grande comoção na cena local,
com o 7 Year Bitch inclusive lançando um álbum intitulado ¡Viva Zapata! em 1994.
O som criado em Seattle também
foi popular além das fronteiras da cidade e foi gradativamente se espalhando
pelo mundo, com bandas que seguiam o gênero na Austrália, no Reino Unido, e
pasmem vocês, até mesmo aqui no Brasil. Artistas que eram de vertentes que
foram ofuscadas pelo grunge, acabaram indo de encontro ao som que os tirou de
cena. Alguns foram criticados, outros aclamados, mas de forma geral, a resposta
do público foi negativa.
Uma tentativa de continuação da
sonoridade foi o gênero conhecido como post grunge, que foi explorado por
bandas como Creed, Matchbox Twenty, Nickelback entre outras. Muitos consideram
o gênero extremamente ofensivo ao legado do movimento e inclusive abominam o
uso do termo. Fato é que certas bandas foram muito influenciadas pela
sonoridade e às vezes nem gostam de ser rotuladas assim, mas acabam sem direito
de resposta ao que a mídia impõe.
Hoje é sabido que o termo grunge
é constantemente usado de forma errônea, isso por que muitas bandas do
movimento tinham sonoridades bem distintas, como por exemplo o Nirvana, que era
muito mais inclinado ao punk rock, enquanto o Soundgarden explorava um lado
mais pesado e puxado para o heavy metal. Isso já foi frisado diversas vezes
pelos integrantes das bandas, como Jerry Cantrell e Sean Kinney, ambos do Alice
in Chains, Kim Thayil do Soundgarden e Mike McCready do Pearl Jam.
Ainda há muita história a ser
contada e não caberia nem em dez posts como esse, mas se você for curioso como
eu e quiser saber mais, confira os documentários 1991:
The Year Punk Broke (1992), Hype!
(1996) e Pearl Jam Twenty (2011), o
sétimo episódio da série Sonic Highways
(2014), além do filme Singles (1992),
que capturou muito bem a atmosfera da época e conta com a participação de
várias bandas do movimento e os livros Everybody
Loves Our Town e Grunge Is Dead,
que contam histórias que ninguém imaginaria que aconteceram.
Como não poderia faltar, fizemos
uma playlist com as maiores bandas da época para você curtir vestindo sua
camiseta de flanela favorita e seu jeans rasgado.
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