Não tem como relembrar a carreira de
Mariah Carey e deixar de lado o seu álbum Butterfly,
que completou 20 anos agora em 2017. Este lançamento marcou a reinvenção e
libertação de Mariah como artista, tornando-a uma das cantoras mais bem
sucedidas da Indústria Pop na década de 90. Portanto, nada mais justo do que
homenagear este disco neste ano tão especial.
“Quando você ama alguém tão intensamente
E eles se tornam sua vida
É fácil sucumbir aos medos oprimidos
Cegamente imaginei que poderia lhe manter
preso
Agora compreendo que para te ter
Devo abrir minhas mãos e te ver subir”
Em 1996, Mariah Carey era o maior
fenômeno da música dos anos 90. Com apenas 7 anos de carreira, a cantora havia
emplacado – até então – 11 singles no topo das paradas americanas. Daydream era o seu auge, recebendo seis
indicações ao Grammy. E é nesse ponto que algumas coisas começaram a desandar.
Performando seu single recordista "One Sweet Day", naquela noite, Mariah sairia de mãos vazias da premiação.
Butterfly serviu
como um grande dedo do meio para a crítica, então. A liberdade veio em todos os
sentidos – seu divórcio com Tommy Mottola havia sido efetivado, e ela não se
prendia mais à sonoridade da fórmula do sucesso.
Pelo contrário – o primeiro single, "Honey",
foi um verdadeiro choque para os fãs da “cantora romântica”. Uma música que
fala, literalmente, do “mel”, no sentido mais adulto da palavra. Mixando
elementos da funky music popularizada
por Prince nos anos 80 com um hip-hop underground
de Puff, Mariah adentra numa área mais crua, mas ainda assim muito refinada.
“Eu aprendi que a beleza deve florescer na luz
Cavalos selvagens correm
desenfreados
Ou seus espíritos morrem.
Você me deu a coragem para ser
tudo que eu posso ser
E eu fielmente sinto que seu
coração irá te guiar novamente para mim
Quando você estiver pronto para
pousar”
O conceito de Butterfly era, a princípio, um álbum dance. Desta intenção, restou apenas "Fly Away (Butterfly Reprise)",
que serve de encore no seu magnum opus.
Se dois anos atrás ela havia flertado com o hip-hop e o urban no remix de "Fantasy", neste álbum ela mergulhou de
cabeça no conceito; ousando em um freestyle
melódico em "The Roof" ou na melancólica, mas ainda dançante "Breakdown",
parceria com o duo Bo-Thugs ‘N Harmony.
Aliás, um tom melancólico percorre o
álbum inteiro. "Close My Eyes" fala rapidamente de suicídio, enquanto "Outside"
explana a sensação de “nunca fazer parte de algo”. "The Beautiful Ones", cover
de uma das suas maiores inspirações, Prince, se encaixa no álbum de forma
extremamente coesa com o conteúdo restante. Neste álbum, os vocais não perdem
seu brilho – indo além do que já conhecíamos – mas também inserindo letras
poéticas.
“Não posso fingir que estas
lágrimas
Não estão transbordando constantemente
Não posso evitar que essa dor
quase tome conta de mim
Mas eu resistirei e direi adeus
Para que você nunca seja meu
Até que saiba o sentimento que é
voar”
Fica evidente, ao longo do álbum, que
o grito de liberdade dado por ela era o desejo que Mariah gostaria de ter
ouvido quando quis “voar”. A transição era dolorosa, mas necessária.
Tão essencial, que se tornou seu
grande marco na indústria. Obtendo mais dois singles #1 ("Honey", "My All"), o
disco foi um sucesso de crítica, tornando-se seu único álbum a entrar na lista
dos 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer.
“Abra suas asas e prepare-se para voar
Para que se torne uma borboleta
Voe abandonadamente para o sol
E se você voltar para mim
Então fomos feitos um para o
outro”
A infusão do pop com diversos
elementos parece não ter cessado em inspirações até hoje. Na época que os
maiores sucessos são o cruzamento dos universos musicais, é seguro dizer que
Mariah iniciou isso mais de 20 anos atrás – com sucesso. Fica, então, a homenagem
do Keeping Track aos 20 anos do álbum que revolucionou não só a vida de Mariah
Carey, como também a música.
PS.: Muitos conhecem "My All", mas nem todos conhecem o remix
incrível dessa música, "My All / Stay
Awhile". Se você não conhece, se faça um favor. Se conhece, ouve de novo.
Créditos: Rodrigo Izetti
Mariah é realmente uma cantora surpreendente. Eu vou começar a escutar mais dos seus trabalhos antigos.
ResponderExcluirAdorei a matéria. Parabéns!
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