Depois de ter sido nomeada ao
último Grammy, parece que Demi Lovato ganhou ainda mais energia para lançar o
novo álbum, Tell Me You Love Me. O
disco é a prova viva de que a cantora está na melhor fase de sua carreira.
Desde que Demi Lovato decidiu
mergulhar no pop, com o Unbroken em
2011, ela nunca falhou em entregar faixas bem divertidas, porém em todas elas, parecia
que faltava alguma coisa. Sua potência vocal sempre esteve impecável, mas às
vezes a produção do álbum não colaborava, ou até seu próprio controle vocal,
isso quando algumas melodias chicletes e genérica, que não tinham nada a ver
com Demi, entravam para seu repertório, como foi com “Really Don’t Care”, por
exemplo. No fundo, eu acredito que ela sempre soube qual era sua verdadeira
vibe, que está entre o blues, o soul e o pop rock, mas ela parecia ter medo de
arriscar ou talvez não sabia executar tais vertentes direito. Em, Tell Me You Love Me, no entanto, para a
nossa alegria, Demi Lovato mostra a mais pura evolução de si em forma de
musicalidade.
Neste novo trabalho, Demi
conseguiu achar um som mais autêntico e definitivamente mais consistente do que
seus últimos discos da era pop. Não me arrisco a falar que ele superou os seus
primeiros álbuns, Don’t Forget e Here We Go Again, porque realmente
aqueles eram os anos dourados. Mas agora, parece que a cantora uniu o melhor de
cada era para vir mais forte do que nunca. A preocupação com o som comercial
que teve no seu disco autointitulado, lançado em 2014, não existe mais em Tell Me You Love Me. Parece que dessa
vez, ela optou por ser mais sincera consigo mesma, unindo a performance vocal
do Unbroken, as melodias contagiantes
do Confident e o maravilhoso e
inesquecível soul do Here We Go Again.
O resultado disso foi maravilhoso, e é perceptível que pela primeira vez desde
2011, Demi Lovato não está forçando a barra, trocando o exagero por uma fluidez
deliciosa que viaja entre o soul, R&B, pop, blues e até um pouco do funk
americano.
O álbum começa de um jeito
ardente, com o carro chefe irreverente, “Sorry Not Sorry”, seguida da feroz
“Tell Me You Love Me”, que tem seus instrumentos de sopro exalando ousadia
junto aos vocais surreais de Demi, que se destacam surpreendentemente neste
momento. Mesmo em um ritmo animado, nós vemos que a voz da cantora está bem
mais conceituada em técnicas vocais e, consequentemente, muito controlada, algo
que infelizmente não aconteceu nos seus últimos álbuns.
Todo esse ar poderoso de sua voz
obtém um certo destaque também na divertida disco funk “Sexy Dirty Love”, que
parece muito com algo que Bruno Mars faria. “Daddy Issues” possui essa mesma
vibe, só que ela é executada de um jeito bem mais iluminado e deslumbrante, em
que Demi Lovato exala glamour e sensualidade através de um pop à la Carly Rae
Jepsen. Eu não vou negar que essas duas últimas talvez possam parecer um pouco
genéricas em comparação às outras, mas mesmo assim o nível delas é muito
superior à muitas outras faixas de sua discografia.
Sem dúvidas, Demi Lovato é uma
das cantoras que mais conseguem emocionar musicalmente de sua geração, então
com certeza os momentosmais vulneráveis da cantora realmente nunca falham e são
definitivamente especiais, assim como foi com “Fix A Heart” no Unbroken, “Shouldn’t Come Back” no Demi e “Stone Cold” no Confident. A música que fica com esse
cargo no Tell Me You Love Me é “You
Don’t Do It For Me Anymore”, uma balada que possui uma emoção completamente
intensa. A sua voz parece penetrar no coração de quem ouve, e é nesse momento
que ela deixa bem claro ser uma das melhores vocalistas da nossa geração.
Se você já está impressionado com
a primeira metade do álbum, você mal sabe que o melhor está por vir nessa
segunda parte, com um experimentalismo maravilhoso entre R&B, Soul e Blues.
A reveladora “Ruin The Friendship” traz ao disco um tom refrescante, suave e
delicado. Através de um saxofone delirante e vocais bem doces, a faixa conta
sobre um amor platônico que Demi Lovato possui por algum amigo bem próximo, e
muitos já estão apostando em Nick Jonas, por referências à guitarras, cigarros
e alguns jogos de palavras que ela faz ao longo da música, e realmente não vou
negar que tudo se encaixa muito bem para o cantor, aliás já estou shippando!
Todo o clima amoroso de “Ruin The
Friendship” se azeda na assombrosa “Only Forever”, escrita para a mesma pessoa
que a anterior. E é aí que sentimos a monotonia enquanto a voz de Demi ecoa
repetidamente ao longo do refrão, de forma congelante. Junto ao piano
distorcido, a cantora quebra nossos corações com a dor que transmite através de
sua voz. É muito forte. “Lonely” também possui uma pegada mais melancólica e
amarga, envolvida em uma camada de R&B bem The Weeknd. Assim como a
anterior, a voz de Demi está desoladora, raspando ao longo da música e se
transformando em uma fera de puro rancor ao cantar “Now I’m fucking lonely”. É
um passo muito adiante de suas composições apresentadas nos últimos álbuns.
Em seguida, “Cry Baby” pega as
cinzas das últimas faixas e incendeia o ambiente com um soul incrivelmente
ardente. Acompanhada de um instrumental surreal, incluindo um riff de guitar incrível
e um piano que acompanha muito bem a música, “Cry Baby” é sem dúvidas uma das
melhores do Tell Me You Love Me. É
tudo muito intenso nessa música, e podemos de longe sentir a emoção da cantora em
uma explosão soul avassaladora que faz com que a faixa pareça muito uma versão
returbinada das músicas do Here We Go
Again. E seguindo, temos “Games”, que traz consigo um lado harmônico inigualável,
mas com uma melodia pop que vai agradar bastante os fãs da era Confident.
Por fim, o álbum acaba de um
jeito acústico e romântico com “Concentrate”, a faixa mais sexy do álbum, mas
sem ser vulgar, pois ela traz consigo toda uma classe específica que lembra
muito bem o que Lady Gaga fez com “You and I”. E de forma inusitada, temos uma
transição super coesa para a última faixa do disco, “Hitchhiker”, que termina o
álbum com uma explosão de blues acústico completamente doce e romântico. É um
estilo bem diferente de tudo que Demi já experimentou antes e caiu muito bem
com seu tom vocal.
No geral, não há dúvidas de que o
experimentalismo com o Soul e R&B deu muito certo. Demi sempre teve medo de
se entregar por completo a novos estilos, mas agora que o fez, ela está mais poderosa
do que nunca, afinal seu som nunca foi tão maduro, talvez somente no Here We Go Again. Tell Me You Love Me marca a espontaneidade de Demi Lovato vindo de
volta ao jogo para mostrar suas garras de origem, que agora estão ainda mais
fortes. A musicalidade de Demi Lovato finalmente flui naturalmente do começo ao
fim, o que pode sem dúvidas ainda garantir mais uma nomeação ao tão sonhado
Grammy de 2018. Cada faixa tem seu destaque e com certeza este é o lançamento
mais icônico de Demi Lovato até agora. Tenho certeza que, como o próprio nome
do álbum diz, será difícil não dizer que a ama depois desse lançamento!
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