O novo disco da P!nk é a maior prova de que a cantora nunca decepciona. Mesmo já estando no seu sétimo lançamento, ela soube direcionar este novo LP de forma consistente, mantendo a sua simples honestidade de sempre e a sua natural forma de entreter.
Nós já estávamos com muita
saudade da nossa P!nk e sua personalidade artística inigualável. A última vez
que a cantora realmente estava por toda a parte foi por volta de 2012 e 2013,
na época de divulgação do seu último disco, The
Truth About Love, que nos rendeu vários hits, aliás, como “Try” e “Just
Give Me A Reason”. E, depois de um bom tempo longe dos holofotes, ela está de
volta com uma material impecável que faz com que toda a espera tenha valido a
pena: o recém lançado, Beautiful Trauma.
A frase “Tired to be compared to
damn Britney Spears/She’s so pretty, that just ain’t me” de seu hit “Don’t Let
Me Get Me” não poderia descrever melhor o diferencial de P!nk na indústria pop.
Enquanto muitas divas pop estão se esforçando ao máximo para produzir um novo
exagero idealizado a cada nova era, P!nk vai de forma autêntica e ousada contra
a maré, com seus grandes hinos, que caem mais como um papo direto e reto que
não tem nada a esconder de ninguém. E é exatamente disso que o novo disco, Beautiful Trauma, se trata: da bagunça
maravilhosa que a vida faz e como a mesma se ajusta com uma boa dose de
aceitação e determinação. Através de vocais avassaladores e melodias
incrivelmente marcantes, P!nk mostra neste novo disco que ela domina a
Indústria Pop de um jeito muito simples, e é por isso que ela devia ser mais
valorizada.
O disco começa positivamente com “Beautiful Trauma”, a faixa que dá
título ao álbum. Com um piano dramático e uma performance vocal deslumbrante, o
material possui um início bem delicado, porém o mais bonito de tudo é ver como
ela vai de um clima vulneravelmente congelante e parte para um polo
completamente paradoxo ao primeiro, com batidas animadas e dançantes que vão te
dar a energia que você precisa para começar o dia por exemplo. Executada de
forma leve, essa faixa é a introdução perfeita para a proposta do disco.
Depois de lavarmos a alma com a
abertura, “Revenge” traz um lado
mais atrevido de P!nk, que fala de vingança, mas com melodias bem chicletes e
nada pesadas. Parece que este lado mais picante da cantora já é tão natural da
cantora que ele flui naturalmente na música, ficando somente um pouco ácido com
os versos de rap de Eminem. Foi uma esperta escolha para ser o novo single. Não
é a melhor do disco, mas ela possui uma vibe muito boa para impactar as rádios.
E para os fãs da música, provavelmente “Secrets”
é uma outra faixa do álbum que irá ser adorada por eles. Ela é uma boa
farofa animada, que mistura uma produção – um pouco estranha – bem parecida com
as de Gaga e Katy Perry. É a mais dançante e genérica do disco, então acredito
que está um pouco fora de contexto, mas no final das contas, estaremos todos
dançando ao som desse hino nas baladas, eu aposto.
“Whatever You Want” é aquele primeiro respiro antes de pular de um
longo e dramático precipício que o álbum aborda durante a sua maioria,
representado aqui por um término de namoro. Fluindo de um jeito refrescante, P!nk
percebe que o seu relacionamento não está como antes, o que carretará uma série
de dúvidas e angústias para as próximas músicas. Por exemplo, a melancolia já
começa com “What About Us”, o carro
chefe, em que ela deixa seu coração na música, colocando boas analogias e
reflexões sobre os costumes e sentimentos comuns do nosso cotidiano. Por ser tão
verdadeiro e relacionável, adicionando aos lindos vocais da cantora, essa
música tem tudo para deixar muita gente com lágrimas nos olhos e um aperto no
coração. Mas você não viu nada! A parte mais desoladora do álbum está por vir
na seguinte “But We Lost It”, que,
acompanhada somente de um piano, P!nk reflete sobre amores perdidos e corações
partidos de uma forma extremamente poética e comovente. A emoção transmitida
por essa música é única no disco.
O clima fica extremamente pesado
com essa última. E “Barbies” parece
acontecer já em um cenário pós furacão, em que a destruição já está toda feita.
Nessa música, a cantora continua se posicionando de forma intimista, mas dessa
vez temos uma pegada lúdica, estabelecida pelos violinos que dão movimento ao
som. P!nk parece somente se reerguer, porém, com a faixa EDM “Where We Go”, que, pela primeira vez,
ilumina o álbum com uma pegada pulsante e tropical. Ela realmente dá vida a um
novo lado de esperança ao Beautiful
Trauma. Claro que a experimentação com o EDM não é a melhor coisa de sua
carreira, mas para os fãs de longa data da cantora, e que enaltecem o seu pop
rock, temos “For Now”. A faixa possui
a guitarra mais significativa do álbum. O som do instrumento fez dessa faixa
uma das melhores do disco, principalmente porque ela soa como uma prima rebelde
de “Fuckin’ Perfect”, e vamos combinar que a gente já ama esse hit.
Encaminhando para o final, “Better Life” traz novamente um piano
amistoso, acompanhado de estalos despojados que dão espaço para P!nk mostrar o
seu delicioso soul que tanto amamos. Tudo segue para uma linha completamente
impactante na empoderadora “I Am Here”,
trazendo um coral de apoio e vocais sensacionais da cantora. É como se todos
estivessem em volta de uma fogueira andando e dançando em círculos comemorando
a vida, por mais contraditória que ela possa ser. Ela é a música para ouvir com
os seus amigos em um final de noite.
E por falar em final, já estamos
chegando ao fim de um jeito épico. Em “Wild
Hearts Can’t Be Broken”, P!nk vem para erguer-se como uma fênix, se
mostrando mais poderosa do que nunca em versos como “There’s not enough rope to tie me down/There's not enough tape to shut this mouth”. Se o piano era usado antes para expôr
suas cicatrizes, agora ele tem a função de curá-las. O mesmo acontece com a
orgânica “You Get My Love”, que
termina o álbum com os melhores vocais da cantora de um jeito icônico. Eu sei
que o Grammy 2019 está longe, mas o “Pop Vocal Album” já está de olho nesse
trabalhão da senhora P!nk.
Sobretudo, Beautiful
Trauma não é um álbum de hits animados e sarcásticos, como “So What” e
“U+Ur Hand”, mas sim é uma compilação de hinos de reflexão sobre a vida. São
tantos pensamentos e incertezas que temos, e é maravilhoso ver como P!nk é uma
das únicas artistas que conseguem traduzir nossas angústias em uma obra de arte
extremamente iluminada. Não há discussão, afinal o álbum está impecável, agora
o que nos resta é esperar a cantora se apresentar no nosso país, porque queremos
ouvir essa bíblia ao vivo!
É um álbum tão bom, mas realmente não possui mudança nenhuma em seu som. Enquanto eu ouvia o BT no meu spotify grátis, ele mudou de faixa e indicou uma música da P!nk lá de 2009, e eu não havia visto, mas achei ser do mesmo álbum, pois a sonoridade realmente não muda! Ainda sim é um álbum excelente, conseguiu superar o da Miley e o da Demi pelo menos.
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