In The Lonely Hour,
disco de estreia de Sam Smith, levou o cantor para outro patamar em 2014, e não
demorou muito para a voz dele impactar as rádios de todo o mundo massivamente.
Mas agora, com seu segundo recém-lançado álbum, será que Sam atinge o mesmo
êxito?
Algo
muito comum entre os artistas é lançar um álbum icônico, obter seu grande
momento de fama e depois enfraquecer nos próximos lançamentos, ainda mais com a
expectativa tão alta. Isso aconteceu com Halsey nesse ano, que teve uma
estranha experimentação com R&B em alguns momentos, mas a mesma manteve um
álbum com um conceito muito consistente, o que a manteve de pé. Porém a falta
de grandes destaques do Sam Smith no seu segundo material, The Thrill Of It All, não ocorreu por inovar, mas sim pela falta de
inovação. O cantor permanece na mesma linha de seu primeiro, só que em uma
versão mais morna, monótona e melodias bem menos memoráveis. O cantor tem
talento? TEM! E não é pouco, mas talvez seja hora de inovar com caminhos
diferentes, mantendo ainda sua essência, assim como Adele fez em 25. Ele é um disco que mantém a classe
do 21, mas com um brilho muito
ampliado, junto à sua confiança e animação. Ao contrário disso, Sam Smith
parece se fechar em seu novo disco, sem entregar grandes momentos, como teve em
In The Lonely Hour com "Stay
With Me" e "I’m
Not The Only One".
De fato, não dá para negar que Sam Smith, todavia, se mostra muito
mais maduro em suas letras e na temática em geral em comparação com o seu disco
de estreia, e isso percebemos na fibra construída através de algumas
composições como "Too Good At
Goodbyes", "Midnight Train"
e "Palace". Porém, ainda
assim a musicalidade se mantém chata e monótona em muitos momentos do álbum,
como em "Say It First", "Burning", "The Thrill Of It All" e "One Day At A Time". As
baladas do primeiro álbum se sustentavam por si só e não se mostravam vazias em
nenhum momento, pois elas comoviam e traziam algo profundo e intenso, escasso
na música pop da época. Porém, as do novo álbum se mantém frouxas sem
capacidade de envolver como as primeiras.
The Thrill Of It All precisaria de mais experimentações
com o EDM para cativar mais pessoas, assim como as parcerias que o cantor fez
com Disclosure, que combinaram muito com a pegada de Sam. Infelizmente, as
únicas tentativas de um ritmo um pouco mais extrovertido foram executadas muito
mal a partir do momento que o coral de fundo virou recorrente em toda música,
até quando a sua inserção era completamente inútil para a canção. Mas olhando
pelo lado positivo, há um brilhante caminho que Sam Smith ainda pode nos
conquistar em trabalhos futuros, talvez apostando mais no jazz, que foi explorado muito bem com as animadas "One Last Song" e "Baby, You Make Me Crazy".
Possivelmente se o
álbum tivesse menos músicas, ele estaria mais consistente, afinal temos alguns
momentos brilhantes que se estivessem sozinhos, poderiam trazer um impacto
positivo muito maior, sem ter a energia derrubada por fillers. Me refiro ao
piano delicado de "Palace",
o ritmo renovador de "Too Good At
Goodbyes", a linda carta aberta e simples feita em "HIM", a química
surpreendente de "No Piece",
a maturidade de "Pray", a
combinação surreal entre tensão e jazz
melancólico à la Amy Winehouse que vimos em "Nothing Left For You". E ainda, a mensagem genuína e
bonita feita em "Scars",
onde Sam foge do seu conforto de baladas românticas para agradecer o apoio dos
pais por tudo que eles o apoiaram em sua vida. Era mais desses pequenos
momentos que Sam Smith devia se basear para fazer algo melhor e maior, talvez
quase no nível do In The Lonely Hour,
quem sabe? Mas até isso acontecer, estaremos no aguardo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário