Taylor Swift, depois de fazer muito
barulho com o seu single “Look What You
Made Me Do”, lança seu mais novo álbum de sucesso intitulado Reputation. Em um dos discos mais dark de sua carreira, ela traz críticas a mídia e descontrói alguns
dos aspectos de sua atual reputação.
Famosa por faixas no estilo country
sobre amor e ex-namorados, após uma pausa de quase três anos e o encerramento da
1989 tour, de também muito sucesso, Taylor
abandona de vez a imagem de boa menina e veste a sua nova identidade. Uma que
ninguém conhece. Fato reforçado na famosa frase de seu carro chefe “The old Taylor can’t come to the phone
right now, cause she’s dead”, em tradução livre, a antiga Taylor está
morta.
Primeiramente, na capa do álbum,
é possível observar que seu rosto é dividido em dois lados. Um deles é tomado
por uma camada obscura, preenchida por escritas de jornal, para supostamente
simbolizar o que a mídia fala sobre ela. Enquanto o outro é branco e limpo. O
que explica as músicas mesclarem entre a identidade da verdadeira Taylor Swift
e sua reputação atual, que é dada a ela.
O estilo do novo álbum continua na
linha pop, antes já explorada pela cantora, mas dessa vez conseguimos sentir
uma pegada mais alternativa, com até um toque de rap. Como é o caso da parceria
de Future e Ed Sheeran para a música “End
Game”.
Nessa era, Swift investe bastante nos
visuais. Seus videoclipes estão ricos em detalhes e boa produção, além de serem
abertos a diferentes interpretações. Tem quem diga que futuramente
descobriremos o Reputation como um
álbum visual, com o lançamento de vídeos para todas as faixas.
Na música “Ready For It”, a primeira, com o lançamento do clipe podemos
perceber duas versões da cantora. Uma má e outra artificial, como muitas vezes
ela foi chamada pela mídia. Essa, por sua vez é controlada pela mais obscura, até
o momento final em que ela se liberta. Essa metáfora abre portas para o
significado por traz do album. Após toda a má reputação construída em cima de
seu nome, com a pausa, Taylor conseguiu estar finalmente liberta para escrever
e ser como é de verdade. Uma Taylor que não conhecemos, que não parece com
aquela que antes víamos e nem com a que a mídia criou.
Logo depois, ela assume toda a
reputação dada a ela, como em “I Did
Something Bad”, que expressa as vezes em que ela foi diminuída por fazer
músicas sobre os ex-namorados. Algo reforçado principalmente em “Look What You Made Me Do”, com toda a
imagem de cobra que ela por fim, pega para si, e ainda usa como forma de
divulgação. A primeira imagem divulgada em suas redes sociais após a pausa, era
a de uma cobra.
Porém, ele não se desprende totalmente
do estilo antigo. “Dancing With Our
Hands Tied”, por exemplo, lembra músicas já feitas por ela, como “Starlight” do Red, que também usa a dança como uma forma de isolamento do mundo. “Call It What You Want” também expressa
um pouco sobre ela passar a não ligar para o que os outros dizem, agora na face
da verdadeira Taylor. Assim como em “King
of My Heart”, que demonstra o lado mais menininha em que a Swift ainda tem
esperança de um amor verdadeiro. Se formos observar as músicas já citadas,
veremos que ela estaria mais feliz do que nunca ao lado de Joe Alwyn, seu
namorado atual.
No Reputation,
porém, em relação as músicas sobre amor, notamos uma diferença. Ao invés de uma
atmosfera vingativa muito presente no álbum, para as mais românticas, como em “King Of My Heart” e “New Year’s Day”, percebemos que há
certa positividade, trazendo até um clima de amor idealizado de conto de fadas em algumas vezes ou de um romance proibido em outras, naquela mesma pegada “à la Romeu e Julieta” entregue
em 2008 no seu tão memorável single “Love Story”.
Mas as referências não param por ai, antes
da pausa da cantora, houveram diversos boatos de que ela havia traído o seu
atual namorado da época, o DJ Calvin Harris, com ator britânico Tom Hiddleston. Em “Gorgeous”, oitava música, ela veste
novamente a identidade criada pela mídia e descreve como tinha essa vontade.
Uma das últimas, “This is Why We Can’t
Have Nice Things”, chega ao ápice do deboche ao falar sobre certas amizades
e festas. Ela cita “você achou que eu não ouviria as coisas que falou sobre
mim?” e até “um brinde aos meus amigos de verdade”, seria Taylor mais uma vez
vestindo a identidade que a mídia construiu para ela, agora como inimiga da
cantora Katy Perry? Após toda a história de inimizade entre as duas cantoras,
além de todas as citações recentemente feitas sobre Swift em veículos de comunicação
e programas que Katy Perry participou, é uma boa aposta. Porém, outro sentido
pode ser atribuído quando é lembrada a sua reviravolta com Kanye West. Ele
tentando conquistar sua amizade depois de a ter interrompido e dito que não
merecia o prêmio do VMA 2009, a música que ele fez a ela e a ligação de
telefone divulgada por Kim Kardashian. Tudo evidenciado em trechos como “Amigos não tentam te enganar. Não
te ligam e brincam com a sua cabeça”.
No plano geral, é nítido que, pela
primeira vez, Taylor Swift está cansada de ser a vítima da história, decidindo
vestir a imagem que a atribuem com muito sarcasmo e boas sacadas, além de
abraçar uma figura muito mais adulta do que antes, utilizando referências nunca utilizadas antes, como a
bebidas e sexo em suas letras. Sem dúvidas, toda a atmosfera mais
pesada e de vingança sobre todo o hate
que recebeu nos últimos anos levou a cantora à melhor versão de si mesma como
artista. Não é a primeira vez que ela inova em suas letras e melodia, mas
desta, parece ousar ainda mais, com um posicionamento muito mais picante do que
os anteriores que deve render, e já está rendendo, muitas críticas positivas,
prometendo posicionar em outro patamar de construção artística.
Escrito por: Beatriz Russo
Ótima review e análise, muito bem escrito!
ResponderExcluirMuito obrigado, Tiago! Abs.
ExcluirThis Why We Can't Have Nice Things é para o Kanye West.
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