Depois de três aninhos de espera,
o The Sword está de volta com um novo álbum de estúdio, que mostra uma nova
direção musical e tem tudo para ser um grande divisor de águas na carreira da
banda. Confira com a gente Used Future.
Não é de hoje que o The Sword não
consegue encaixar um ótimo lançamento como nos anos de 2010 e 2012 com Warp Riders e Apocryphon respectivamente. High
Country de 2015 já mostrou certa queda no padrão de qualidade deles e Used Future mostra uma queda ainda
maior. Com uma mudança significativa na sonoridade, a banda focou quase que
exclusivamente no lado hard rock e jogou pra escanteio o heavy metal enérgico
que tanto deu certo há alguns anos.
Com o lançamento do primeiro
single “Deadly Nightshade” em janeiro desse ano, a expectativa era um álbum
muito mais morno e exploratório que os anteriores. Cá estamos, em março, com um
álbum em mãos e um sorriso amarelo no rosto.
Depois de um rápido prelúdio, o
disco começa com a própria “Deadly Nightshade”, que não empolga muito e de
certa forma parece uma faixa que costuma aparecer na segunda metade de um
tracklist. Se a gente fingir que a faixa de abertura é na verdade a terceira, o
álbum parece mais promissor, pois “Twilight Sunrise” que representa um dos
maiores acertos desse novo trabalho e traz um riff viciante, acompanhado de uma
bateria sensacional, muito mais digna de lead single que a faixa anterior.
O instrumental “The Wild Sky”,
acredite se quiser, é uma das faixas mais bem construídas do disco e com
certeza entra nos destaques do mesmo, com batidas repletas de groove e uma atmosfera obscura, fechando
com um fenomenal solo de guitarra. Como uma espécie de ponte entre a energia da
última faixa e queda de temperatura da próxima, o disco traz um interlúdio ou “Intermezzo”,
se você preferir.
“Sea Of Green” é uma faixa
surpreendente e se o ritmo contagiante da primeira parte não te pegar, a
energia da segunda seção não falhará em te conquistar. Vale destacar o
sintetizador sutil que acompanha todo o andamento da canção, adicionando ainda
mais ritmo a ela. “Nocturne” é o tipo de faixa que você menos espera num disco
de hard rock: um instrumental calmo e obscuro, completamente levado pelo piano,
sim, você leu certo, piano. Se não fosse sua posição estratégica no tracklist,
a faixa poderia não ter encaixado tão bem, mas acabou por adicionar pontos a
favor do disco.
É claro que, se tratando desse
gênero, isso poderia ser dito sobre basicamente qualquer faixa, mas, quando
ouvir, você vai concordar que “Don’t Get Too Comfortable” veio direto da década
de setenta. O riff, o sintetizador insistente, a linha de bateria, os vocais, o
solo de guitarra, cada elemento te lembra uma banda diferente, sendo que a
junção disso tudo deu vida a uma das melhores canções da discografia dos caras.
Antes que você pergunte, sim, a música ainda soa bastante original apesar de
tudo.
Continuando na mesma linha, a
faixa-título “Used Future” também incorpora muitos elementos do rock clássico,
mas de forma um pouco mais moderna que a anterior e numa levada bem mais
empolgante, que talvez, apenas talvez te dê vontade de dançar. Destaque para a
guitarra e novamente para o teclado, que apesar de ficar o tempo inteiro em
segundo plano, se comporta como o backbone
do instrumental.
Mergulhando numa melancolia
estranha e surpreendente, “Come And Gone” nunca revela seu propósito no disco,
mas te dá algumas pistas. Os arranjos da faixa mostram uma evolução na técnica
de composição da banda, que tem apostado desde High Country em faixas um pouco mais complexas que o de costume,
saindo com mais frequência do tradicional e simples rock and roll.
Falando nele, o rock
característico da banda vem com força total na ótima “Book Of Thoth”, faixa
curta, inspirada e empolgante, do jeito que a gente queria que fosse quase
sempre. A banda vem tocando a faixa nos shows há quase um ano, sendo essa uma das primeiras do novo álbum a serem estreadas ao vivo. A canção prova que a banda não perdeu a fórmula antiga e pode revisitá-la
a qualquer momento. Um pequeno detalhe a ser destacado é o reverb empregado nos riffs dos versos, o efeito cria uma atmosfera
totalmente única para essas seções e as divide muito bem do humor mais enérgico
do refrão.
Encerrando o álbum (sem contar
com o poslúdio “Reprise”), o instrumental “Brown Mountain” nos dá um gostinho
de rock progressivo, dando um destaque claro e definitivo aos teclados, que
preenchem a faixa de forma magnífica. Um forte ponto a destacar é o riff
insistente que acompanha quase todo o andamento da música, bem simples e
repetitivo na medida certa, até te faz questionar como podem tão poucas notas
fazerem tanta diferença.
Apesar de Used Future ter sido um bom álbum, ele é o mais fraco dos últimos
quatro álbuns da banda. A falta de faixas memoráveis foi um grande problema em High Country e infelizmente se repetiu
no novo trabalho. A mudança na direção musical é compreensível, mas os
resultados dessa mudança ainda não são dos melhores. Esperamos que no futuro,
essa exploração nos dê frutos melhores, pois o que Used Future apresenta, mais parece um apanhado de sobras de estúdio
com overdubs do que um álbum propriamente
dito.
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