Lucius revela o processo criativo por trás do álbum “Nudes”


Com seu mais recente álbum lançado em março, a banda nova-iorquina Lucius conversou com a gente sobre o novo disco (NUDES), parcerias e a essência da banda e dos seus sets nas turnês.

Para quem não sabe, Lucius é um quarteto de indie pop muito bem aclamado pela crítica internacional, como o New York TimesRolling Stone e NPR. O grupo já trabalhou com grandes nomes da música, como Wilco, Roger Water, Mavis Staples e John Legend, sempre trazendo uma qualidade de outro mundo para seus trabalhos.

Agora com o lançamento do mais recente álbum, NUDES, a banda explora um ambiente mais acústico com uma atmosfera ainda mais introspectiva. Claro que não poderíamos deixar de bater um papo com eles. Em uma entrevista exclusiva, a banda nos contou um pouco mais desse disco, da turnê, de como foi trabalhar com o consagrado Nels Cline (Wilco) e muito mais. Confira a entrevista na íntegra:
KT: Para começar, como vocês descreveriam a essência da Lucius?

Lucius: A essência da Lucius, que jeito ótimo de dizer isso! Eu diria que é dualidade. É o equilíbrio entre uma feminilidade forte e uma energia pulsante. É amor e ritmo.

KT: Um dos elementos mais fortes da Lucius se consiste na identidade visual brilhante da banda, né? Como vocês explicariam essa mistura incrível de arte e moda? O que isso significa para vocês como artista?

Lucius: Nós viemos de famílias de artistas visuais, e eu acho que a ideia de expressar a emoção com algo visual está no nosso sangue. É uma linguagem que faz sentido para gente, e misturar isso com poesia e som cria uma experiência 360º.

KT: Também falando do visual, a combinação de roupas de Holly Laessig e Jess Wolfe que as fazem parecerem como gêmeas é uma grande parte da personalidade da banda. Qual impacto isso tem na performance da Lucius? Qual tipo de personagem vocês planejam construir com esse visual?

Lucius: Nós nos vestimos como Lucius para um trabalho mais unificado. Duas vozes soando como uma, e que se parece como uma só também. Nos ajuda a criar um efeito de espelho no palco, onde o som e energia meio que bate naquele ambiente e reflete algo maior disso. Nos permite conectar com a plateia da mesma forma, o que seria difícil ao contrário.



KT: Vocês estão na Indústria Musical por um bom tempo agora. Quais das melhores experiências da carreira da banda que vocês poderiam contar um pouquinho sobre pra gente?

Lucius: Ver como crescemos depois de ter ficado na estrada nos últimos 7 anos tem sido uma viagem. Nós viajamos pelo mundo, conhecemos muitas pessoas incríveis, tivemos a honra de trabalhar junto com lendas como Jeff Tweedy, Mavis Staples, The Rentals, Jackson Browne, John Legend e, claro, Roger Waters. Mas não tem nada melhor do que estar frente a frente com uma platéia nova, em um lugar novo e ouvir eles cantarem suas músicas de volta pra você. Na nossa primeira viagem para Dublin alguns anos atrás, nós não tínhamos ideia do que esperar e fomos tocar para uma plateia bem grande. De repente, eles começaram a cantar cada palavra tão alto que a gente nem conseguia se ouvir! Eu acho que eu quase desmaiei (risos).

KT: E agora vocês estão com um álbum novinho em folha! O material é uma coleção rica de músicas suaves e acústicas. De que forma NUDES é diferente do que o seus últimos trabalhos? Qual é a principal mensagem desse disco?

Lucius: NUDES surgiu depois de fazermos muitos shows. Durante a turnê dos últimos álbuns, nós sempre trazíamos uma parte do set completamente acústica. O público sempre amou e nós nos sentíamos bem conectados com eles nesse espaço intimista. Então, enquanto trabalhávamos nesse novo álbum, decidimos colocar algumas versões novas de faixas nossas e até alguns covers. Nós queríamos que os nossos fãs percebessem que nós os ouvimos e estávamos dando essa surpresa bem diferente.


KT: E vocês não trouxeram somente músicas autorais incríveis, como também versões ótimas de “Eventually” do Tame Impala, “Right Down the Line” de Gerry Rafferty and “Goodnight Irene” do Lead Belly. Como esses artistas influenciaram o som da banda e como vocês se inspiram neles?

Lucius: Nós sempre acabamos indo mais pro lado da música antiga, pro rock and roll clássico e a música soul dos anos 60 e 70. Então, pensamos que seria legal fazer algo contemporâneo. Amamos o Tame Impala e essa música, então foi perfeito. Já “Right Down the Line” foi uma música que o Jess trouxe pra gente. Ela ouviu enquanto andava de carro com os amigos em Nashville e é uma dessas músicas que você esquece o quanto ama até ouvir de novo. Quanto a “Goodnight Irene”, ela tem sido bem presente pra gente durante a tour com o Roger Waters, afinal terminar uma noite de bebedeira com uma música para se cantar junto é necessário. Então pensamos, qual é outro melhor jeito pra encerrar o álbum do que esse?

KT: Vocês também tem parcerias com alguns artistas incríveis, como Nels Cline, do Wilco. Como foi trabalhar com ele?

Lucius: Trabalhar com o Nels no estúdio foi maravilhoso. O cachorrinho dele, o Buttercup, ficava nos rodeando, sua esposa Yuka veio passar o tempo com a gente e todos dividimos uma garrafa de Tequila. Ele e Pete vieram com umas partes de guitarra incrivelmente bonitas, e todos nós gravamos juntos no estúdio. Foi um dia maravilhoso e bem relaxante.



KT: E qual outro artista vocês gostariam de trabalhar junto?

Lucius: Dolly Parton!

KT: Agora vocês estão apresentando esse novo álbum na turnê. Como tem sido a experiência? Algum plano de vir ao Brasil para shows?

Lucius: A turnê tem sido incrível, como esperávamos. Nada como se conectar com uma plateia em um set tão intimista. Nós realmente esperamos conseguir compartilhar essa experiência com vocês do Brasil bem em breve!



Agora fala sério, conhecendo mais dessa banda incrível e da entrega deles, tanto no estúdio quanto no palco, dá vontade mesmo de ver a Lucius ao vivo no Brasil, né? Vamos torcer muito, mas enquanto isso, vamos ficar aqui ouvindo esse último álbum impecável que eles lançaram:

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