Sabe
aquela história de que toda banda muda o estilo ao longo da carreira? O novo
disco do Thirty Seconds to Mars está aí pra provar exatamente isso. Sem
dúvidas, o grupo liderado por Jared Leto se modernizou por completo agora em America, que inclui colaborações com
Halsey, A$AP Rocky e Zedd. Esse novo momento da banda deve dividir a base de
fãs!
Já aconteceu com Linkin’ Park, Paramore e agora Thirty Seconds to Mars. Não é de hoje que ótimas bandas de rock e suas variáveis estão trocando o som por um electro-pop comercial. A gente percebeu que “times are changing” logo que o carro-chefe, “Walk On Water”, foi lançado. A música possui aquela atmosfera grandiosa apresentada nos grandes sucessos da banda.
De
fato, ela possui uma estrutura muito forte e bem construída, com um potencial
até para incorporar aquele rock alternativo poderoso, que já foi bem
característico da banda. Portanto, não é bem isso que acontece. O resultado é
positivo, porém poderia ter sido muito melhor se tivesse sido executada com a
natureza de cada instrumento da banda, ao invés de percussões bem artificiais.
Sem contar que a poderosa voz de Jared Leto é engolida ao final por uma leva
enorme de backing vocals. Ainda
assim, pelo menos, a faixa é o grande destaque do álbum e possui uma essência radiofônica
bem grande, o que levou com que a faixa ficasse em #1 nas paradas por boas
semanas quando foi lançada, lá em Agosto de 2017.
O mesmo
acontece com as outras que precederam o álbum. “Dangerous Night” também possui um grande potencial de ser um
grande hino pop rock, com uma boa
proposta e letra, mas ao invés disso a banda traz batidas EDM comandadas por
Zedd. Não podemos falar mal da produção impecável e a música continua sendo
incrível, porém longe de estar entre as melhores do Thirty Seconds to Mars. É
um rumo completamente diferente que em alguns momentos é até aceitável, mas em
outros, queremos só dar um pause e
dar um play no hinário debute da
banda, como acontece em “Rescue Me” e “One Track Mind”. Em um cenário que
conta com um ótimo comeback de The Killers, é difícil achar um espacinho para
Thirty Seconds to Mars, ainda mais com tanta mudança.
Seguindo,
temos a interlude cheia de ação e clímax
de “Monolith” que abre alas para “Love Is Madness”, a misteriosa parceria
com Halsey. A voz da cantora se encaixou perfeitamente com a temática de amor
rebelde e as batidas pulsantes. Provavelmente, é um dos grandes destaques do
álbum e deve ainda ser o próximo single, se houver um de fato. O único problema
é que a canção traz uma construção imperdível, ameaçando estourar a todo momento,
porém quando achamos que vai acontecer, a possibilidade de uma grande explosão
destruidora, comum nos primeiros materiais da banda, simplesmente dá um passo
para trás.
Em “Great Wide Open”, finalmente toda as
batidas caóticas dão um pouco de espaço para a voz de Jared Leto em sua versão
mais pura. É uma das poucas faixas que traz aquela brisa epicamente refrescante
do Thirty Seconds to Mars, principalmente em questões vocais. A tensão deixada
pela faixa anterior continua sendo construída em “Hail to The Victor”, que soa muito mais como uma faixa remix do
que uma versão original da banda. Em contraste, mais uma vez em um “vai e vem”,
temos a obscura “Dawn Will Rise”,
que parece reproduzir um pouco da sonoridade de This Is War, só que sem tempero algum em sua essência.
“Remedy”, por
sua vez, chega a surpreender em meio de tantos altos e baixos. Acompanhado de
um violão, a música traz um respiro orgânico ao álbum de forma fenomenal. Com
uma melodia muito bem elaborada e nos moldes catchy as fuck que a gente tanto ama, eles trazem uma versão atual
daquela onda acústica da década de 90, que trouxe pra gente grandes hinos como “Wonderwall”,
do Oasis, e “Good Riddance”, do Green Day. A música tem um brilho único, ao
comparamos com as outras faixas do material.
Para
finalizar o disco, a banda optou por um clima mais calmo, pra cantar junto aos
intermináveis “OHs” do Jared Leto em “Live
Like a Dream” e pra se entregar à tensão de “Rider”. Terminamos o álbum com uma sensação confusa que nos leva a pensar no que a banda
realmente quer assumir como uma nova identidade. Não encontramos a resposta até agora. Temos aqui um disco inconsistente,
que às vezes é extremamente grandioso, mesmo com batidas inesperadas à banda, e
em outras vezes, é cansativo, sem linearidade e rumo. Como um conjunto de
músicas, fica difícil defender America,
mas podemos tirar de lá algumas poucas faixas que dá pra continuar ouvindo,
como “Walk On Water”, “Love Is Madness”, “Great Wide Open” e “Remedy”.
Algo
positivo, portanto, é o conceito do álbum. A banda trouxe à tona uma campanha
completamente inovadora, que inclui diferentes opções de capas do álbum. Todas
elas possuem nomes e elementos que representam a América. Bacana, né? Sentíamos
falta de algo artístico assim nos materiais lançados nesses últimos anos. É só
uma pena que o conceito do cotidiano não se aplica diretamente ao álbum musicalmente.
Por
fim, podemos só rezar para que nosso Thirty Seconds to Mars repense antes de
lançar o próximo hinário. A banda parece não estar encontrando autenticidade na
composição ou produção. Atualmente, as músicas soam muito mais como um projeto
solo do Jared Leto do que do 30STM, de fato. Sabemos que a banda consegue fazer
melhor do que esse álbum, que parece muito mais uma coletânea crossover entre
as novas eras de Muse e Imagine Dragons do que a identidade do Thirty Seconds to
Mars.
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