Todo
lançamento de Kylie Minogue deve ser festivo. Afinal, Kylie é motivo de festa
por si só, mas trazer inovações mesmo com mais de 4 décadas de carreira não é
para muitas. E inovação não falta em Golden, seu novo trabalho. Tem quem
não esteja engolindo muito a vibe country, mas a dica é mergulhar na fantasia
caipira da cantora, assim não haverá arrependimentos.
Golden é, antes de mais nada, um álbum sobre
amor. Seja o amor por si próprio, ao próximo, ao mundo, mas o amor. Iniciando o
trabalho, temos a já discutida e incomparável “Dancing”, primeiro single que apresenta muito bem essa
extravagância country do momento. Passamos então por “Stop Me From Falling”, canção fofa e viciante sobre apaixonar-se
por alguém. Tudo que o country possui está ali: banjos, ritmo, movimento,
sinceridade. A certeza de ser especial se concretiza, portanto, na canção
título do álbum, mostrando que ela não é dourada só pelos filtros nas fotos,
ela é dourada por ser ela.
A linha
fofura pega então um bloco inteiro com as canções “A Lifetime To Repair”, “Sincerely
Yours” e “One Last Kiss”.
Enquanto a primeira mantém o ritmo enérgico com um refrão frenético e pegajoso,
a segunda nos leva diretamente para as belas canções pop-romântica do início
dos anos 2000. Aliás, a declaração romântica é uma carta aberta aos fãs, na
qual ela diz que nunca vai dar adeus, sempre será momentâneo, afinal ela é
nossa. Já a última das três não chama tanta atenção, mas não peca estando na
tracklist. O ritmo continua coeso, inclusive mais organizado que seus últimos
trabalhos.
Não é fácil
saber se o ritmo coeso apresentado até aqui é mérito da paixão recém-descoberta
de Kylie pelo gênero ou se é pelo fato dela ter escrito ou co-escrito todas as
faixas, fazendo deste o primeiro em um bom tempo em que ela entra no time de
composição executiva. Dito isso, “Live A
Little” é um dos maiores destaques não só do álbum, como da carreira de
Kylie também. Mesclando perfeitamente os ritmos propostos no conjunto, a canção
é dançante ao extremo e lembra algo que Calvin Harris poderia lançar em
parceria com Kylie - só que melhor. O ritmo desacelera para o que é,
provavelmente, a canção mais country do álbum, “Shelby ‘68”, uma doce declaração sobre o carro favorito de seu
pai.
O ritmo
desacelera ainda mais para a baladinha “Radio
On”, que se destaca pelos vocais angelicais da cantora. A produção de Sky
Adams volta em “LOVE”, junto com a
energia inserida lá no início. Destaque, inclusive, para a produção dele – as
melhores canções do disco levam seu nome na produção. “Raining Glitter”, primeiro single promocional do álbum, traz Kylie
no auge dourado. A canção é super pra cima, poderosa, com toques disco que lembram alguma canção do álbum
Light Years - soando, ainda, atual e
refrescante. Chegamos ao fim da edição standart com a emocionante balada “Music’s Too Sad Without You”, mais uma
declaração de amor. Os vocais de Kylie mostram que ela também consegue carregar
muito sentimento em sua voz, imprimindo aqui uma tristeza única.
Para quem
gostou de banhar em ouro e quer ouvir mais, temos 4 canções adicionais na
edição deluxe. “Lost Without You” é
uma midtempo deliciosa, que linka a
canção diretamente com o primeiro single do álbum. É fofa e pegajosa, do jeito
que Kylie sabe fazer melhor. As próximas 3 são produções de Adams, destacando
um final animado pro álbum. Quem pensou que country era apenas roedeira, Kylie
fez questão de provar o contrário. “Every
Little Part of Me” e “Rollin’”
são duas explosões pop/country, trazendo o melhor do álbum. “Low Blow” é a mais diferente do álbum,
trazendo um lado mais divertido e old-school dela. É uma forma incrível de
encerrar o trabalho: sem deixá-lo monótono, mas mantendo-se fiel à proposta.
Quem gosta de “2 Hearts” provavelmente será um grande fã desta canção.
Vale
destacar o quanto Kylie se comprometeu na sua proposta – por dois anos, morou
em Nashville a fim de acumular experiências na vivência da cidade e aprendendo
mais ainda sobre seus costumes. Sendo Nashville o berço do country no mundo,
não é difícil perceber a influência. Ainda assim, é louvável que ela tenha
feito o que outras cantoras que vieram com propostas country não tiveram
vontade ou tempo de fazer. Lembrando que Kylie foi uma das primeiras artistas
de grande porte a arriscar no country, lá em 1997 com o single “Cowboy Style” -
antes mesmo de Madonna se tornar ainda mais popular com o inesquecível “Music”,
de 2000.
Por fim, é
válido dizer que a fantasia extravagante do country é uma refrescante pedida na
carreira de Kylie. É ela saindo de sua zona de conforto e trazendo o melhor que
uma experiência pode trazer. Agora, é hora de desfrutar. E quem não curtiu,
próxima era a gente se vê! Afinal, sabemos que ela nunca vai parar de se
apresentar. E quando ela for, ela vai dançando.
Somos
sinceramente seus, Kylie. Obrigado.
Escrito por: Rodrigo Izetti
Escrito por: Rodrigo Izetti
Review maravilhosa. Parabéns!
ResponderExcluir