Lá em 2016, quando lançou seu debute Nine Track Mind, Charlie Puth recebeu uma maioria de críticas negativas, e isso aumentou a pressão para o seu segundo álbum recém-lançado Voicenotes. Mas Charlie se reergueu e entregou qualidade além de nossas expectativas nesse novo material!
Primeiramente, é certo dizer que Nine Track Mind não é um álbum necessariamente ruim. Pode ser pouco inspirado e meio óbvio, mas o mérito de canções como “Dangerously” e “Suffer” e o fato dele ter produzido tudo sozinho traz um charme ao trabalho.
Aqui, em “Voicenotes”, a insegurança fica óbvia dado o adiamento do álbum de janeiro pra cá, mesmo com o hit Top 5 “Attention”. Mas não há motivos, uma vez que Charlie entrega um trabalho extremamente coeso, com uma ótima linearidade.
“The Way I Am” é uma ótima forma de iniciar o disco, que traz em si a essência da sonoridade desta era. É dançante como as demais, porém mais surpreendente, madura e harmônica. O som logo fica familiar com a chegada de “Attention”, hit que deu abertura à essa fase. É icônica e isso é indiscutível, é uma produção curiosa e distinta, além de dar o gás necessário para várias faixas a seguir.
E o gás se prova válido uma vez que começa “LA Girls”, uma canção excelente com
melodia cativante e descolada. É um hit pronto praticamente, mas com extrema
qualidade. Vamos então à “How Long”,
segundo single do álbum, que se assemelha levemente ao primeiro single. Ainda
assim, traz alguns detalhes diferentes que fazem desta mais uma forte faixa do
trabalho.
“Done For Me”, single com participação de Kehlani, se mostra um dos
grandes ápices do álbum. Logo quando a voz delicada de Charlie começa a se tornar
discretamente repetitiva, voz única de Kehlani enche a faixa e surpreende.
A cantora é genial e possui uma identidade vocal bastante singular, o que só agrega
à faixa. É aí que o ritmo desacelera pela primeira vez, para recebermos “Patient”. É uma surpresa extremamente
agradável: a canção lembra um pouco a sonoridade de hits melódicos dos anos 90
e se faz muito lembrada após finalização de ouvir o álbum, principalmente por conta de sua fluidez sem igual. A torcida é que vire
single oficial; porque é de fato muito singular e fundamental em seu
repertório.
E falando em anos 90, recebemos em “If You Leave Me Now” a banda Boyz II Men, que foram os maiores
artistas masculinos dos EUA duas décadas atrás. Em rápida observação, os Boyz II Men possuem 3 hits
com mais de 13 semanas em #1 nas paradas americanas, sendo “End Of the Road”
(1992) uma canção que quebrou o recorde na época de mais semanas em #1.
Whitney Houston quebraria o recorde alguns anos depois com 14 semanas com “I Will
Always Love You”. Porém, no mesmo ano, eles iriam se igualar com 14 semanas em #1
com “I’ll Make Love To You”, se superando 2 anos depois com 16 semanas (4
meses!) em #1 com “One Sweet Day”, canção de Mariah Carey. O recorde nunca foi
superado.
Mas voltando à Charlie e tendo uma leve noção do
peso do nome da banda, esta mostra o prestígio que ele recebe. A canção não
possui instrumentos além da voz e é um belo momento de harmonia do álbum. É o
auge lento do disco, que acelera novamente em “BOY”. A canção demora a explodir, mas é extremamente cativante. A
sonoridade é repetida diversas vezes, mas não é cansativo de ouvir como um
todo.
Aliás, o destaque ainda está por vir, quando
chegamos à excelente “Slow It Down”.
O ritmo dançante está no auge do álbum e as melodias diretamente dos anos
90 são geniais nesse momento chave. Sentamos novamente com “Change”, que serve como mais uma canção-prestígio, que exala preciosidade por meio de sua performance intimista delirante. O peso do nome
James Taylor vai trazer, sem dúvidas, um adendo positivo no corpo da obra. “Somebody Told Me”, em seguida, é
refrescante. A produção se destaca por um ritmo mais acelerado que as demais,
sendo extremamente agradável.
Chegamos por fim a “Empty Cups” e “Through It
All”. A primeira é um hit pronto, se destacando por manter o álbum coeso e
distinto. A segunda fecha o disco de uma excelente forma, sendo uma balada
sentimental muito inspirada. É uma sonoridade diferente e exclusivamente
renovadora. É o ciclo do álbum que termina extremamente bem.
Com Voicenotes,
portanto, Charlie se firma como um excelente compositor, produtor e cantor,
sendo um corpo de obra marcante e firme. Parabéns, Charlie.
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