Depois de três longos anos,
podemos finalmente retomar a adoração satânica da banda mais teatral da
história do rock! Prequelle representa
um retorno brilhante de Ghost e traz algumas das canções mais inspiradas da
discografia da banda, mesmo se comparadas ao tão aclamado Opus Eponymous. Sim, é natural achar essa informação duvidosa, mas
me acompanhe e você possivelmente vai concordar.
Após o prelúdio “Ashes”, o lead single “Rats” dá início ao álbum, em ritmo acelerado e com um riff de guitarra bem característico da banda, contando com os também clássicos sintetizadores, soando como uma espécie de aperfeiçoamento da sonoridade que nos foi apresentada em Meliora. “Faith” vem na sequência, bem mais misteriosa e cadenciada, com riffs mais pesados e imponentes, um solo de guitarra fenomenal e uma das pontes mais macabras que a banda já teve a ousadia de colocar em disco.
Logo nas primeiras faixas, já é
possível notar que a produção do álbum está impecável e que os vocais de apoio
estão ainda mais bem trabalhados do que de costume.
O hino “See The Light” leva o satanismo a um patamar que nem mesmo os
maiores fãs de Ghost esperavam. A sutileza do início leve com uma reviravolta
pra lá de big sounding, foi uma
sacada incrivelmente boa. A faixa mescla vocais mais melódicos com um
instrumental muito bem estruturado, empregando muito bem o piano e as guitarras,
tudo na medida perfeita, é tudo que “He
Is” tentou ser e não conseguiu.
A obra de arte “Miasma”, primeiro instrumenta do
álbum, esquenta um pouco as coisas e traz uma grande amostra do enorme
potencial de composição da banda. Além da ótima bateria e das guitarras
incríveis que se completam a todo momento, a música emprega bem o sintetizador
e ainda nos surpreende mais ao final, com um solo de saxofone (!!!), algo até
então inédito na banda. Cada elemento foi muito bem posicionado na mixagem,
mais um ponto para a produção, que atingiu mais uma vez um padrão de qualidade
invejável.
O segundo single “Dance Macabre” mantém o ritmo, mas com
algo um pouco mais próximo da disco music, dançante e melódico, deixando o peso
um pouco de lado. A canção traz um refrão viciante, além de um ótimo solo de
guitarra e um breakdown que com certeza vai te deixar empolgado, tudo bem digno
de música de trabalho mesmo, nenhuma surpresa, mas nada mal.
Retornamos ao mistério com “Pro Memoria”, que abusa do piano e dos
teclados para criar um dos hinos satânicos mais bonitos que você vai ouvir na
vida. Os vocais, como de costume, ficam em contraste com o instrumental
dramático, algo que aparentemente já é uma técnica muito bem dominada pelo
nosso querido Tobias Forge. A canção é uma daquelas que a gente de fato espera
no meio de um disco do Ghost, mas ainda surpreende por ser bem diferente das
demais e apresentar uma progressão muito bem estruturada.
A ótima “Witch Image” volta a acelerar as coisas e se apresenta como mais
uma das canções dançantes da banda, com refrão viciante, um tímido solo de
guitarra e nada de riffs pesados. A
canção não tem nada de muito relevante a acrescentar, apenas preenche bem seu
espaço no álbum, sem maiores destaques. Por outro lado, pela sonoridade comercial,
não surpreenderia se fosse escolhida como terceiro single do disco.
A animação não dura muito e o
segundo instrumental “Helvetesfönster”
volta ao clima de suspense, apresentando mais uma vez uma das melhores
construções da banda, com uma levada arrastada e inclinada ao blues, que serve
de base para piano, flauta, sintetizador e até violão, mas desvia a todo custo
das guitarras, que ficam apenas em segundo plano, sem qualquer destaque, o que pode
ser considerado um ponto positivo, por fugir do óbvio e preencher a música com outros
instrumentos menos comuns. Trilha sonora de filme B? Sim, sem dúvidas.
A emocionante “Life Eternal” desempenha o papel de um
dos melhores números de encerramentos de toda a carreira da banda e, apesar de
curta, se prova bastante única e consistente, com vocais sensacionais,
acompanhados de um coral tão incrível quanto. O piano é novamente um destaque, fazendo
a principal base melódica da canção e dando a profundidade necessária ao
instrumental, para que combine então com os vocais. Por fim, a letra ainda nos
deixa com um questionamento: se pudesse escolher, você gostaria de viver para
sempre?
Também é de extrema importância citar
a regravação magnífica de “It’s A Sin”
do duo de synth-pop Pet Shop Boys (que juntamente com a regravação de “Avalanche” do cantor Leonard Cohen,
está presente apenas na edição deluxe do álbum). Não é de hoje que o Ghost faz
ótimos covers, mas é seguro dizer que “It’s A Sin” foi de longe um dos mais
brilhantes, não só pela fidelidade à original, mas pelo tema principal da
canção e também pelo ótimo trabalho de Tobias Forge nos vocais, que conseguiu
driblar muito bem o timbre anasalado de Neil Tennant.
Prequelle é uma sequência mais do que incrível para o memorável Meliora de 2015 e segue quase na mesma
proposta de melodia e peso, porém, indiscutivelmente, conta com ainda mais
musicalidade. De qualquer forma, Ghost vem melhorando (ou seria “meliorando”?)
de forma gradativa desde o Opus Eponymous
e o novo álbum com certeza subiu mais um degrau nessa escala de qualidade, com
Tobias Forge provando, mais uma vez, ser um dos grandes gênios do rock moderno,
com 100% de aproveitamento.
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