Algo cheio de graça e harmonia. Florence and The Machine pode ter disparadamente amadurecido na criação de um álbum muito autêntico e possivelmente um dos mais bem compostos da carreira. High As Hope é o quarto trabalho de estúdio da banda.
Vimos diferentes eras na carreira de Florence and The Machine, e nenhuma delas foi igual. Cada uma com um toque particular de mudança e evolução. O começo, em Lungs, tivemos tesouros como "Dog Days Are Over" e "Cosmic Love" para nos mostrar exatamente como era respirar ao som dessa banda divina. De presente a banda lançou um super álbum no ano seguinte, Between Two Lungs, com o dobro da energia recheado de canções ao vivo. E já no outro ano, Cerimonials chegava para mostrar que a religião que a gente seguiria era realmente Florence. Bençãos como "Spectrum", "No Light, No Light", "Never Let Me Go" e "Shake It Out" foram recebidas numa cerimônia de agradecimento dos nossos ouvidos. Após, era a vez de How Big, How Blue, How Beautiful que foi realmente grande, azul e muito belo, carregado de uma emoção incrível - "Ship To Wreck" e "What Kind Of Woman" são boas representações disso.
Três anos depois, a gente percebeu que nenhuma Florence retornará a ser como antes. Muito pelo contrário, ela amadurecerá! Em High As Hope recebemos um trabalho tão autêntico e pessoal que fica difícil não se emocionar. De uma composição altamente poética, vocais impecáveis e um instrumental tocante, esse é um dos mais belos trabalhos já feitos pela banda. Em contraste com o álbum anterior, este carrega uma mensagem mais positiva sobre o amor e a vida. Segundo a própria Florence, o processo de gravação deste foi como Lungs, mas com dez anos a mais de experiências.
Tudo começa com "June", a primeira canção composta para o álbum, direto das turnês de How Big, How Blue, How Beautiful. Uma música que relata união. Junho é o mês do orgulho e, nos deparando com todos os acontecimentos, a união é o que representa toda a luta. É como um choro de mãe que nos protege e nos incentiva a seguir em frente e lutar juntos.
Logo em seguida é a vez do carro chefe, "Hunger". Uma música que não poderia representar melhor a mensagem que o álbum carrega. Toda a energia de se entregar, mostrar positividade no amor e na vida está presente na canção. Assim como todo amadurecimento é transparecido. O instrumental não deixa a desejar, já que parece tocar direto no nosso interior. Eu diria que é uma energia melhorada dentro de uma canção como "Cosmic Love".
"South London Forever" é uma canção que retorna à juventude de Florence, a vida que ela tinha quando uma estudante de artes. Há todo um movimento e um envolvimento com a época e toda a sede de encontrar quais eram as novas fases da vida. Fala sobre o envolvimento profundo com a vida, e também de álcool e drogas. Além de tudo, mostra uma saudade da juventude.
Em seguida, o terceiro single, "Big God", chega com sua força. A atmosfera tensa da canção fala sobre a falta e nosso constante desejo por uma atenção ou alguém que possa suprir nossas faltas. "Sky Full Of Song", de outra maneira, explica como é se sentir cheio e celestial, com toda uma energia mais leve, como se nos elevasse a um céu totalmente completo e diferente. É também, basicamente, uma canção dedicada aos fãs, já que retrata de como é o sentimento de Florence de estar nos palcos cantando.
"Grace" é realmente graciosa e leve. Uma canção dedicada a irmã de Florence Welch - Grace - que fala sobre todo o amor que ela sente pela irmã. Muito grande e poético, como se nos fizesse entrar em todo o cenário de uma irmã mais velha cuidando da mais nova. É um pedido de desculpas, uma prova de amor e toda uma mostra de carinho e afeição de Welch por Grace. Não podíamos estar mais recheados de fofura com essa música.
"Patricia" é uma outra linda homenagem. Desta vez a cantora americana Patti Smith e fala sobre como ela inspira Florence a ver a beleza do mundo. Na canção ela é chamada de Estrela do Norte, que é a estrela maior, a qual nos guia na direção certa. Foi exatamente o sentimento de estar no caminho certo que Florence quis homenagear Patti com uma música forte e suficiente para agitar nossos corações.
"100 Years", assim como "June", é uma canção que mostra que como os acontecimentos ruins do mundo afetam Florence. E mais uma vez ela decide falar sobre união e como nossos corpos podem se unir e nos tornar tão potentes e resistentes. É, inclusive, a primeira canção desde o Cerimonials que destaca o som da harpa - clássico e majestoso instrumento que a banda usa. Além disso, é recheada de outros instrumentos que fazem uma orquestra em nossos corações.
A próxima é "The End Of Love" que, a princípio, seria a canção que daria o nome ao álbum. Entretanto, com toda mensagem positiva que Florence quis passar, ela decidiu mudar. É uma canção que ao invés de falar de um amor romântico, fala sobre como no fim nos sentimos vazios com isso, sobre um sentimento diferente com o amor e como ele pode vir de lugares que nos encontramos em necessidade ou carência. É uma canção forte e que mostra toda a esperança trazida com o título do álbum. Como toda pessoa acaba encontrando as formas de amor sozinho.
Para fechar, "No Choir" traz uma parte emocionante, pessoal e muito inspiradora. Sobretudo, é uma canção que fala como a felicidade nem sempre precisa ser gritada, mas pode permanecer sendo sentida e acalmada. É pessoal pelo fato de como Florence retrata suas formas de encontrar a paz entre seus altos e baixos. Uma música sobre autoconhecimento e autocontrole, um tanto quanto motivacional por podermos ter a honra de compartilhar com Florence todos os seus altos e baixos e também seus equilíbrios e restabelecimentos emocionais.
Descrever High As Hope só é cabível através do sentimento. É um trabalho emocionante e muito maduro, positivo e gracioso. É tão hipnotizante como a esperança, carregado de uma energia muito forte. Um álbum cheio de luz e experiências reais. Uma homenagem à vida e ao amor de uma forma positiva e iluminada. Onde encontramos equilíbrio em toda a parte poética. Sem dúvida alguma é algo para ser mais sentido do que explicado.
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