Estaria Dave Grohl tocando todos
os instrumentos numa música? Estaríamos nós de volta a 1995? Sim e não, respectivamente.
Num projeto ambicioso e até um pouco maluco, Dave criou uma canção instrumental
de quase vinte e três minutos, completamente sozinho, documentou tudo e é isso
que vemos e ouvimos em “Play”.
Que Dave Grohl é capaz de
realizar as mais bizarras maluquices do mundo da música, todos nós já sabíamos,
o que não imaginávamos é que ele voltaria a nos presentear com outra delas tão
cedo assim. “Play” é um instrumental
enorme, dividido em várias seções, com Dave tocando todos os instrumentos,
desde a bateria até o teclado e as percussões.
Por mais de vinte minutos, o que
ouvimos é um ótimo compilado de todas as notórias influências de Dave, que vão
de Beatles a Black Flag, de Led Zeppelin a Motörhead e de Rush a Metallica.
Diferente de outros projetos criados por ele, dessa vez o objetivo de Dave é
basicamente tocar despretensiosamente até cansar. Como dito por ele no
documentário, “Como qualquer criança, a recompensa é apenas tocar”. O resultado
final é incrível, como esperado.
Cada uma das seções de “Play” pode ser facilmente distinguida
ainda que apenas pelo áudio. Do início barulhento à calmaria central da canção,
Dave literalmente passeia pelo estúdio, e desafia a si mesmo com guitarras,
violões, baixos, baterias, uma infinidade de percussões, teclados, tudo minuciosamente
posicionado, tanto fisicamente falando quanto na gravação.
Um dos pontos mais brilhantes é
quando Dave passa da primeira bateria para a segunda, menor e mais suave, troca
de baixo, deixa de lado a palheta e começa a tocar uma das sequências mais
maravilhosas já compostas por ele, e ali cada nota é um show à parte. Ao entrar
na seção final, ele retorna ao baixo anterior e passa para uma terceira
bateria, a maior das três. De fato, é uma dinâmica realmente incrível.
No documentário, é possível perceber
o esforço de Dave para que tudo fique perfeito, desde trocas de instrumentos até o
posicionamento dos overdubs, cada
mísera ghost note da bateria, tudo tinha
que ser cirurgicamente colocado em seu devido lugar, caso contrário, não seria bom o suficiente para ele.
Ainda assim, o lado orgânico está presente e no take final ainda vemos a quebra
de uma baqueta nas percussões, a bateria milésimos de segundo atrasada ou
adiantada e outros pequenos erros que nos deixam claro que ainda é Dave, ainda
é humano.
Não há mais muito o que dizer,
apenas que Dave novamente se superou e transformou mais um de seus desafios
pessoais em uma das obras mais maravilhosas do rock moderno.
Assista, escute e se surpreenda
com “Play” por Dave Grohl:
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