Carrie Underwood passou por situações delicadas na sua vida nos últimos anos, e qualquer novidade dali em diante seria inevitavelmente um marco na carreira da artista. Depois de toda a tempestade, temos como resultado o Cry Pretty, novo álbum lançado que traz em essência o que pode significar o auge criativo, vocal e artístico da cantora.
Após a bem sucedida e premiada era de comemoração aos 10 anos de carreira, Carrie baixou o volume e voltou às raízes country, lançando na época o excelente “Storyteller”. Era algo mais tradicional, e é este o contraste: Cry Pretty foge completamente das temáticas usuais do mundo country - inclusive no novo single, “Love Wins”, que foi dedicada às minorias, incluindo os LGBTs. Um passo sutil, porém ousado considerando seu público mais tradicional.
Ouvindo o álbum, começamos com o conhecido primeiro single “Cry Pretty”. A canção é a síntese da era, iniciando de forma perfeita a história a ser contada pelo trabalho. Aqui, já é possível pescarmos novas influências na sua sonoridade: o solo de guitarra e outros elementos adicionais trazem uma leve pitada rock, que deixa tudo mais épico. Em “Ghosts On the Stereo” somos levados à um som essencialmente country, e é muito gostoso ouvir Carrie lembrando o quanto pode surpreender com seus vocais numa simples canção country.
Mas é “Low” que inicia a primeira surpresa boa do álbum: Carrie entrega o que é, possivelmente, sua melhor performance vocal em anos. Extremamente sensível, a canção é uma mistura de blues com country e muda o direcionamento mais uma vez - de forma extremamente coesa. É um dos destaques e deve se tornar single, assim esperamos.
“Backsliding” conquista pela melodia cativante e inteligente, tendo uma pegada levemente mais pop. Entra no contexto do álbum e funciona na história, sendo mais um ponto positivo. “Southbound” flerta com um lado mais descontraído e divertido da cantora, e é refrescante ouvir uma espécie de “alívio sentimental” no decorrer do álbum. Já “That Song That We Used To Make Love To” é um tanto desnecessária e não adiciona nada novo, mas não atrapalha o andamento do disco.
Seguindo, “Drinking Alone” eleva o nível novamente com uma narrativa nervosa e uma sonoridade mais puxada pro lado teatral, sendo uma nova faceta de Carrie que conhecemos em canções como “Blown Away” e “Two Black Cadillacs”, e é incrível vê-la explorar esse lado novamente.
O segundo bloco se inicia com “The Bullet”, uma tradicional balada de Carrie com vocais que, como de costume, tiram o fôlego. Fora isso, nada inovador, mas bom o suficiente para a excelente “Spinning Bottles”. Junto com “Low”, é um dos auges vocais do álbum e surpreende a cada novo verso, sendo uma balada mais diferenciada e com uma pitada mais soulful que casa perfeitamente com que viemos ouvindo.
Como dito anteriormente, “Love Wins” é o novo single e explora novas temáticas que geralmente são polêmicas para o universo country, sendo um ponto extremamente positivo para Carrie. A canção é um clássico contado de forma tradicional, mas uma boa adição ao repertório apresentado.
Como dito anteriormente, “Love Wins” é o novo single e explora novas temáticas que geralmente são polêmicas para o universo country, sendo um ponto extremamente positivo para Carrie. A canção é um clássico contado de forma tradicional, mas uma boa adição ao repertório apresentado.
“End Up Here With You” traz uma sonoridade completamente exclusiva e diversa de tudo apresentado até aqui. A canção pode parecer descartável de primeira, mas logo cativa e gruda na sua mente como uma canção pop de melhor qualidade faria. É uma ótima forma de sacudir o ritmo do álbum e surpreender mesmo perto do final. “Kingdom” finaliza as inéditas da melhor forma: uma balada clássica, calorosa e sentimental. Por fim, “The Champion” entra como faixa bônus - e é justo, uma vez que não conversa com a sonoridade do álbum mas é uma adição imperdível para o momento da carreira de Carrie.
Carrie trouxe, portanto, um de seus melhores - senão o melhor - trabalhos de sua carreira. Cry Pretty é uma síntese de tudo que ela faz de melhor: ser essencialmente country, porém flertar com incontáveis influências de outros estilos musicais e aplicar, sempre, vocais que vão te surpreender pelo sentimento e potência. Ela entrega aqui tudo que sempre fez, com novos elementos e tudo melhorado a um nível que prova que ela já é uma lenda do universo country.
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