Demorou, mas finalmente estamos
com Oxnard
em mãos, o novo álbum de Anderson .Paak!
O último capítulo da beach series tem
tudo para ser um dos melhores álbuns do ano. Contando com um time impecável de colaboradores,
o sucessor de Malibu e Venice mantém o conceito, mas traz sua
própria identidade.
Para as gravações de Oxnard,
Paak uniu forças com a lenda viva do rap Dr. Dre, que assinou a produção
executiva do disco e ainda deu o ar da graça em uma das faixas. O miolo do
disco é bem recheado e Paak divide o microfone com algum grande nome do rap na
maior parte do tempo. Como era de se esperar, o álbum segue a linha funk
fortemente explorada em Malibu, mas com
uma pegada um pouquinho mais eletrônica.
Com um baixo cheio de groove, flauta,
violinos e tudo que se tem direito, a abertura “The Chase” chega rasgando com uma pegada pra lá de retrô, bem
setentista. A atmosfera é tão condizente com o álbum que dá até pra se imaginar
na orla da praia na Califórnia. A participação da incrível Kadhja Bonet é apenas
a cereja do bolo, meus amigos!
Mesclando o melhor dos dois
mundos, “Headlow” fica exatamente em
cima da linha entre o hip hop e o funk, com uma percussão envolvente e um baixo
quase sexual. Os vocais de Norelle completam a canção com muita sensualidade,
tudo na medida certa. Conectadíssima, a lead single “Tints” dá sequência ao clima da faixa anterior com uma das levadas
mais gostosas da discografia de Paak, chega a ser difícil não dançar. Além do
instrumental maravilhoso, ainda temos um verso deveras afrontoso do
ilustríssimo Kendrick Lamar. Se melhorar estraga!
Após a bela sequência dançante, “Who R U?” traz aquele Paak debochado,
aquele Paak Raiz, com Dre no beat e nos vocais de apoio. Agora como artista da
Aftermath, Paak parece aproveitando bem feliz com o sucesso alcançado e já está
até tirando sarro. A brincadeira continua em “6 Summers”, pois afronta pouca é bobagem, né? Jogando o nome de
Donald Trump na roda logo de cara, o rapper chicoteia sem dó o modo de vida
americano, confronta o presidente dos EUA e, como de costume, deixa tudo mais
engraçado com seu teor sarcástico. A faixa ainda conta com dois beats
diferentes que dividem o instrumental ao meio (e que transição, meus amigos!), com
a segunda parte dando maior destaque aos vocais.
Ao melhor estilo oldschool, Paak versa rapidamente em “Saviers Road” sobre aqueles que no
início duvidaram de seu sucesso e, agora que ele é bem-sucedido, ficam fazendo
média. Simples e direto. Pra quem gostou da última transição de beats, aqui
vamos nós com “Smile/Petty”, uma
faixa dupla, com início calmo e final dançante. Mais letras irônicas de Paak,
nada novo sob o sol, mas nada que não valha a pena prestar muita atenção, pois
detalhes fazem toda diferença aqui.
Alguém estava preparado para “Mansa Musa”? Não é possível! A faixa é
simplesmente uma rajada de tiros, mas usando rima como munição. Cocoa Sarai
inicia os trabalhos e quebra tudo no primeiro verso, seguida pela lenda viva Dr. Dre e fechando com Paak no terceiro verso. Além de atacar sem dó a turminha
caça-níquel do rap, Dre também prova que sua produção está mais do que em dia, com
um beat sensacional. Alguém aí pediu um hit?
Falando em ótimos beats, “Brother’s Keeper” joga uma batida
moderna em cima da bateria oldschool (tocada
pelo próprio Paak) e cria um dos melhores instrumentais do álbum. Paak apenas
introduz a canção com o primeiro verso e quem brilha mesmo é Pusha T, com rimas
pesadíssimas, em referências à indústria fonográfica e a seu próprio irmão e
ex-parceiro musical.
A nostalgia toma conta em “Anywhere”, com uma batida direto de
1982 e Snoop Dogg rimando sobre G-Funk, The
Chronic e seus antigos companheiros do grupo 213. Paak também traz rimas com
referências a grupos antigos e o refrão romântico ficou por conta da suave voz
da cantora The Last Artful, Dodgr. Se é funk que você queria, é funk que temos!
Tome mais groove e balanço com “Trippy”!
O baixo e a levada viajante da faixa vão te envolver rapidinho e Paak vai te
conquistar demonstrando a versatilidade de sua voz, com partes melódicas sensacionais
e, claro, seu flow inconfundível. Como
como quem pega o bonde andando, J. Cole surge de repente e dá um empurrãozinho
nas coisas, com rimas rápidas e sem te dar tempo pra respirar. Haja gás.
O clima de celebração é
contagiante em “Cheers”, que também
traz versos sobre antigas memórias, amigos perdidos, como o antigo colaborador
de Paak, Mac Miller, além de falar dos excessos que a vida na estrada quase sempre
traz. Sem dúvidas uma das faixas mais bonitas da discografia de Paak, não só
pelo instrumental, mas também pelo ótimo verso de Q-Tip.
Depois de “The Waters” em Malibu, BJ the Chicago Kid retorna em
mais uma parceria com Paak. Em “Sweet
Chick”, eles falam quase que exclusivamente sobre mulheres, em cima de uma
base funkeada, com piano e metais. A participação de BJ é curta, porém efetiva.
Apesar de ser boa, a faixa é claramente a mais fraca do álbum, a letra é pouco
impactante e o instrumental acaba ficando um tanto cansativo, mas o final é
realmente impagável.
Finalizando sozinho, Paak vem com
tudo em “Left To Right”, um flow absolutamente incrível, metralhando
palavras sem parar e com rimas incisivas, do jeitinho que a gente gosta. O beat
é agitado, mas sem muitos efeitos, deixando o destaque principal para os
vocais, ou seja, tudo que poderíamos querer numa faixa de encerramento.
Anderson .Paak simplesmente não dá ponto sem nó! A parceria entre
ele e Dr. Dre deu vida a um álbum sensacional e praticamente sem defeitos. Dre
fez um trabalho fenomenal na mixagem e deixou os elementos muito bem
distribuídos, evitando a fadiga auditiva que os álbuns de rap costumam causar
nos dias de hoje. Com Venice e Malibu, Paak chamou atenção, mas com Oxnard,
ele provou que é um dos grandes nomes do hip hop mundial e deixou bem claro o
porquê de Dre ter apostado pesado nele. A beach
series acabou, mas para Paak, é apenas o início.
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