Nessa última sexta-feira (30/11), a cantora Alessia Cara marcou seu retorno com um álbum novinho em folha. The Pains Of Growing tem um total de 16 faixas, todas elas com
grande significado e pluralidade musical.
O disco todo intercala dois estilos musicais: o pop com uma pitada de R&B, assim como os últimos trabalhos da artista, e o pop mais country folk carregado em violão, que até nos presenteia com várias preciosidades acústicas, como o pop solar de “I Don’t Want To”, que vem logo depois de “Not Today”. Essa última, mesmo tendo a temática triste sobre a saudade após o término de um relacionamento, traz batidas mais pesadas, agitadas, recheadas de sons eletrônicos e misturas de instrumentos; o seu andamento migra bruscamente para a calmaria do violão e fala sobre deixar a pessoa ir, mesmo não querendo. É aí, por meio das entrelinhas, que vemos que a garota de Know-It-All amadureceu.
O
padrão se segue e, com “7 Days”, a vencedora do Grammy de artista revelação do ano volta ao pop com pegada R&B para questionar até a existência de Deus e fazer críticas a nossa sociedade. Um momento divino, que desenha a personalidade forte que as composições de Alessia carregam. A
faixa lembra “Scars To Your Beautiful”,
o grande sucesso da cantora, e a sua letra é tão profunda quanto. Segundo ela
em entrevista ao iHeartRadio, o seu nome se deu a partir da concepção de Deus ter criado a terra em 7 dias. A
compositora pergunta a ele se fizemos a criação valer a pena. Questiona o padrão de beleza, a cultura de celebridades, a
mídia, a vida em bolhas e a religião. Tudo é ainda embalado em uma melodia lenta,
dramática e muito triste do que qualquer outra coisa que a cantora já lançou antes.
Como The Pains Of Growing é feito de mudanças repentinas, em seguida nos deparamos com “Trust My Lonely”, segundo single do álbum, que volta com
o estilo dançante e influência pop eletrônica para expressar como ela está
aprendendo a “aproveitar a sua solidão”, após perceber que está melhor sozinha.
Narrativa que tem continuação em “Wherever I Live”. Porém, desta vez ela se reconhece como uma
mulher mais madura. Com um clima
acústico e vocais angelicais, ao invés
de se referir a um relacionamento passado, se refere à adaptação de sua própria
vida de turnês. Sobre sempre estar sozinha em viagens e quartos de hotéis. É tudo muito cru e sincero.
Outro
aspecto frequente em suas letras são os versos contraditórios. Talvez porque
seja isso que Alessia Cara sente no momento e pretende transmitir. Muitas vezes
ela diz não gostar de algo e logo depois declara que é melhor assim ou já se
acostumou. Como no desabafo “What a life, man. What a life this is” e em seguida “Just me, myself
and nothing, but I taught me how to love it”. É um grande retrato sobre como nós mesmos vamos levando e nos acostumando aos piores medos e mais desagradáveis rotinas que invadem nossas vidas.
E todo
o seu desentendimento do mundo ganha sequência em “All We Know”. Ela expressa o verdadeiro “cair da realidade”. Fala
sobre a vida de todos ser feita de altos e baixos, mas ninguém conseguir fazer
nada em relação a isso. Volta com os sons eletrônicos carregados e desta vez,
com mais emoção. Conta também com referências até aos Beatles, em versos despojados e irreverente como “Paul said ‘let it be’”.
A
segunda metade do álbum segue com uma grande mistura. “A Little More” talvez seja a música mais tranquila e mais pessoal.
O seu videoclipe é feito de gravações caseiras ao contrário dos outros, em que
a artista aparece com a mesma vestimenta em frente a cenários extremamente
coloridos que acompanham a temática da faixa.
Já “Comfortable” volta a falar sobre relacionamentos amorosos, citado
apenas em “Not Today” até agora. Bebe
um pouco do jazz e soa como um clássico. É tranquila, mas tem mais misturas de
instrumentos, o que serve de ponte para “Nintendo Game”, uma das faixa mais divertidas, com direito a referências de jogos do Nintendo para caracterizar um relacionamento de gamers. “This is taking longer than Zelda” se refere ao famoso jogo The Legend of Zelda. Essa última marca o retorno do pop mais animado, trocando o violão calmo por um piano cheio de vida. Essa troca é muito evidente, aliás, em “Out of Love”, onde o instrumento de cordas também é substituído pelos belos arranjos de piano, que aqui dão uma atmosfera única ao disco, mostrando um lado doce e sensível de Alessia.
Para
encerrar o álbum ela decide deixar tudo muito pessoal e mostrar que acima de
tudo, amadureceu. “Girl Next Door”
volta ao estilo minimalista característico da cantora, o que permite que a mesma fale de si mesma e transborde suas raízes.
É a segunda faixa mais pessoal. Expressa seus sentimentos, qualidades, defeitos,
aspectos de sua vida e o sentimento de querer deixar a sua marca no mundo. É tudo muito puro e genuíno. O mesmo segue em “My Kind” e “Easier Said”, onde Alessia Cara dá
conselhos a todos e até a ela mesma, quando passa uma grande mensagem sobre aprender a esperar pelas coisas boas, mostrando como o tempo cura quando se tem paciência.
Por
fim, ela dá outro significado à faixa de abertura. Para fechar o disco, em "Growing Pains (reprise)", o carro-chefe que abre o disco é desacelerado e
passa por mudanças na letra. Antes, a artista parecia estar sofrendo por conta
do novo mundo “adulto” que precisa encarar. Agora, amadureceu e encontrou
forças em si mesma para continuar. Assim, Alessia Cara floresce e inspiram mais uma vez, milhões e milhões de pessoas ao redor do mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário