Que o Weezer não se leva a sério há muito tempo nós já sabemos, mas dessa
vez os caras se superaram. No antecipadíssimo Black Album, a banda
flerta com uma grande variedade de estilos e se esforça muito pra se encaixar
em algum, resultando em um grande divisor de águas na carreira deles. Vem entender
essa loucura!
Após a piada inesperada que foi o
Teal Album, era até de se imaginar
que um desastre estaria por vir, mas o tamanho desse desastre é algo que
ninguém poderia prever. O lead single “Can’t
Knock the Hustle” parecia promissor e, apesar da sonoridade comercial, a
produção e até mesmo as influências nos davam esperanças de que um baita disco
estaria a caminho, mas... ledo engano!
Para a nossa surpresa, a canção
citada acima é uma das poucas faixas que se salvam nesse novo trabalho. O disco
soa como um apanhado faixas descartáveis, com uma produção excessiva e parece
tentar a todo custo se encaixar num programa de rádio. Pra uma banda que já
está lançando seu décimo terceiro disco, isso é consideravelmente preocupante.
A tão comentada “Can’t Knock the Hustle” abre o disco
muito bem e dá até uma vontade, ainda que modesta, de dançar. Logo após, o
sofrimento começa de verdade com a absolutamente desnecessária “Zombie Bastards”. O single tem tudo pra
ser a pior composição da história da banda e mais parece uma sátira de muito
mau gosto à música comercial americana, ou ao menos essa é a melhor
justificativa possível pra tal atrocidade musical.
As coisas melhoram um pouco com “High as a Kite”, que encarna um tímido
e modesto pop rock, que não impressiona muito, mas também não chega a passar
batido. O disco atinge seu ponto alto em “Living
in L.A.”, que de fato é a grande pérola desse trabalho, tendo inclusive
sido escolhida como último single do mesmo. Uma ótima aula de como soar
comercial sem perder a qualidade.
Depois de uma faixa tão
competente, chega a ser frustrante ouvir o que a sucede, mas podem colocar “Piece of Cake” no potinho de farofa e
deixar por lá mesmo, evitem a todo custo. Voltando à programação normal, temos “I’m Just Being Honest”, que também
entra na panelinha do pop rock modesto mas acaba por cair na mesma lacuna de
canções que passariam despercebidas se não fossem de uma banda grande.
Apesar dessa última dupla tão
opaca, “Too Many Thoughts in My Head”
dá um pouco de brilho ao disco e traz influências latinas com violões que
preenchem muito bem a faixa. Os vocais se intercalam entre a calmaria dos versos
e a energia do refrão. O ponto negativo da canção é a sensação de vazio pela
falta de um clímax ou algo equivalente, mas não é de todo ruim.
As três últimas faixas mergulham
em um vortex quase insuportável de
desorganização sonora. “The Prince Who
Wanted Everything” é um pop frio e pretensioso que simplesmente não tem
razão de existência e se posiciona de forma muito desconexa no tracklist. As outras duas
são tão desastrosas quanto. “Byzantine”
chega a cansar os ouvidos pela batida eletrônica e os vocais pra lá de mornos. Por fim, “California Snow” traz um teclado
insistentemente chato que se alia a uma enorme quantidade de compressão para tornar esta uma faixa desafiadora de ser ouvida até o final (o que, aliás, não recomendamos).
Pra uma banda com tantos anos de
estrada, tanta experiência com experimentações entre gêneros e uma identidade
tão única, o Weezer deixou muito a
desejar nesse trabalho. Se Black Album fosse lançado por uma
banda nova, que ainda não tivesse tanto reconhecimento, provavelmente seria
completamente ignorado por crítica e público. O álbum não passa nenhum sentimento
além de frustração e incômodo, a produção excessiva e as letras vazias tornam o
disco extremamente cansativo e difícil de digerir. No mais, poderíamos ter
ficado sem esse capítulo descartável da história da banda, pois não há muito que se aproveite do que nos foi dado e o pouco que se salva não cobre o
prejuízo. Dessa vez não convenceu, fica pra próxima.
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