O Terno tem conseguido cada vez mais conquistar seu espaço no mundo da música. Seu crescimento aqui no Brasil tem sido muito perceptível e eles têm trazido cada vez mais novidades. A de agora é o álbum <atrás/além> que traz novos lados e experimentações da banda. Aproveitamos pra bater um papo com eles sobre isso!
Em cada álbum eles têm mostrado um pouco de cada lado deles. Sempre com questões e conceitos diferentes. Experimentações que estão dando cada vez mais certo. Nesse novo trabalho, eles carregam uma série de novidades e outras experimentações. Todos os novos elementos aplicados a um novo conceito, trazem uma nova cara para a banda. O estilo mudou e eles agora são mais harmônicos e completos como banda.
Nós, aproveitando esse momento recente, conversamos com o Tim, vocalista da banda que nos deu maiores detalhes sobre toda essa criação. Confira a entrevista a seguir:
KT: Primeiramente, gostaria de parabenizar pelo novo trabalho de vocês. E já aproveitando esse momento, gostaria de saber mais um pouco sobre <atrás/além>. Como foi para vocês a construção do álbum e todo o processo de composição?
O Terno: ele é um álbum que tem um processo de
produção longo. Uma vez as músicas prontas, ficamos no estúdio por um ano,
fevereiro a fevereiro agora. O processo da produção das músicas veio antes mesmo.
No momento em que eu tinha começado a gravar o meu disco solo. E ali eu tinha
gravado todo o meu repertório, não tinha mais músicas na gaveta, sabe!?. Então foi um disco que,
pela primeira vez, eu comecei do zero. Acho que por isso também, pelo momento
que eu estava ali, surgiu muito uma “unidade”. Ou seja, as músicas conversavam
entre elas. Era um retrato de um momento em que eu estava passando. De der
repente me encontrar ali, em um final de etapa da vida. De entender que pela
primeira vez estou me lançando com um disco solo. Me lançando no mundo também
como “adulto”, um sentimento de emancipação de uma série de coisas. Então ele acabou
sendo sobre os medos e vontades dessa fase.
KT: Diferente dos anteriores, esse novo trabalho tem músicas que, dessa
vez, conversam entre si, seja liricamente ou na questão dos novos arranjos e do
estilo em geral. Como vocês decidiram criar essa nova conversação? Como foi
trazer relações de um único ambiente para todas as 12 canções?
O Terno: acredito que foi natural. No sentido
de que as canções tinham muita a ver, eram retratos de várias reflexões minhas.
Poderiam até ser uma faixa gigante, como uma música de 50min. Muitas tinham
esse clima mais íntimo e delicado, canções mais leves. Eram calmas de certa
forma. Quando eu comecei a mostrar as músicas para os meninos e começamos a
trabalhar nelas, pensamos muito em como íamos medir a mão para não “tocar de
mais”, sabe? Quebrar a cabeça para achar um minimalismo e saber o que não tocar
também. Por ser uma banda, fazer um disco de banda. Porque ele é um disco muito
das canções. Elas deveriam ser impulsionadas, não abafadas por um trio.
KT: Aproveitando esse momento de falar da banda, como que seria um conceito/mensagem
se concretiza com o nome da banda e os integrantes?
O Terno: o nome da banda é uma coisa muito interessante,
principalmente chegando nesse disco. Ele surgiu de ser um trio, tem esse
significado de trio e tinha muita ligação com a estética de quando a banda
começou, do terninho. De uma coisa meio sixtie que a gente gostava. Ganhou também muito
o significado de ternura, que nem tínhamos imaginado inicialmente. Com o
terceiro disco, que eu acho um disco muito terno, nesse sentido: “terno” de “ternura”.
E nesse último álbum a gente separa, vai decupando em três palavras
individuais: “O”, “Ter” e “no”. O “o” falando do sujeito, “o” solitário. O “ter”
da bagagem que você traz, o que você carrega e tem com você, o que você pode
trazer consigo e o que não vai mais trazer. Por fim, o “no” de onde você está
ou para onde você vai. Algo sobre contexto. Então, o significado do nome da
banda foi se transformando e acho que agora ele chega a um ponto de desmonte
total.
KT: Artisticamente
falando, é uma obra um tanto quanto orquestral, o novo álbum é realmente novo
em muitos sentidos. Como foi inserir esses novos elementos? Por que essa
escolha pelos elementos orquestrais?
O Terno: eu acho que esse era um caminho que
já estava chegando. A gente tinha explorado um bocado disso no Melhor do Que Parece, mas encaixando
umas coisas de sopros e cordas. É algo que no meu disco solo eu desenvolvi bastante, ele é bem
orquestrado. Porém, um álbum sem banda. Mais piano e voz, ou violão e voz com
orquestra. Agora, chegando no <atrás/além> acho que ele junta
essa coisa dos dois álbuns. O meu e o anterior do terno, que chama a banda com
a orquestra. Por serem músicas muito líricas e sentimentais, o que a orquestra
traz de uma potencialidade emocional tinha muito a ver com as coisas. Então,
foi um caminho natural.
KT: O álbum é como uma experimentação literária, onde nós nos aprofundamos
nesse ambiente. A junção dos elementos parece ter sido o que mais nos provocou
essa ideia de pensar em “como isso tudo começou?”. De quem foi a ideia de criar
esse novo ambiente para vocês e para nós (ouvintes)?
O Terno: não sei se existiu uma ideia de criar
um ambiente assim, mas é um retrato de um momento de criação meu. Do tipo que
coisa e o jeito que eu estava escrevendo naquela época. A gente até brincou
que, assim como a capa, ela tem a ver um pouco com a poesia concreta. Eu sempre falei muito concretamente das coisas. Nesse disco, falamos
sobre temas abstratos, de vontades, de vazio, esperança, de medo e coisas
assim. Mas mesmo assim, fazemos de maneira concreta. Ele é, de certa forma, poético
e concreto. Então, para além dos assuntos do disco, que tem muitos
interessantes e não tínhamos falado disso desse jeito. Tem um jeito de escrever mais
poético e lírico, mas ele ainda é bem claro. Foi algo como o reflexo do
momento. Um pensamento de “vamos criar isso”.
KT: Que novo conceito vocês
usaram e o que vocês gostariam de transmitir com <atrás/além>?
O Terno: para mim, na junção das músicas. Muitos
falam sobre isso, da sensação de ir. Ir para o mundo. Como se estivesse pronto.
Tivesse terminado uma etapa de formação e se jogado no mundo. Então, diz muito
sobre homenagens. Despedida de uma fase ou etapa grande da vida e chegada da
vida adulta. Também uma vontade ou esperança no futuro de construir alguma
coisa. Com isso, trata dos amores, das vontades, percepção sobre a geração. Do
que é isso de se jogar no mundo, ou o que é o jovem hoje em dia.
KT: Vocês têm alguma faixa favorita ou que teve algum processo criativo
inesperado?
O Terno: não sei porque, às vezes você tem uma
favorita, às vezes você enjoa de outra. Gosta de uma, depois passa a não
gostar. Mas, tem uma música que gosto bastante, que tem muito a ver com o
conceito geral do disco, que é “Passado/Futuro”. Essa faixa é diferente de
outras coisas que tínhamos feito ou trabalhado em cima com o trio. Ela tem um refrão
muito simples: “Nunca mais o meu passado. Para sempre o meu futuro. Nada certo,
nada errado. Tudo claro, tudo escuro”, que tem a ver com o que a gente tinha
buscado no Melhor do que parece. Conseguir
falar bastante com poucas palavras. Porém, os versos já são quase uma história,
algo que fizemos no segundo disco. Tem esse menino que resolve pular o muro em
um bairro chamado “passado”. Ele tenta pular para esse bairro que se chama “futuro”.
Sobre as questões existenciais desse menino, desse povo, dessas coisas, é
misturado com essa questão que é uma coisa mais ampla, geral. Depois ainda tem uma
parte final que é totalmente diferente. Então, é uma faixa diferente das outras
que a gente já tinha feito antes. Por isso, é uma que me chama a atenção hoje
em dia.
KT: Para finalizar, como
estão os planos e expectativas para o futuro?
O Terno: Agora a gente está animado, porque estamos
ensaiando o show. Vamos começar a partir do final de maio. A gente começa a
turnê no Auditório do Ibirapuera, serão três noites lá. Um show que além de nós
três, terá um quarteto de sopros para somar essa coisa dos
arranjos que tem muito no disco. Um som que vai ter a ver com as músicas dos
outros discos. Agora é isso, começar a tocar esse álbum na estrada. O show vai
sempre transformando muito e aprendemos muita coisa. Também a vontade de fazer
mais clipes para esse disco. No primeiro momento é isso. Acho que mais um ano
trabalhando no <atrás/além>.
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