Após o sucesso de Cleopatra, nossos queridos do The Lumineers estão de volta com mais um projeto audiovisual cheio de conceito. O álbum III será lançado aos poucos, dividindo-se em três capítulos, três personagens, de três gerações diferentes. A primeira parte do disco já está disponível e nos apresenta à vida caótica de Gloria Sparks, primeira personagem dessa série. Impossível não se emocionar!
Você pode até não acompanhar a banda de perto, mas tem algo que é claramente unânime: The Lumineers tem se diferenciado muito bem das demais bandas do mercado indie folk desde seu último álbum, sendo hoje um dos maiores nomes do gênero, e isso não é à toa. Todo esse sucesso se deve pelo fato de que, além de grandes músicos, eles também são admiráveis contadores de histórias. Foi assim com Cleopatra e continuará nessa linha com o novo álbum III.
Com maestria, a banda traz sacadas bem pensadas e narrativas que, de certa forma, nos fazem refletir sobre o mundo moderno e suas consequências. Já no primeiro capítulo deste projeto, com melodias cativantes e poderosas, somos introduzidos à dependência de drogas, transtornos psicológicos e relacionamentos disfuncionais que giram em torno da personagem de Gloria Sparks. São temas recorrentes do nosso dia a dia. Eles estão nos jornais, nos vizinhos, às vezes até em nós mesmos, e, por este motivo, criamos uma conexão de empatia com Gloria e seu entorno. É o retrato perfeito da natureza humana.
Com um lindo piano, “Donna” abre o capítulo contando, de um jeito emocionante cheio de adrenalina, a história de Gloria Sparks em um estado crítico, com um bebê recém-nascido, seus vícios que fogem do controle e as lembranças de sua falecida mãe Donna. A composição é poética e intensa, perfeita para ilustrar como a falta de amor e o descaso foram passados de geração em geração: “If you don’t have it then you’ll never give it / And I don’t blame you for the way you livin’. Dá quase para fazer uma psicanálise por meio de toda a trama, que ganha ainda mais dramaticidade no clipe genial estrelado por Anna Cordell.
Seguindo, temos a épica e grandiosa “Life In The City”, que traz um instrumental mais iluminado e muito expressivo. Aqui vemos Gloria no passado tentando a vida em Nova York, em um bar movimentado e uma noite solitária: “Living life in the city / Oh-oh, it will never be pretty”. Os olhares perdidos de Gloria nos apresentam à história de como seu atual filho foi fruto de uma traição, diferente do que esperávamos. Assim como todos os clipes, os takes sempre estão em perfeita sintonia com a letra da música, tornando tudo ainda melhor, e adicionando um toque de storytellers especialistas. E, especialmente nessa faixa, temos uma surpresa maravilhosa: o ressignificado de versos da música “Sleep On The Floor”, que se encaixam perfeitamente na canção.
Para fechar com chave de ouro, temos a pulsante “Gloria”, que encerra o capítulo descrevendo a rotina da personagem detalhadamente: vemos ela brincando com seu filho, depois bebendo sem limites, até ser hospitalizada e, mais tarde, brigando violentamente com seu marido. Acabamos com os dois em um acidente de carro bem feio e Gloria fugindo desesperadamente quando a polícia chega. É realmente desolador acompanhar sua trajetória, a ponto de que no final nos questionamos: “Gloria, have you had enough?”.
Após apreciar cada nota, sílaba e momento contado, ficamos ainda mais ansiosos para o álbum completo. Podemos esperar por um lançamento mais sombrio e aprofundado com a família Sparks. O disco será lançado em sua totalidade no dia 13 de setembro, mas já estamos esperando o capítulo 2 ser lançado enquanto o grande dia não chega.
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