O que esperar de “Madame X” e a inspiração por trás do novo álbum de Madonna

A rainha do pop está de volta! Madonna promete dominar 2019 com seu décimo quarto álbum Madame X. Já tivemos algumas amostras em músicas como "Medellín" e "Crave". O que podemos esperar deste lançamento tão aguardado?

Ao decorrer de sua longa carreira, Madonna enfrentou altos e baixos, tanto de popularidade quanto de criatividade. Da última vez que a vimos completamente imersa em um conceito bem amarrado e executado foi em 2005, quando lançou o dançante Confessions On A Dance Floor - catapultando-a novamente para o topo das paradas e a aclamação crítica.

O que veio a seguir foi uma série de inconstantes momentos, muitas vezes pautados pela inércia do poder do nome “Madonna”. Seu trabalho de 2008, Hard Candy, rendeu alguns hits e ainda lhe rendeu sua turnê de maior sucesso - e a maior turnê feminina da história, a Sticky & Sweet Tour. O álbum, no entanto, soava linear e não era tão inovador. Nos anos seguintes, o padrão se repetia: MDNA (2012) trazia um bom conceito, mas que não foi tão bem executado; Rebel Heart (2014) se perdeu em meio ao vazamento precoce do trabalho, deixando-o desorganizado e perdido. Ainda assim, cada álbum de Madonna ainda soava, de alguma forma, charmoso. Mesmo quando beira os extremos, é interessante ouvir a confiança de sua voz.

O próximo passo era delicado, pois apesar de seu status inegável de lenda, Madonna precisava provar que ainda consegue surpreender. Assim, nasce o conceito mais interessante da artista desde seu genial Confessions, o surgimento de Madame X.

Rapidamente, é importante recordarmos de quem Madame X de fato se trata: uma polêmica pintura de John Singer Sargent, que retratou sua esposa Virginie em um vestido preto com um decote provocativo, ainda mais levando em consideração a época dos acontecimentos: 1884. Conhecida pelo seu charme irresistível e boa relação social, Virginie tinha o costume de pintar os cabelos e as sobrancelhas de henna preta. Logo, é perceptível que Frida Kahlo talvez não tenha sido a única inspiração para a capa da versão standart do álbum.

Voltando à Madonna, é interessante acompanhar as nuances de sua percepção do conceito “Madame X” - que até mesmo Christina Aguilera já utilizou no passado. A persona que Madonna incorporou é multi-facetada, sensual, misteriosa e no comando - semelhante à personalidade da própria cantora. Madame X sabe usar sua influência em qualquer lugar do mundo, utilizando-se destemidamente de seus maiores atributos.

Isso é refletido também na sonoridade do álbum - até agora. O primeiro single, “Medellín”, que conta com a parceria de Maluma, obteve uma recepção fria dos fãs, mas continua sendo uma das melhores canções de Madonna. Por mais que a sonoridade latina já tenha sido amplamente explorada, “Medellín” flerta com vários ritmos - obtendo, assim, um resultado refrescante para seu repertório. A segunda canção liberada, “I Rise”, é uma midtempo em que os vocais de Madonna estão no ponto certo - firmemente, ela impõe a mensagem política e social da música em uma melodia cativante. Já “Crave”, liberada por último, harmonizam muito bem a mensagem com a melodia - a participação de Swae Lee traz uma reafirmação suave de posicionamento e não atrapalha a canção.


Nos resta, portanto, esperar pela obra completa. No entanto, Madonna parece ter se comprometido fielmente ao conceito apresentado, e isso já o coloca num grau de expectativas que há anos não tínhamos quando se tratava da rainha do pop. Que ela volte e dê seu nome!

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