Lagum, a grande revelação da música nacional, acaba de lançar seu novo álbum, o primeiro com o selo da Sony Music. Em Coisas da Geração, o grupo mineiro aborda temas universais e recorrentes na atualidade sob olhar de uma geração tão complexa hoje em dia: os millennials. Tudo isso com uma pluralidade musical sem igual, misturando rock, pop, reggae, entre outros ritmos.
Para quem ainda não conhece, os meninos bombaram com o single "Deixa", em parceria com Ana Gabriela, que hoje já acumula mais de 50 milhões de streams. Desde então, o Lagum tem sido um doas maiores nomes da nova MPB. E agora, com o segundo disco, a banda está pronta para também ser a voz de uma nova geração que vive no eterno contraste de amores e desamores.
Em plena calmaria, o grupo traz um leque de sentimentos que inspiram e conectam de forma muito verídica e autêntica. É um reflexo bem transparente dos relacionamento frágeis, dúvidas, dores e consequências da ansiedade. São temas universais que trazem não só um diagnóstico dessa nova geração, mas também um sentimento de empatia, preenchimento e compreensão.
Banhado à calmaria colossal de seu ritmo, Lagum nos mostra que está tudo bem ter as emoções a flor da pele. E, mais do que tudo, a banda dá significado à dualidade de detestar despedidas, se sentindo carente, e a vontade oposta de querer simplesmente andar sozinho, às vezes, aproveitar a noitada e curtir o momento.
A canção "Coisa de Geração" explora esse conceito muito bem: “Sou só eu ou mais alguém também se sente estranho aqui/ Se eu pensasse um pouco menos talvez não seria assim/ Eu levo a vida até que normal, um dia seco outro sentimental”.
A narrativa é bem pensada e é possível sentir o desapego acontecendo. No começo do disco, com o reggae de "Detesto Despedidas" e o pop de "Chegou de Manso", o grupo ainda retrata a vontade de estar junto com a pessoa que ama, mesmo com desencontros. O amor vai se tornando líquido aos poucos. Na balada picante "Andar Sozinho", o sentimento é transformado em algo mais momentâneo. E, na deliciosa "Oi", já começa a ser explorada a individualidade mais livre.
E não é só de sentimentos bons que se faz o disco. A banda também fez questão de explorar, de forma bem crua, o sentimento de se sentir desolado, traído em momentos de pura ousadia. Vemos isso claramente no reggae rápido e despojado de "Vai Doer no Peito" e na fluidez de "Reggae Bom".
O lado mais sensível do Lagum também ganha vida em "Se For Pra Ser", onde a rua deixa de ser sinônimo de curtição e passa a trazer lembranças ruins: "Já pensei se eu te encontro nessa rua / Onde eu me acostumei a te esperar". O sentimento de saudade também toma conta no violão lento à la Jorge Ben Jor de "Falando a Verdade". Ainda em clima mais de solidão, na melódica "Lua" os desejos e tristes lembranças ganham uma composição muito inspirada e cheio de analogias, em que Pedro Calais, vocalista e compositor da banda, traz versos compara sua parceira com a lua: "Você cheia de fase, eu cheio de mania / Quem dera eu também pudesse te ter de dia".
Para fechar com chave de ouro, a solar “Fale Mais”, a autobiográfica “Pedro” e a roqueira catártica “É Seu” completam as 14 faixas do disco Coisas da Geração, nos deixando uma sensação positiva e incrivelmente acolhedora.
Com um conceito muito bem definido, o Lagum nos faz a refletir sobre os anseios de toda uma geração, dando significado à personalidade camaleônica dos millennials de forma realmente impactante. É um processo de identificação e refúgio que faz comprova o fenômeno que a banda é hoje. Coisas da Geração tem tudo para ser um grande divisor de águas para o grupo mineiro!
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