Julia Michaels continua sendo um livro
aberto em Inner Monologue. A
cantora lançou recentemente a segunda parte da obra e cada capítulo parece vir do
fundo de sua alma. O álbum tem um pouco de tudo: tanto faixas com clima
divertido, quanto melancólico.
Ele é um compilado de apenas 8 músicas
que transitam entre um ritmo mais carregado em sintetizadores e aquelas mais acústicas,
com poucos instrumentos e o violão marcado, parecidas com “Anxiety” e “Happy”
presentes na parte 1. A diferença é: agora a cantora aprimora o conceito do
monólogo interior e inclui a melodia na ideia.
Em todas as letras Michaels
realmente parece estar falando com ela mesma. É um tal de “eu deveria ter feito”
e “se lembra daquele momento?” aqui e ali. Principalmente na faixa de
encerramento, “Shouldn’t Have Said It”,
onde ela avalia toda a experiência relatada e tira as suas conclusões. Do modo
que um verdadeiro monólogo deveria ser. Às vezes encarar a realidade é duro,
por isso a atmosfera da música é triste e pesada. Se as histórias são pessoais
já não sabemos. Porém, temos certeza que ouvimos muitas decepções e reflexões que servem de lição de vida.
O curioso mesmo é o fato que, quando
o erro vem da parte da pessoa amada, a letra pode até ser obscura, mas a
melodia é quase sempre acústica e descontraída, como acontece em “Falling for Boys”. As mais
melancólicas, por sua vez, têm a atmosfera pesada para abordar julgamentos
sobre ela mesma. “Body” é uma das
mais tristes e retrata como o narrador conseguia ser abusivo com o parceiro. Os
versos também têm uma pitada de insegurança e crítica ao self love quando os vocais cantam “I wanna love my body like you
love my body”.
Talvez esse seja todo o conceito final.
Os próprios erros trazerem ainda mais tristeza do que o erro dos outros. Ninguém
consegue entender a todos, as situações em conjunto fogem do controle e cada um
acaba tendo a sua interpretação pessoal sobre os fatos. Quando a pessoa amada
erra, você se afasta. Agora, quando o erro vem de si mesmo, não tem como fugir.
O que se torna muito mais difícil de superar.
O único aspecto constante em Inner
Monologue Part 2 é o clima romântico.
A voz tranquila e suave da artista nos faz sentir a paixão no ar do começo ao
fim, mesmo que as relações não estejam dando certo na narrativa. Em “Hurt Again” ela mostra ter dificuldades
até em estabelecer confiança com uma pessoa nova. Segundo ela “ I can see
the future, it doesn't look pretty ... ready to be hurt again”.
O disco consegue ser um autojulgamento
e ao mesmo tempo, um julgamento aos outros. Contudo, Julia Michaels chega a conclusão
e aceita em “Fucked Up, Kinda”,
parceria com ROLE MODEL, que mesmo depois de todas as frustrações ela sente
falta dessa vida de “fucked up kind of love”. E por fim, amadurece e admite as
suas inseguranças e erros na já citada “Shouldn’t
Have Said It”.
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