Na última semana o rap brasileiro
foi honrado novamente com um novo álbum de Djonga.
Histórias da minha Área é um
compilado de 10 faixas que tem de tudo um pouco. Todas composições são extremamente importantes e a musicalidade é sempre muito agradavel aos ouvidos.
A riqueza desse álbum são as letras, que podem ser divididas em três temáticas: temos as canções sobre o amor e atração física, aquelas que narram a nova vida de cantor e todas as conquistas de Djonga e claro, aquelas contendo grandes críticas sociais e que contam sobre a dura realidade de quem nasceu negro e nas favelas do Brasil.
Histórias da Minha Área mistura
o rap a diversos estilos como pop, o funk, principalmente em “Mania”, e MPB em “O Cara de Óculos”, muitas
vezes por conta das colaborações presentes. O primeiro, com Mc Don Juan e o
segundo com a participação da cantora Bia Nogueira. Por isso, “Gelo” também se apresenta uma das
faixas mais diferenciadas. É mais agitada que a maioria e tem influências do eletrônico
e do hip hop pela presença de NGC Borges e FBC.
O restante segue o mesmo estilo
que ele já utilizava em outros trabalhos, com a melodia lenta, sensual, batidas
de rap e sons eletrônicos. Os vocais são falados e deixam a mensagem que ele quer
passar bem claras para o ouvinte.
Logo no início temos um baque de
realidade. Nas primeiras faixas, o rapper milita sobre os negros que morrem nas
favelas, seja por conta do tráfico, seja por conta do abuso policial. Ressalta a
pobreza, a fome e a necessidade de repartir os ganhos. Além de outras dificuldades
enfrentadas por quem mora no local. Com “Não Sei Rezar”, ele comenta o fato dessa parcela pobre da
sociedade ser privada até de
estar em contato com a religião, juntamente a “Deus Dará”, que menciona também a falsa meritocracia presente em
nossa sociedade, se faz o combo das canções mais críticas do álbum.
Até que “Otto Patamá”, sem fugir das críticas, faz parte do grupo de faixas
pessoais que começa a contar um pouco sobre as conquistas do próprio cantor.
Tudo isso sem esquecer também de suas origens e ter orgulho dela. Assim como é
feito também em "Hoje Não" e “Amr Sinto Falta da Nss
Ksa”. Porém, aqui entra ainda uma pitada de relacionamentos amorosos.
Já “Procuro Alguém” e “Todo Errado”
são das músicas mais românticas e que narram episódios dessas relações, sempre
colocando a mulher em um pedestal e comentando até um pouco sobre os problemas
que elas estão em contato apenas por seu gênero. A primeira é a mais suave e romântica
de todo o disco. Tem as influências do jazz antes mencionada, batidas mais abafadas
de piano e seus versos ressaltam muito o “sinônimo de amor”.
Pode-se dizer que o álbum honrou a ideia das “histórias
da minha área” e tem de tudo um pouco. É também um trabalho muito pessoal e
sincero. Também é importante para abrir os olhos de quem o ouve por contar
sobre uma realidade que nem todos têm conhecimento, principalmente das dificuldades.
Tem momentos de crítica social e também de descontração através do amor.
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