"Gostamos de nos desafiar e não temos medo de ampliar nossas influências", revela Rou Reynolds sobre experimentações do novo álbum do Enter Shikari

No dia 17 de abril, Enter Shikari surpreendeu a todos com o sexto álbum da carreira, Nothing Is True & Everything Is Possible. O projeto é marcado por sua ambição artística, inovação musical e produção extremamente confiante. O disco é uma obra punk, eletrônica e orquestral que certamente fará história na carreira da banda. Aproveitando o lançamento, conversamos com a banda sobre seu amadurecimento e o processo criativo sem limites que os levou até o universo deste novo álbum.

Confira a entrevista na íntegra:

KT: Vocês estão juntos por duas décadas agora. Como que o som e estilo da banda evoluiram do seu debute até o Nothing Is True & Everything Is Possible?

Rou Reynolds: Bem, eu não estou mais soando como um gato estrangulado que nem nosso álbum de estreia (risos)! Eu sinto que nosso som cresceu, sem dúvidas. Não somos o tipo de banda que gosta de lançar o mesmo som em cada novo disco. Gostamos de nos desafiar e não temos medo de ampliar nossas influências. E também para mim, como compositor, é importante poder transmitir uma ampla gama de emoções, portanto, aumentar nossa instrumentação e inspirações sempre será importante.


KT: Sendo um dos maiores nomes da cena post-hardcore, como você se sente em relação aos fãs mais tradicionais quando o Enter Shikari decide experimentar mais e assumir mais riscos na produção?


Rou Reynolds: Eu acho que quem segue nossa banda agora espera o inesperado! Estamos muito inquietos, então, a cada álbum tentamos algo novo. Se as pessoas querem que continuemos soando de uma maneira específica e nunca progredimos, podem entrar em contato. Eu posso escrever músicas especificamente para elas, meu valor é bem razoável.


KT: Quais bandas da cena você mais admira por abraçar novos sons e se reinventar com sucesso?

Rou Reynolds: O Biffy Clyro, Paramore e Hundredth.

KT: Quais foram os maiores desafios durante o processo criativo do Nothing Is True & Everything Is Possible?

Rou Reynolds: Normalmente, o maior desafio é o ponto em que entramos de vez no estúdio. Desta vez, chegamos a 50 ideias de músicas, e ter que reduzir para 20 foi tão difícil. Eu adoraria ter tempo para desenvolver e terminar todos eles. Outra parte difícil do processo é garantir que o registro ainda pareça uma jornada constante, mesmo que seja incrivelmente diversificado. Você deve ficar de olho no quadro geral durante todo o processo. Mas, de longe, o maior desafio foi parar Rory de comer todos os biscoitos para que pudéssemos comer um pouco também (risos).

KT: Qual é o principal conceito e mensagem que vocês quiseram passar no álbum?

Rou Reynolds: O álbum gira em torno de possibilidades. Vimos tantas coisas acontecerem nos últimos 5 a 10 anos que nunca teríamos pensado que seriam possíveis antes. Tantos choques políticos e até a pandemia agora. Nosso senso de normalidade foi prejudicado. Assim, o álbum passa a abordar o apocalipse que se aproxima junto a  sentimentos de esperança e perseverança.



KT: O que inspirou a capa do álbum e como ela agrega ao conceito?

Rou Reynolds: O busto da Grécia Antiga representa a sabedoria antiga que devemos a esse período; filosofia, pensamento crítico, lógica etc. O restante da obra de arte é apenas uma bagunça de estilos e cores, incluindo um censor na boca do busto. Representa como nos distraímos - e como nosso sistema socioeconômico nos distrai dos problemas maiores e do cenário geral. Silenciamos sabedoria, discussão e cooperação em favor das demandas de lucro a curto prazo do capitalismo.

KT: Quais são suas músicas favoritas do momento agora?

Rou Reynolds: Estou ouvindo mais músicas relaxantes no momento, porque ando muito ocupado trabalhando, então eu diria essas três:
Get Cape Wear Cape Fly - Remember
Henrik Hoven - weekend
Johnny Flynn - Detectorists

KT: Sabemos que em tempos difíceis de pandemia, o mundo está em uma granda incerteza. Mas recentemente, vocês anunciaram a turnê europeia do Enter Shikari. Alguma chance de virem para o Brasil?

Rou Reynolds: Nós iríamos amar! Esperamos que ano que vem tenhamos essa chance!

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