Revelação da cena punk rock nacional, a banda Meu Funeral estreou recentemente no cast da Universal Music com o lançamento do EP Acabou, primeira parte do álbum Tropicore Hardcal, que promete externalizar grandes revoltas do mundo atual. Com muita energia e bom humor, o trio não exita em falar de política, mortalidade, injustiças e até o amor nesse primeiro trabalho. Com tanta novidade, aproveitamos para bater um papo com a banda sobre o movimento punk no Brasil e a proposta deles como banda.
Confira a entrevista completa na íntegra:
KT: Como vocês enxergam a evolução do punk ao longo das décadas? Incluindo pontos altos e baixos do movimento.
Meu Funeral: O punk tem uma história bem controversa, mas muito maneira de observar. É um movimento de questionamento ao status quo. Ao longo da história tiveram várias bandas que fizeram isso, e várias delas nos influenciaram. Nos anos 90, a cena ganhou uma projeção maior ainda, indo para uma área mais melódica, o que nos faz muito parte da nossa essência também. O mais legal é ver isso se expandindo para diversas tribos. O punk virou não só música, mas uma atitude que vai além do punk rock.
KT: Comparando até um pouco com o nível internacional, como vocês enxergam essa cena punk hoje em terras brasileiras? Quais bandas daqui vocês mais admiram?
Meu Funeral: Tem muita banda legal rolando, mais no underground, né? O próprio Bullet Bane, o Molho Negro e os Abraskadabra, que vão participar do nosso próximo EP. E comparando com a gringa, eu acho que jogamos o mesmo nível que eles aqui também. Não tem porque achar que as coisas que vem de lá vão ser melhores necessariamente. Prefiro, por exemplo, essas bandas que citamos do que grande parte das que vem da gringa. A diferença é que lá, em termos de cultura, é algo muito mais sustentado. Eles acabam tendo mais projeções na carreira por conta disso.
KT: E como a banda veio a surgiu? Como nasceu o Meu Funeral?
Luquita - Meu Funeral: Veio de uma crise existencial minha. Estava quebrado, precisando de dinheiro. Comecei a fazer mais músicas e falei com o Dan de fazer uma banda, mas acabou não rolando. Aí, continuei a fazer música e um amigo ofereceu um estúdio para gravar. Foi o Felipe Vellozo, que teve grande importância pra gente. Ele tocava para a Mahmundi e hoje toca para a Duda Beat. Foi a primeira pessoa que abriu as portas pra gente. Aí, comecei a procura por um guitarrista. Eu sempre mostrava vídeos do Pepe cantando para os candidatos. E um certo dia, eu tomei coragem e convidei o próprio Pepe. Ele aceitou. Aí, no final de 2018, o Dan entrou e formamos a banda. E foi assim que surgiu. O que une a gente é o amor pelo punk rock, pela música, pela diversidade e com a cabeça voltada para a esquerdopatia (risos).
KT: Quais foram os maiores desafios do processo criativo do álbum “Tropicore Hardcal”?
Meu Funeral: Certamente, a quarentena! Estar na cena independente é um desafio por si só. Admiro tanto esse pessoal que, mesmo trancado em cada, está conseguindo fazer tudo acontecer. E com a gente foi a mesma coisa! Tivemos que manter a concentração para levar o projeto durante a quarentena.
KT: Quais músicas vocês acreditam que vocês mais ousaram e experimentaram mais e por que?
Luquita - Meu Funeral: Eu acho que "Tudo Bem", do EP antigo. Tem uma pegada meio folk e country. Eu afinei uma garrafa pet no tom da música e fiquei assoprando para dar um clima. Tem uma estética bem lo-fi e ficou bem maneiro.
KT: Tem alguma curiosidade que as pessoas nem imaginam sobre esse projeto novo, “Tropicore Hardcal”?
Meu Funeral: Uma curiosidade é que começamos a trabalhar nele antes mesmo da pandemia. Outra curiosidade é que só fomos decidir o nome do disco no dia que saiu o EP mesmo. Também tem um fato de que algumas canções tiveram umas três versões até chegar na melhor forma. A gente também pensou em chamar o álbum de Democracia Chinesa, para fazer uma piada com o Guns N Roses que demorou uma década para lançar um álbum.
KT: Para finalizar, qual é um grande sonho pra carreira?
Meu Funeral: Atualmente é estar com todo mundo vacinado para a gente rodar com shows. Nem diria que é tocar em um grande festival. É só estar na estrada, de volta, tocando para o pessoal. Sinto falta de ter aquele frio na barriga pensando algo como "vou tocar hoje pela primeira vez na Bahia", sabe? Isso é sonho.
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