Demi Lovato tem muito a dizer e é através de Dancing With The Devil… The Art of Starting Over, seu sétimo álbum de estúdio lançado na última sexta-feira (2), que ouvimos histórias dos últimos quatro anos conturbados da vida da cantora. Após superar uma overdose que quase a matou, Demi retorna ao mundo da música disposta a mostrar as lições aprendidas com o episódio fazendo o que ama: cantando.
Voz e piano abrem o projeto com “Anyone” que já havia sido apresentada aos fãs na emocionante performance no Grammy em 2020. A canção soa explicitamente como um pedido de socorro. “Ninguém está me ouvindo” e “por favor, me envie alguém” são alguns trechos da música escrita em 2018. Como em uma narrativa em ordem cronológica, a segunda faixa do álbum é “Dancing With The Devil”, que retrata o abuso de álcool e drogas pela cantora. Além do documentário que leva o mesmo nome, a música conta com um videoclipe onde Demi revive a noite que sofreu a overdose.
Após o acontecimento, a cantora revelou que sofreu com sequelas sendo uma delas não conseguir enxergar a própria irmã enquanto estava no hospital. Em “ICU (Madison’s Lullabye)”, Demi se declara e pede perdão à irmã mais nova em uma das músicas mais emocionantes do álbum. Com apenas o piano acompanhando sua voz e como o próprio nome sugere, é como se a cantora estivesse colocando a irmãzinha para dormir.
“Eu perguntei se alguém conseguia me ouvir, assim como eu dancei com o diabo, e por causa disso eu estava cega, mas agora eu vejo. Deixe-me levá-lo em uma jornada que retira a pele do meu passado e incorpora a pessoa que sou hoje, essa é a arte de recomeçar”, afirma a cantora na “Intro” do disco.
“The Art Of Starting Over” marca o início da nova jornada de Demi e da pessoa que a cantora pretende se tornar. É uma canção que exalta a necessidade de se amar e de recomeçar, a música conta com uma melodia pop orgânica e refrescante, assim como a faixa seguinte “Lonely People”.
Em “The Way You Don’t Look At Me”, a voz doce e o violão que a acompanha contrastam com uma letra melancólica. A canção conta com trechos como “mas eu tenho tanto medo de que se eu me despir, você não vá me amar depois. E eu estive no inferno e voltei, mas isso não é aquilo”. Ela foi co-escrita por Julia Michaels, que também assina outras três faixas do álbum, “Good Place”, “The Kind of Lover I Am” e “Melon Cake”. A última citada conta com uma harmonia cativante e uma performance poderosa. A faixa fala sobre como a ex-equipe de Demi controlava sua alimentação e das pessoas que estavam ao seu redor.
Uma das parcerias mais aguardadas pelos fãs, “Met Him Last Night”, com Ariana Grande, não poderia ser diferente e conta com os vocais marcantes em harmonia das duas artistas, além da influência do trap. Contando sobre uma desilusão ("Eu vi o diabo, o conheci noite passada"), Ariana assina como uma das compositoras. “What Other People Say”, o dueto já conhecido com Sam Fischer, é outra parceria que merece destaque pelos fortes vocais que exalam emoção.
Nas suaves, porém vibrantes “Carrefully” e “The Kind Of Lover I Am”, Demi fala sobre entrar em relações românticas, mas sem deixar de lado o amor por si mesma. Em “The Kind Of Lover I Am”, a cantora que recentemente revelou ser pansexual, afirma que “não importa se você é homem ou mulher, esse é o tipo de amante que eu sou”. Em “Easy”, ao lado de Noah Cyrus, Demi entrega mais uma tocante balada, algo recorrente no projeto.
Em “15 Minutes”, Demi canta de forma enérgica e segura sobre um término e a música é apontada pelos fãs como uma resposta ao ex-noivo da cantora, o ator Max Ehrich. Shade ou não shade, a canção mostra a maturidade musical que Demi adquiriu desde Tell Me You Love Me, de 2017. Na última parceria do disco com a rapper Saweetie em “My Girlfriends Are My Boyfriend”, assim como na colaboração com Ariana, o trap se mistura ao pop em uma canção sobre girlpower e a celebração de amizades femininas. Essa faixa em especial tem um grande potencial para ser hit no TikTok.
O álbum ainda conta com o cover de “Mad World” da banda Tears for Fears” onde mais uma vez, os vocais de Demi dividem espaço com o piano. E, chegando à reta final, nos deparamos com a comovente “Butterfly”. A cantora aborda temas de recomeço e a exaltação da imperfeição mais uma vez na espontaneidade de “California Sober” e na sentimental “Good Place”, que encerra o projeto com chave de ouro. Apesar da evolução, Demi reconhece que não deve parar por aqui.
Recheado de baladas e um faixas libertadoras cheias de sensibilidade, as músicas extreamente dançantes não fazem falta aqui. Demi entrega, através dos vocais e das composições, algo ainda mais poderoso. Das 19 canções presentes em Dancing With The Devil… The Art Of Starting Over, 13 foram co-escritas por Demi e após inúmeros rumores veiculados nos tabloides do mundo todo, ouvir a versão da personagem principal dessa trama é revigorante.
Escrito por: Thais Vieira
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