Zeeba fala sobre o single “Cansei”, novo álbum e mais em entrevista

“Primeiro indie, depois pop, depois R&B”. É assim que Zeeba define a sonoridade de seu mais novo single, “Cansei”, parceria com a cantora Carol Biazin. A faixa, que fará parte do próximo álbum do artista, já está disponível em todas as plataformas digitais e foi lançada juntamente com um visualizer, complementando a mensagem trazida pela música.
 
A canção surgiu num dia em que ele e Bruno Martini, produtor de “Cansei”, estavam fazendo uma mistura de sons no estúdio. “Sempre gostei muito da voz dela e a gente [ele e o Bruno] falou ‘cara, essa música é perfeita pra voz da Biazin, vamos mandar pra ela’. Foi super rápido, a gente fez em um dia a gravação”, conta o cantor. Para ele, o dueto bilíngue funcionou de forma legal, visto que as transições de língua não soaram incômodas. “É difícil fazer o português soar bem com uma produção mais gringa, numa pegada mais internacional, e a Biazin faz isso muito bem. Tô muito feliz com o resultado, eu sou viciado nas minhas próprias músicas [risos]”.

A letra fala sobre um relacionamento que está no fim, o que pode ser percebido no vídeo que acompanha o single. “Eu e a Carol estamos cada um numa cor como se fossem duas energias diferentes. Eu tô na minha própria vibe, ela tá na dela, então a gente quis passar várias sensações e várias analogias brincando com as cores, com o ambiente e com os elementos que estão ali”. Isso se estende para a capa do single (uma torradeira com uma torrada queimada), que segundo Zeeba, explicita algo que ficou ali por muito tempo e que não tem mais como extrair nada daquilo.

Outro detalhe interessante do visualizer é a cena da xícara, na qual o café transborda do recipiente. “Quando acaba um relacionamento você vai pra outro, nova página. Tanto que quando acaba o clipe, fica tudo branco de novo, vai ter uma outra pessoa. Então é sempre um ciclo, acho que tudo tem um começo, meio e fim e um começo de novo”, diz Zeeba a respeito do significado desse take.

Essa é apenas a primeira parte de um projeto visual idealizado por Zeeba. Cada música de seu novo álbum vai ganhar um vídeo, em cômodos diferentes de uma casa. O espaço escolhido foi a residência de seus avós falecidos, como homenagem a eles. “A ideia é linkar um ambiente com o outro. Vai ter uma conversa aí, cada música tem sua independência mas estão todas dentro de um conjunto, de uma obra, que é a casa”.


O álbum, que está sendo finalizado, com previsão de lançamento para este ano, estará bem eclético. Terão músicas em português, inglês, parcerias internacionais, assim como elementos do indie rock, eletrônico e, parafraseando o Zeeba, com brasilidades. “Quando eu tô fazendo uma música em português, eu não quero fazer algo forçado, não quero um negócio gringo que foi traduzido, quero algo que tenha uma essência ali de Brasil”, frisa.

Bruno Martini ficou encarregado pela produção de todo o disco. O produtor já fez diversas colaborações com Zeeba, incluindo o hit mundial “Hear Me Now”. “Antes de Hear Me Now estávamos há 1 ano juntos só fazendo música, se conhecendo, explorando coisas novas, um admirando o outro ali... eu mais no lado de composição, na minha voz, nas ideias de melodia diferentes, ele no lado de produção. Pra fazer o álbum não tinha uma pessoa melhor, ele é a pessoa que eu tenho mais química em estúdio por essa longa história”. O artista relatou que também co-produziu bastante com o Bruno em seu próximo trabalho.

Mesmo com tantos estilos diferentes, a “praia” do cantor é o indie. Foi assim, inclusive, que “Hear Me Now” foi feita. Ele confessou que de vez em quando ainda escuta a versão inicial do hit, que tinha como base uma guitarra. No ano passado, Zeeba lançou um álbum acústico chamado Reset. O intuito era mostrar para as pessoas quem é o Zeeba (e acabar com a confusão de que ele é um DJ) e a origem de suas músicas, que começaram em sua maioria só com voz e violão.

Em Reset, o cantor trouxe pela primeira vez uma música em português, o que ele acha que o aproximou de seu público brasileiro. "Pra rolar essa conexão [com a música], a gente precisa entender o que está sendo dito mesmo, tem um lance de energia e as pessoas vão entendendo a mensagem que eu quero passar com as minhas músicas em português”.

Em suas letras, Zeeba sempre teve a preocupação de passar mensagens positivas e de incentivo, sobretudo em momentos difíceis como o atual. Por isso, essa meta continuou em seu novo álbum. “Todo artista é um pensador, a gente pensa muito e reflete sobre as coisas. O álbum tem bastante disso, tem sobre amor, que é uma coisa que eu acho que sempre tem que ser falada, eu acho que é a linguagem universal, sobre respeito, sobre a gente ter mais autoconfiança na gente mesmo, otimismo, sobre as pequenas coisas da vida que são as mais bonitas”.

Nesse tempo de pandemia, além de fazer muita música, Zeeba conseguiu escutar artistas novos e dar atenção a outros que não ouvia com certa frequência. “Eu tô escutando mais coisas em português agora que tô fazendo músicas em português, até pra pegar de referência. Gilsons, Jovem Dionisio e Terno Rei, 3 bandas indie nacionais que eu tenho pirado no som”. Ele também citou as bandas Glass Animals, Foster the People e Tame Impala e os cantores Justin Bieber, Still Woozy (que Zeeba mostrou admiração pelas suas capas artísticas) e Oliver Tree.

Ele havia comentado anteriormente que começou a fazer francês na quarentena, mas revelou num clima descontraído que parou de estudar a língua. “Eu tenho um francês básico legal, quando chega um francês na roda eu troco uma ideiazinha, dá pra contar um segredo em francês já vai [risos]”. Por enquanto, nada de Zeeba cantando em francês (salve algumas palavrinhas em “I Got You”).

Falando sobre o seu futuro musical, Zeeba ressalta que está sempre em evolução, mas que no momento, está fazendo o que quer. “Independente de números, às vezes a gente vai muito numa onda de ‘vou fazer o que tá indo bem’. Mas não, vou fazer o que eu acredito e coisas diferentes e novas e autênticas, que tragam uma identidade e que os fãs possam falar, ‘putz, isso aqui é o Zeeba’”.

Ele tem como sonho continuar com uma fã base fiel, fazer muitos shows e parcerias e lançar um novo sucesso universal. “É engraçado que quando a gente vai ficando mais velho, a gente vai ficando mais consciente, mais racional, a gente acha as coisas um pouco mais difíceis. Mas a gente tem que cortar isso e acreditar sempre porque nada é impossível”.

Enquanto seus próximos projetos não chegam, uma coisa é certa: não há como se cansar de “Cansei”.

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