A pernambucana Duda Beat provou na última semana que o sucesso do seu primeiro disco não foi algo passageiro e já fez com que seu segundo álbum, Te Amo Lá Fora, caísse no gosto do público e da crítica. Seus amores não correspondidos no passado a fizeram ter suas músicas entre as mais tocadas do país, o que aumentou o desafio para o que estava por vir. Em entrevista exclusiva ao Keeping Track, Duda nos contou um pouco das principais mudanças que passou entre o Sinto Muito e o Te Amo Lá Fora e ainda explicou as ideias por trás de seu novo álbum.
Novamente contando com a dupla dinâmica Lux & Tróia assinando na produção de seu disco, as sonoridades do Te Amo Lá Fora são uma grata surpresa. Os sucessos anteriores de Duda, como "Bixinho", "Bédi Beat", "Chega" e "Meu Jeito de Amar" tinham muito em comum, mas nada disso você encontra em sua nova obra.
Duda está mais diversa do que nunca, desde os samples de Cila do Coco que agregaram maracatu em "Tu & Eu", a mistura entre trap e pagodão baiano que resultaram em "Nem um Pouquinho", até o house de "Tocar Você", passando pelo reggae presente em "50 Meninas" e "Decisão de Te Amar", além de outros deleites aos ouvidos que recheiam o álbum, como "Mais Ninguém" e "Meu Coração".
Mudanças também foram bem vindas sobre o tom que Duda aborda suas histórias de amor mal sucedidas. A faixa que melhor imprime os sentimentos que a cantora e compositora trouxe nessa nova fase é o single de estreia, "Meu Pisêro", deixando claro que agora esses episódios não passam de águas passadas: "Pra mim tá tudo perdoado. Ninguém é obrigado a me amar assim. Morri, eu fiquei aos pedaços. Mas tu não é culpado de não me amar assim".
Confira a entrevista na íntegra e descubra o que levou a essas mudanças sutis que fizeram toda diferença no Te Amo Lá Fora:
KT: O Sinto Muito fez o país todo cair de graças por você. Em algum momento durante o processo de composição e produção de Te Amo Lá Fora você se sentiu pressionada para fazer um trabalho tão grandioso quanto o Sinto Muito, ou então ainda mais bem sucedido?
Duda Beat: Todo novo trabalho traz, claro, uma expectativa, tanto minha quanto do público. Acho que prefiro expectativa e pressão. Mas na hora de criar, eu tento não deixar isso me influenciar tanto e focar mesmo no que tenho que fazer, no que quero criar, em como quero criar. Meu processo criativo passa por uma imersão junto com minha banda, em que a gente realmente mergulha no novo projeto, eu crio as letras, vamos trocando. Assim tudo vai ganhando forma. Nesse processo, de colocar um projeto novo no mundo, evito até ouvir outras músicas. É um encontro comigo mesma para colocar as coisas para fora.
KT: Você já tem a coroa de rainha da sofrência pop há alguns anos. Como você consegue manter esse título, escrever um novo álbum ainda contando sobre amores não correspondidos, sendo que você não lida mais com amores não correspondidos desde começou a se relacionar com o Tomás?
Duda Beat: Eu não vivo mais isso no meu dia a dia, mas vivi por muitos anos. Então, ainda tenho muito história para contar, muita experiência para compartilhar sobre corações partidos (risos). Então, não me vejo abandonando a sofrência nas minhas músicas tão cedo. E também sobre histórias mais felizes no amor. “Decisão de Te Amar”, que está no álbum, foi uma música que fiz para Tomás e fala justamente desse amor correspondido, bom, que alegra.
KT: Do Sinto Muito para o Te Amo Lá Fora, suas narrativas ficaram mais sóbrias e menos idealizadas. A sua perspectiva de amor mudou?
Duda Beat: O que mudou foi a distância que eu tenho daquelas histórias sobre as quais estou escrevendo. Acho que isso complementa até a resposta anterior. Essa distância dá mais perspectiva. Agora as feridas não estão tão abertas quanto estavam em Sinto Muito. Em Te Amo Lá Fora, elas já estão cicatrizadas. Então, já consigo ver que mesmo que as histórias que não deram certo serviram de aprendizado para alguma coisa. É desse lugar mais maduro que parte o novo álbum.
KT: Como você acha que essa sobriedade influenciou na produção das faixas do Te Amo Lá Fora?
Duda Beat: Não sei se é um álbum mais sóbrio. Eu acho que ele é mais dark, mais melancólico, mas é dramático também. Só que de uma maneira diferente de Sinto Muito. Se você pegar o clipe de “Meu Pisêro”, tem um drama ali, o momento em que eu me mato no quadro. Eu ainda uso do drama, mas para falar uma outra coisa. A parte visual posso dizer talvez que seja mais sóbria porque tem menos cores e menos volume. Nossa escolha, minha junto com meu stylist, Leandro Porto, e meu diretor criativo, Marcelo Jarosz, foi trazer essa atmosfera dark do álbum também para parte visual porque acredito que as coisas precisam conversar. Então, uso mais preto nesse momento, modelagens mais justas.
KT: Como que surgiu a ideia de ter o Trevo como parceiro musical em “Nem um Pouquinho”?
Duda Beat: Eu conheci o trabalho do Trevo quando ele ainda era da banda Underismo e fiquei encantada pelo talento dele. Depois ele lançou um disco solo chamado Nada de Novo Sob o Sol e, no começo deste ano, um EP de pagode baiano. Quando pensamos em fazer de “Nem Um Pouquinho” um pagodão baiano com trap, na hora pensei nele para estar com a gente nessa música, achei que tinha tudo a ver. Fiz o convite, ele topou e assim nasceu “Nem Um Pouquinho”. A música ficou demais!
KT: Qual música do Te Amo Lá Fora você mais se orgulha de ter escrito? E qual foi a mais fácil de sair da sua cabeça pro papel?
Duda Beat: A mais fácil acho que foi a “Meu Pisêro”. Ela e a “Tu e Eu” já tínhamos em mente sobre o que fazer. A que mais me orgulho é difícil dizer porque me orgulho de todas, mas se é para escolher uma, escolho a “Mais Ninguém”. É uma música muito emocional, que fala sobre declaração. Acho ela bem linda.
KT: Pensando no que cada álbum propõe, se você pudesse colocar alguma faixa do Sinto Muito no Te Amo Lá Fora, e vice-versa, quais faixas que representam a Duda desses dois momentos você escolheria?
Duda Beat: Acho que colocaria a “Melô de Ilusão” em Sinto Muito porque fiz essa música para ele e ela acabou entrando em Te Amo Lá Fora. E em Te Amo Lá Fora colocaria a “Bolo de Rolo”. Ia fazer trio com os reggaes que tem em Te Amo Lá Fora. Pelo fato de ser uma música mais empoderada, acho que conversa muito com as outra desse segundo disco.
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