Céu reinterpreta clássicos magicamente em “Um Gosto de Sol”

Céu não é só uma ótima compositora, como também uma ótima intérprete, o que ficou claro em seu novo trabalho, Um Gosto de Sol. No projeto de 14 faixas, ela deu voz à clássicos de Rita Lee, Beastie Boys, Milton Nascimento, entre outros, trazendo ainda seu estilo próprio em cada uma das canções. Em uma coletiva de imprensa, a artista contou detalhes do álbum.

“Eu já tinha esse desejo de fazer um álbum como intérprete. Essa intérprete convive comigo desde sempre, afinal eu entrei na música achando que eu ia ser só intérprete e acabei me descobrindo como compositora. Neste momento de violência, de óbitos, de luto, eu acabei recorrendo ao meu lugar de segurança e desejo de escutar sons. Foi um desejo de fazer isso comigo e com meu companheiro, Pupillo, desejo dele produzir, da gente começar a focar numa coisa que nos faz bem. A gente teve esse projeto como um farol de alegria. E acho que o desejo também de trazer as camadas diversas para quem eu me tornei hoje como artista. Não só aquela Céu que as pessoas conhecem, todo mundo sabe que eu gosto de Rita, que eu sou um pouco filha de um tropicalismo, que eu gosto de samba, mas eu sei que ninguém sabia que eu gostava, por exemplo, da Fiona Apple ou que eu gostava de pagode. Fiz um disco de fã dos meus ídolos”, começou explicando.

Perguntada pelo Keeping Track como foi trazer seus toques pessoais para a essência das músicas, Céu afirmou:

“Eu tentei contar a música da minha boca, do meu ser, do meu ponto de vista. Acho que essa é a coisa mais honesta que eu posso fazer contribuindo para uma versão, então eu trouxe para dentro do meu universo e esse foi um dos maiores desafios, a gente achar o repertório. Foi muito divertido, a gente deu muita risada, o que eu tento fazer é manter um lugar honesto e me questionar”.


Um Gosto de Sol ganhou também colaborações de Russo Passapusso, Andreas Kisser, do Sepultura, e Emicida. Céu revelou durante a conversa que o rapper ficou extremamente animado em gravar com ela “Deixa acontecer”.

“A gente fez uma lista de várias canções, tinham canções que iam para teores mais políticos, tinham canções que tinham uma leveza e a gente acabou escolhendo essa por ter um gosto de sol na canção, por nós dois gostarmos”.

O disco foi realizado durante o período pandêmico, momento em que a cantora estava totalmente focada em ouvir música, seu porto seguro:

“A música é algo que me deixa bem. Então, estava sempre recorrendo à música, ouvindo sons, sendo apresentadora através de música e fazendo o álbum. Li muitas coisas também para me inspirar, porque pesou para todo mundo. Pude estar perto do meu filho, que era um bebê e hoje já está grande, com quase quatro anos, e minha filha que está desenvolvendo, virando uma mulher”.

A cantora respondeu para o Keeping Track então algumas dessas leituras responsáveis por serem fontes de ideias, não só no projeto, mas em sua discografia no geral.

“Eu tô lendo agora O Som do Rugido da Onça, eu estou apaixonada, fala muito sobre essa questão de decolonizar o Brasil. Eu li tudo do Krenak. sou muito apaixonada por Manoel de Barros, traz muita inspiração, Neruda, principalmente os poemas de amor, Clarice Lispector...eu sou o tipo de pessoa que me engrandeço na grandeza dos outros, a chama que o outro propõe me acende. Então eu vou ao cinema e me sinto inspirada, eu leio um livro e me sinto inspirada, eu ouço até a música de outras pessoas e me sinto inspirada”.

Por fim, Céu ressaltou ter vontade de lançar mais álbuns como intérprete no futuro e revelou que uma das fases mais importantes da sua vida foi quando ela morou em Nova York, nos Estados Unidos, pois foi lá que se descobriu como compositora.

“Me distanciando do Brasil que eu entendi o jeito que eu queria compor as coisas do Brasil. Foi um ano muito decisivo para quem eu me tornei, tive contato com o rap de rua, Erykah Badu, Lauryn Hill”, finalizou.

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