Ver Avril Lavigne na turnê “Love Sux” em 2022 é quase como presenciar um reflexo de quem a artista era anos atrás. Cantando o repertório do álbum mais recente misturado com seus grandes hits, a canadense exala a mesma jovialidade rebelde e doce de antes, o que foi destaque durante seu show em São Paulo, na última quarta-feira (7).
Clube dos sonhos realizados
DAY LIMNS, acompanhada de Gee Rocha (guitarra), Johnny Bonafe (baixo) e Vitor Peracetta (bateria), abriu o show e não havia escolha melhor: a brasileira sempre disse em entrevistas o quão fã é do trabalho de Avril e como é influenciada pelo som pop rock da cantora há anos. E embora aborde seus sonhos frustrados no álbum de estreia Bem vindo ao Clube, a goianiense descreveu a noite como um sonho se tornando realidade.
“Eu sonhei muito com isso aqui”, disse, recebendo em resposta gritos da plateia de “Você merece”. “Sabe de uma coisa? Vocês também merecem muito. Eu achava que meu sonho era grande demais pra mim. Eu nem sabia direito qual era meu sonho, mas agora, estou aqui, lembrando que com 7 anos de idade eu escutei essa mulher que está bem ali a poucos metros”.
A emoção era tanta que DAY até confundiu o nome da casa de shows, mas isso não impediu a artista de entregar uma apresentação confiante e inteligente. Ela apostou em "7 Vidas" (single mais recente), "Inconsequente", com a energia lá em cima, e num cover acústico de "Na Sua Estante", de Pitty.
“Ela não vem desde 2014, né? Eu tweetei em 2014 que das quatro vezes não consegui ir e que da quinta vez ia ser minha vez de sorte. Só manifestem o que vocês querem”, pronunciou, agradecendo ao universo pela oportunidade.
Rolou também posicionamento político da cantora e uma performance emocionante de "Dilúvio", com as lanternas dos celulares ligadas para "representar o sonho de cada um que vai se realizar logo logo".
“Tínhamos 30 minutos então queria que tivesse muito peso e dinâmica. Graças a Deus eu tenho um show e uma banda muito bem ensaiada, então fizemos basicamente uma versão reduzida do show da BVAC Tour”, explicou para o Keeping Track. “Acredito que estava com mais sangue nos olhos. Tava me sentindo como se tivesse preparado a minha vida inteira pra esse momento. De um ponto de vista pessoal, eu me sinto uma DAY antes desse show, e uma DAY depois desse show. O que isso significa? Não sei, mas estou ansiosa pra descobrir”.
Outra coisa chamou atenção no show de DAY: seu look. Ela vestia uma blusa que continha uma foto sua, ainda criança, usando uma camiseta da Avril. “Tenho uma stylist brilhante, a Ela Vargas. Fomos trabalhando juntas, trabalhando com designers e me mandando desenhos e eu opinando. Disse que queria que tivesse storytelling - e pedi pra usar uma blusa com minha foto criança estampada com ‘Clube dos Sonhos Realizados’ atrás como uma forma de ressignificar a minha era passada e dar início a um novo momento”.
Ao final, a brasileira pediu uma foto rápida com a plateia, pois Avril entraria em pouco tempo. No entanto, demorou mais do que o esperado para a canadense subir ao palco…
Motherf*cking princess
Marcado inicialmente para às 21h30, o show da atração principal atrasou cerca de meia hora. Custou para, finalmente, a cortina com o logo de Love Sux projetado subir e revelar uma Avril Lavigne segurando balões pretos, em alusão à capa do disco.
"Cannonball", com direito a confetes no público, deu início ao espetáculo de forma positiva. Após, Lavigne apresentou "Bite Me” e “What The Hell”, até agradecer os presentes antes de "Complicated", seu primeiro grande hit.
“Faz tempo desde que vim, mas São Paulo é exatamente como me lembrava. Obrigada, pessoal, por apoiarem a minha música e por estarem comigo em todos esses anos, em todos os álbuns”, afirmou.
Depois, porém, a banda - composta por Matt Reilly (baixo), David Immerman (guitarra, que também dublou as vozes masculinas nas faixas), Chris Reeve (baterista), Cameron Hurley (guitarra) e Steve Ferlazzo (teclado) - ficou um longo período tocando uma extensão do clássico e uma intro de “Losing Grip”, além de apresentar "Hello Kitty" sem a presença da cantora. Nessas partes, o espetáculo perdia força.
Em contrapartida, "Girlfriend" e "I'm With You" contaram, no fim, com o público cantando praticamente acapella, suprindo a falta de outras faixas no setlist. Entre elas, "Hot", "He Wasn't" e "Rock N Roll".
Avril dava uma arrumadinha no cabelo, acenava e esbanjava alguns sorrisinhos. Em "Losing Grip", ela apareceu com uma guitarra e após, em "Love When It You Hate Me", tirou o moletom laranja que vestia, trajando uma blusa preta arrastão. Junto da plateia, fez com os dedos um "L" de Liar em "Bois Lie" e quando terminou "Smile", se declarou para os fãs: "São Paulo, essa noite está sendo o motivo do meu sorriso".
E o amor pelos admiradores não ficou restrito à palavras. Mesmo não fazendo parte do setlist original, a cantora viu os Little Black Stars brasileiros pedindo "Avalanche" no Twitter e cantou a música pela primeira vez ao vivo, sem ensaio mesmo. A musicista até errou a letra no início, porém o momento foi um dos mais especiais da noite. O público ainda clamou incansavelmente por "Nobody 's Home", dessa vez sem sucesso.
A estrutura, no geral, estava bem parecida com a dos shows internacionais. Inclusive, rolaram os balões pretos e laranjas no público e no palco e o grande telão ao fundo, que transmitia trechos de videoclipes, letras e desenhos. Diferente de outras apresentações, não teve troca de look para o bis, nem "Here 's to Never Growing Up" e "Love Sux" no reportório.
Apesar de realizar um show curto, de apenas 1h10, e aparentar certo desânimo em alguns momentos, a apresentação teve uma agradável dose de nostalgia pop punk. Ficou claro ao longo do set, com cada música performada, por que Avril Lavigne representou (e continua representando) toda uma geração.
Setlist:
- Cannonball
- Bite Me
- What the Hell
- Complicated
- My Happy Ending
- Smile
- Losing Grip
- Love It When You Hate Me
- Hello Kitty (interlude)
- Girlfriend
- Bois Lie
- Sk8er Boi
- Head Above Water
- Avalanche
- I’m With You
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