Cantando sobre as suas vivências mais dolorosas e seu aprendizado pessoal, Sonja resolveu transformar toda dor em música e seu novo disco “Rainha de Copas” veio para curar todas essas feridas e trazer a superação e autoconfiança que ela precisava.
Com 13 músicas no total, “Rainha de Copas” traz os sentimentos mais sinceros de Sonja, explorando os caminhos da dor e do amor através de suas experiências. Em entrevista ao Keeping Track, a cantora compartilhou mais com a gente sobre o processo desse disco, a estética por trás dele e muito mais.
Vem conferir:
Sonja: Desde que fundei a Caravana Cigana do Blues, lá atrás, que foi meu segundo trabalho com o gênero Blues, tinha a vontade, juntamente com a banda, de levar o Blues a todos os lugares e pessoas. Sempre tivemos essa vontade de romper a bolha do Blues e alcançar mais público já que ele (assim como o Soul) tem um público menor (porém muito fiel) aqui. Tocávamos em absolutamente TODOS os lugares. A Caravana ainda existe e segue cumprindo essa função. E eu trouxe essa vontade comigo no meu trabalho, mas me movimentando de uma outra maneira. SONJA tem o intuito de expandir o público que ouve Blues, trazendo pro trabalho uma pegada mais moderna (diferente da Caravana Cigana do Blues, que toca Blues mais tradicionais), trazendo vertentes variadas do Blues na sonoridade. E acho que é uma boa maneira de conseguir chegar a mais ouvidos e expandir esse público do Blues e Soul no Brasil.
KT: Quais foram as maiores inspirações para o disco, das mais tradicionais aos nomes mais contemporâneos?
Sonja: Minhas inspirações como cantora, que acabam influenciando em qualquer trabalho que eu faça, seja show, disco, etc, são Etta James, Janis Joplin, Bessie Smith, Dinah Washington e Elis Regina. Mas na criação de canções e melodias pra esse álbum em específico, minhas maiores influências foram Ney Matogrosso, Rita Lee, Liniker, Tim Maia, Ricardo Werther, Sharon Jones & The Dap-Kings, The Suffers e Betty Davis, além dos álbuns “A Love Supreme” do John Coltrane e “Amazing Grace” da Aretha Franklin, por conta de sua temática.
Das influências do produtor musical Marco Lacerda e do coprodutor musical Ygor Helbourn, estão, podemos citar Quincy Jones, Salaam Remi, Richard Cousins, James Brown, Marvin Gaye, Willie Dixon (Marco) e Silk Sonic, The Roots, Tower of Power (Ygor).
KT: Esse foi um álbum para reviver emoções do passado, encarar de frente e transformar em algo novo. Em qual música esse processo mais te impactou emocionalmente e por que?
Sonja: Não posso dizer que foi um álbum para reviver emoções. Foi mais pra fazer algo bom com aquilo que me feriu e tirar aquilo de dentro de mim de alguma maneira. Claro, vivo dentro da música, é quase que impossível que aquilo saia completamente de dentro, mas acredito que há uma transformação quando uma dor é transformada em arte.
Eu sinto que cada música me toca em um lugar. Não de maneira ruim (não mais). Mas "Mudanças" é a que me impacta mais, porque ela me transporta diretamente para lugares e momentos ainda muito vivos na minha memória. Não acho que tenha um motivo específico pra que ela me impacte mais, mas isso acontece.
Sonja: Na verdade, eu nunca tive uma conexão com o Tarot. Eu tenho, sim, uma conexão com a Cigana que tirou esse jogo de Tarot que rege o disco, mas com o Tarot de fato, eu até então não tinha. Não coincidentemente (porque não acredito em coincidências), ao longo do processo do álbum, já em cima da temática “Tarot”, este me veio através da minha professora Patricia Evans que, além de professora de canto, foi minha professora de Tarot. E eu não esperava a vinda dele. Acho que foi ele que se convidou a se achegar, já que tudo na vida é assim, né...fluido. Talvez ele estivesse ali só encontrando o momento certo. E ai sim, eu começo (ainda estou nesse processo) de criação dessa conexão com o Tarot.
Mas antes do Tarot de fato chegar para mim, a ideia de botar ele no álbum, foi justamente essa tiragem que a Cigana fez pra mim, que costurava minha caminhada na minha batalha contra abusos de hábitos e de pessoas que eu enfrentava em minha vida. Então tive a ideia de pegar as musicas que eu escrevia nesses períodos conturbados, juntar à leitura das cartas da Cigana e formar, com isso, um álbum. Cada música desse álbum tem uma carta ou do tarot ou do baralho cigano que a representa, contando a história de uma pessoa que lutou pra sair da dor e o reencontro dela com a espiritualidade.
KT: E esse é um conceito muito visual também, né? Você pretende explorar mais desse lado no seu trabalho?
Sonja: Gostaria muito, mas isso é algo que só conseguiremos saber ao longo do caminho. Temos alguns clipes já lançados do álbum, que foram feitos por mim e minha namorada, mas pretendo, sim, continuar esse álbum visualmente.
KT: Durante o processo criativo, além do fato de ter que externalizar tantas emoções guardadas, quais foram os maiores desafios para fazer músicas como essas?
Sonja: Eu sempre digo que, na verdade, não foi um desafio externalizar essas emoções. Isso, pra mim, é processo de auto amor, transformar as coisas em musica. O que mais pegou mesmo, no que diz respeito a desafio, foi ter que passar tudo que era em inglês, para o português. Mas esse desafio maior foi pro Marcão (Marco Lacerda), que além de produtor musical ajudou na maior parte desse processo, como compositor, e pra Jeyce Valente, minha amiga que também contribuiu demais pra que isso fosse possível.
Trazer uma música que é originalmente em inglês, para o português, sem perder a musicalidade, sem perder a letra e o que ela quer passar, é um desafio enorme. E o resultado ficou incrível.
KT: Quando o público te conhecer mais, ouvir o álbum, o que você espera que eles sintam?
Sonja: Espero que se sintam acolhidos e abraçados pela minha música, que se identifiquem.
KT: E para finalizar, qual é seu maior sonho de carreira até então?
Sonja: É poder continuar realizando meus sonhos e ter sonhos e coragem pra realiza-los, pro resto da minha vida.
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