*Foto: Rafael Strabelli/Espaço Unimed
Formado por Myles Kennedy (vocal e guitarra), Mark Tremonti (guitarra e vocal), Brian Marshall (baixo) e Scott Phillips (bateria), o Alter Bridge desembarcou no Brasil pela segunda vez para um show único no Espaço Unimed na última quarta-feira (8). Com músicos de alto nível - boa parte oriundos do Creed - , a performance dos músicos é realmente tudo que se espera diante de tal calibre.
Enquanto os outros países vinham seguindo um roteiro, a capital paulista, em partes, conseguiu ser surpreendida! Ao longo de 1h50, poucos foram os discursos, limitados mais aos nomes das músicas e aos "thank you" e "obrigado" do líder, somados a genuínos elogios, como "this is a blast" (em tradução livre, "isso é uma explosão"). Sem muitos recursos visuais além de uma cortina com a capa do último disco Pawns and Kings (2022), a banda entregou pura música e emendou as 17 faixas de maneira explosiva, quase que uma na outra.
Apesar de trazer o álbum mais recente no nome da excursão, poucas músicas do material integraram o repertório. Na verdade, "os clássicos" presentes nos primeiros álbuns que atuaram como protagonistas - e que, diga-se de passagem, arrancaram respostas ainda mais entusiasmadas do público.
Com a casa quase lotada e sem qualquer atração de abertura, os fãs fervorosos mantiveram a energia alta a todo instante. Até antes da apresentação, várias filas foram formadas nos estandes de merchandising oficial, enquanto coros de "Absolute Zero", do Stone Sour - que explodia nas caixas de som - puderam ser ouvidos.
Pontualmente às 21h, as luzes, antes apagadas, viraram roxas. "Silver Tongue" abriu a noite, com muitas palmas e vocais poderosos. Em seguida, "Addicted to Pain", uma das mais populares nas plataformas de streaming, deu o tom da apresentação: todos pulavam ensandecidos e obedeciam aos comandos do frontman.
Então, "Ghosts Of Day Gones By", primeiro elemento inesperado da noite, veio com muitos "hey, hey, hey" da plateia e com um feliz (e muito afinado) Myles, que assentia em aprovação. Aliás, além da performance impecável, o que ele mais fez foi sorrir. "Que p*rra é essa. Isso é incrível. Vocês são incríveis. Viemos de longe, pegamos avião, carros, e preciso dizer que tudo isso valeu a pena para a gente", agradeceu.
Sob uma iluminação amarela, chegaram a vez de "Sin After Sin" e "Broken Wings" - com o elogio "vocês soam maravilhos, maravilhosos" direcionados aos presentes, responsáveis por berrar cada palavra do refrão.
"Burn It Down", pouco depois, acabou destacada das demais ao trazer o guitarrista Mark nos vocais - um dos pontos altos da noite tamanho o magnetismo e competência do membro. Para a faixa, Myles tirou a jaqueta de couro e acompanhou o parceiro de grupo apenas na guitarra, dando mais atenção para o instrumento.
Já "Cry of Achilles", a próxima, ganhou o jogo pelo baixo marcante e por um sorridente Kennedy. Certo grupo de amigos, composto por três homens, juntou os braços e passou a curtir como se não houvesse amanhã. Uma boa representação do poder da música.
Dando continuidade, "Watch Over You" - só com Myles no palco - e "In Loving Memory" (composta por Mark sobre sua falecida mãe) acústicas trouxeram respiro para a agitação e acolheram os fãs, que puderam pela primeira vez "respirar" depois de tanta força. Foi impossível não se emocionar com o simbolismo do momento, carregado de choro e sensibilidade por parte dos admiradores - ainda mais com a menção aos Beatles em "Blackbird" vindo também.
Mas não demorou para que o caos voltasse, dada a seguinte sequência: "Come To Life", "Lover" (não tocada há anos e incluída na hora por pedido de fã na plateia, com Myles esquecendo a letra e se divertindo, como o próprio destacou), "Pawns & Kings" (com a bateria aparecendo intensamente) e "Isolation". Por fim, a banda foi apresentada pelo vocalista, antes da catártica "Metalingus" - o maior hit.
Como a música merecia, teve de tudo: instrumental alongado, Kennedy fazendo uma batalha entre o lado direito e o esquerdo, dando feliz aniversário para um fã chamado Gustavo, entoando um parabéns coletivo, fazendo coraçãozinho e chamando os brasileiros de "surreais". Não dava para ser melhor.
Por poucos minutos, a banda saiu do palco, apenas para voltar ao encore. Para a alegria dos presentes, os músicos vieram segurando uma bandeira do Brasil e já metralhando "Open Your Eyes" - com um bonito coro - e "Rise Today".
Cada um dos integrantes parecia visivelmente impressionado e satisfeito com a entrega do público e fizeram questão de demonstrar carinho. Arremessaram palhetas, setlist em formato de aviãozinho e agradeceram várias vezes, inclusive gesticulando. Rolou até um abraço de Brian e Scott.
"Nós amamos vocês para caralh*. Nunca vou esquecer isso. Por favor, fiquem seguros", pediu Kennedy antes de, realmente, sair. O baixista foi o último a deixar o espaço, que já contava com "My Way", de Frank Sinatra ao fundo, balançando a bandeira do país como forma de despedida. Que momento!
Com 19 anos de carreira (e, agora, duas passagens pelo Brasil no currículo) e o nível do trabalho mostrado ao vivo, é difícil não torcer para que o Alter Bridge siga em atividade por muitos anos, independente de outros projetos paralelos.
*Vale lembrar que, já no início de 2024, Myles Kennedy está de volta ao país - desta vez com o Slash ft. Myles Kennedy and The Conspirators. O show acontecerá no dia 31 de janeiro, no Espaço Unimed.
Setlist:
- Silver Tongue
- Addicted to Pain
- Ghost of Days Gone By
- Sin After Sin
- Broken Wings
- Burn It Down
- Cry of Achilles
- Watch Over You
- In Loving Memory
- Blackbird
- Come to Life
- Lover
- Pawns & Kings
- Isolation
- Metalingus
- Open Your Eyes
- Rise Today
Nenhum comentário:
Postar um comentário