O significado por trás de cada música do HIT ME HARD AND SOFT, novo álbum de Billie Eilish

Seguido de dois álbuns aclamados, Billie Eilish nos contempla com seu terceiro álbum, intitulado “HIT ME HARD AND SOFT”, estabelecendo ainda mais sua identidade.

Billie nos apresenta um álbum que, inegavelmente, é intimista e nos mostra lados mais pessoais da artista. O álbum foi anunciado há pouco mais de um mês e não houve singles pré-lançados. Foram 10 faixas, diversificadas e coesas, apresentadas de uma só vez — fazendo jus ao título e nos atingindo com força.

“HIT ME HARD AND SOFT” apresenta uma paisagem sonora vasta e expansiva, fazendo o ouvinte mergulhar num espectro completo (e complexo) de diversas emoções.

SKINNY


A faixa que abre o álbum é um grande preparativo para a obra completa. “SKINNY” aborda temas de confiança, autorreflexão e desafios da fama. “As pessoas dizem que eu pareço mais feliz / Apenas porque estou mais magra”, “Quando desço do palco / Sou como um pássaro na gaiola”, “E você disse que eu era seu segredo / E você não conseguiu guarda-lo / E a internet está faminta”.

A música é guiada por instrumentais leves até desabrochar em uma linda orquestra. Um começo melodicamente leve e cativante, mas de uma maneira lírica, profundo.

“SKINNY” talvez possa ser relacionada com o single “WHAT WAS I MADE FOR?”, que antecede o álbum, música para a trilha sonora do filme Barbie (2023), pelo fato dela ser tratada como um produto, e não como ser humana.

E não só em “WHAT WAS I MADE FOR?”, mas em “NOT MY RESPONSIBILITY” Billie abordou temas que foram novamente abordados em “SKINNY”. “Se eu uso muitas roupas, não sou mulher / Se as tiro, não valho nada / Mesmo sem me ver, você me julga”.



LUNCH

Sensualidades e metáforas. A faixa explode em uma batida mais animada e acelerada, explorando (e expondo) de uma forma mais explícita a orientação sexual da artista. “Eu poderia comer aquela garota no almoço / Sim, ela dança na minha língua / Parece que ela pode ser a escolha certa / […] / Você precisa de um assento, eu me voluntario”.



CHIHIRO


“CHIHIRO” é uma faixa cheia de detalhes e sutilezas. A começar pelo título, que é uma referencia ao filme A Viagem de Chihiro (2001). Além disso a faixa conta com backing vocals abafados e efeitos sonoros discretos, mas que em seus pequenos detalhes, contribuem para a música.

“Quando eu voltar, saberei o que dizer? / Não hoje / Talvez amanhã”. Billie canta sobre se sentir confusa e abandonada em um relacionamento, sobre querer entender o que deu errado, se foi real ou não o amor compartilhado. Outra relação pode ser feita com A Viagem de Chihiro — onde a personagem principal também se sente do mesmo jeito, confusa e com mesmo.

No minuto final, a música tem uma crescente dos instrumentais, efeitos sonoros e backing vocals nos deixando em um efeito de catarse.

BIRDS OF A FEATHER


Cuidadosamente elaborada, a faixa nos traz uma vibe dos anos 80, com vocais suaves, onde Billie canta sobre um amor incondicional entre duas pessoas, com desejos de ficarem juntos até o fim. “Eu quero que você fique / Até eu estar na cova / Até eu apodrecer, morto e enterrado / Até eu estar no caixão que você carrega / […] / Pode não ser para sempre / Mas se for para sempre, é ainda melhor”. E aqui, em mais uma faixa, é mostrado mais uma crescente até culminar no ponto alto da música, onde os vocais da cantora provam mais uma vez o seu potencial.

WILDFLOWER


De uma forma suave e sutil, Billie canta sobre a culpa que sente por ter namorado o ex de sua amiga. Narra a dor em ver a amiga na sua mente o tempo inteiro. “Ela era sua garota / você mostrou a ela o mundo / Mas o amor acabou e vocês terminaram / Ela chorava no meu ombro / Tudo que eu pude fazer foi segurá-la / […] / Mas eu a vejo / No fundo da minha mente / O tempo todo / como uma febre”. Billie canta como uma terceira pessoa, uma “amante”, uma observadora, foi inserida no contexto e se sentiu culpada.

THE GREATEST



A favorita da cantora!

“[…] Encontrei palavras que me escapavam há tempos e abriu uma porta para eu ser honesta, algo que eu não deixava acontecer, não sei por quê. É difícil ver o que está na sua frente; é mais fácil ver o que está atrás.”, diz Billie.

“THE GREATEST”, uma balada confessional, tem uma construção leve até explodir em um solo de guitarra, tal qual vimos em “Happier Than Ever”. É explorado um esforço que é feito para satisfazer a pessoa que ama, mas reconhece que merece mais — sobre satisfazer mais o outro e pouco a si mesma. “Eu te amei / E ainda te amo / Só queria paixão de você / Só queria o que te dei / Esperei / E esperei”.


Até então, o álbum pode ser dividido em duas metade, onde na primeira parte assume um formato mais pop e, de “THE GREATEST” em diante, temos uma outra parte.

L’AMOUR DE MA VIE



Arrependimentos e desilusões. Esse é o cenário de “L’AMOUR DE MA VIE”, que, em um soft-rock, mostra o sentimento de culpa por mentir sobre sentimentos. “Mas depois que eu fui embora / Era óbvio o motivo / Era por sua causa / Sua causa / Eu era o amor da sua vida / Mas você não era o da minha”.

THE DINER


A faixa traz uma mescla de vocais suaves com um beat dançante, onde Billie interpreta uma stalker, expressando intenções de mudar a vida da vítima. “Aposto que eu poderia mudar sua vida / Você poderia ser minha esposa / Poderíamos brigar / E eu diria que você é quem está certa”.

BITTERSUITE



“Eu não posso me apaixonar por você”. “BITTERSUITE” chega carregada por um synth e narra a luta contra sentimentos por outra pessoa. Os sintetizadores logo somem, transformando a música numa faixa discreta, mas de uma produção inegável. Billie da detalhes sobre a dificuldade em manter uma distância emocional. “Eu vejo como você me quer / Eu quero ser apenas sua / Mas devo ser cuidadosa”.

“BITTERSUIT” mostra bem como o álbum flui em suas canções, que muitas vezes, mudam no meio do caminho e se transformam em uma “nova música”.

BLUE



Usando a metáfora da cor azul ser usada para descrever a tristeza e melancolia, Eilish encerra o álbum com “BLUE”, narrando o fim de um relacionamento. E, assim como algumas outras músicas, a canção se dissolve em uma balada, sobre alguém que foi marcado por uma infância turbulenta — e como isso reflete na vida adulta.

O álbum vem pra provar os talentos de Billie e seu irmão, Finneas O’Connell. Olhando com mais cuidado, é notável o uso das receitas que deram certo em seus trabalhos anteriores — “SKINNY” abrindo o álbum de uma maneira cautelosa, mas profunda e logo em seguida o banger “LUNCH”. As músicas que têm mudanças de instrumentais e estilos no meio delas, também podem ser notadas em “Happier Than Ever”. São 10 faixas muito bem trabalhadas em cada detalhe que foi apresentado.


E, para aqueles que gostam de easter eggs, em “BLUE”, Billie fez algo parecido com “goodbye”, de seu álbum de estreia. Eilish citou TODAS as outras músicas do álbum na última faixa.

I thought we were the same, BIRDS OF A FEATHER, now I’m ashamed
I told you a lie (L’AMOUR DE MA VIE), désolé, mon amour
I’m trying my best (THE GREATEST)
Don’t know what’s in store, open up the door (CHIHIRO)
In the back of my mind (WILDFLOWER)
I’m still overseas (BITTERSUIT)
A bird in a cage (SKINNY)
Thought you were made for me (LUCH)
I try (I’m not what) to live in black and white, but I’m so blue (but I’m not what you need) (THE DINNER)

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