Não há dúvidas de que o Green Day
é uma das bandas mais lendárias da história do punk rock. Porém, acredito que
todo o caminho que o grupo traçou é um resultado do Dookie, o tão famoso terceiro disco da carreira, que levou a banda
para outro patamar.
Logo em 1992, quando os
integrantes estavam com 20 anos, Green Day era a maior banda da gravadora
independente que se encontrava, a Lookout! Records, e não demorou muito para os
meninos chamarem atenção do grandioso Rob Cavallo – um dos maiores nomes da
produção de rock –, que sem hesitar, contratou o trio para a Reprise Records,
que futuramente forneceria a base necessária para uma banda underground, como o
Green Day, conquistar o mundo com seu punk revolucionário.
Rob Cavallo se apaixonou de
primeira pela banda e, como havia uma concordância no estilo de composição de
ambos lados, já dá pra imaginar o resultado esplêndido do Dookie, primeiro álbum do Green Day na Reprise Records, e o
primeiro contendo a parceria de Rob Cavallo. Para o álbum, o produtor decidiu
manter a integridade sonora da banda, assim como faziam ao vivo, sem banalizar
o punk tão original deles, pois seria exatamente isso que revolucionaria várias
formas de pensar futuramente.
Dookie foi lançado em 1994 e, apesar de todos envolvidos na
produção do disco saberem que aquele era um material especial, nunca imaginavam
a dimensão que ele tomaria. E não demorou muito para acontecer um avanço atrás do
outro. Green Day saiu em turnê com Bad Religion, convertendo muitos da plateia
em fãs das banda. O sucesso deles se tornou massivo, e nunca mais parou,
levando o álbum para a lista de vencedores do Grammy, com “Melhor Álbum
Alternativo”. E mesmo com letras sendo consideradas “inapropriadas” por alguns,
quando as músicas daquele trio rebelde tocava, ninguém ficava parado. Era a
música, em sua forma mais pura, mexendo com os sentidos das pessoas, de maneira
épica.
“Burnout”: O álbum já começa com uma faixa bem “adolescente
revoltado”, representando fielmente a personalidade forte da banda. É uma
música excelente para introduzir não só o álbum, mas o novo posicionamento do
Green Day, que havia agora intenções de expandir seu público, sem perder sua
essência punk.
“Having a Blast”: A energia rebelde do punk rock continua aqui,
porém agora com uma guitarra mais animada, esquentando mais para o que está por
vir. É bem perceptível que essa segunda música ainda é da parte introdutória do
álbum, em que a banda tem que se reafirmar e se mostrar convincente quanto sua
imagem.
“Chump”: É incrível como muitas músicas desse álbum poderiam ter
sido single, devido à qualidade impecável delas individualmente. E “Chump” é
uma dessas faixas, porém além disso, o seu maior destaque é a explosão
instrumental, que temos o grupo trabalhando em perfeita harmonia ao final. Essa
explosão de que falo é tão memorável. Começando com as linhas de baixo do Mike
Dirnt, até entrar o Billie Joe com sua guitarra, que só vai sendo “esquentada”
cada vez mais, acompanhado da bateria do Tré Cool, que vai suavizando aos
poucos até chegar ao final. Este é um grande diferencial do Green Day: eles
sabem trabalham como um time, sem destacar somente o vocalista, como muitos
fazem.
“Longview”: Aqui chegamos na que causou o grande impacto, tanto
para Rob Cavallo, quanto para o grupo. Se tem uma música decisiva para a
carreira do Green Day, essa música definitivamente é “Long View”. O mais
engraçado dessa música é que mesmo sendo sobre masturbação, fez o maior sucesso
nas paradas americanas, mas não é à toa. A música cresce de maneira
contagiante, principalmente quando chega no refrão. E não há escolha melhor
para primeiro single do que essa, pois ela explora o instrumento de cada um
isoladamente em alguma parte da música. É perfeita para conhecer a habilidade
musical de cada um.
“Welcome to Paradise”: Com uma melodia bem amigável de fundo, a
música espelha exatamente a capacidade do Green Day de fazer um punk rock que
continue animado suficiente para atingir a massa. A música foi um hit, por ser
bem divertida e ser muito bem expressada, com um som bem refrescante. No
entanto, o grande destaque é o solo de bataria e de baixo quase no final da
música.
“Pulling Teeth”: Essa é um dos destaques do álbum, e
surpreendentemente não tem o som mais agressivo da banda. Muito pelo contrário,
possui uma vibe até meio pop rock, com a elaboração lírica em primeiro plano.
“Basket Case”: Essa música é basicamente o hino do álbum. Fica na
cabeça e dá vontade de cantar junto, porém é bem contraditória, pois apesar do
ritmo crescente da música, possui uma letra bem tensa, com Billie Joe falando
de suas confusões e instabilidades mentais, devido suas crises de pânico.
“She”: Agora a banda vem com um som mais suave para a faixa, mas
sem perder a explosão de instrumentos durante o refrão. E a música vai ficando
mais agitada com o decorrer da mesma, principalmente quando Billie Joe solta
seu grito – um tanto quanto histórico, vamos combinar – e aí, a banda começa a
arrebentar com um instrumental cheio de riffs bem rápidos, que não falham pra te
fazer balançar a cabeça feito louco.
“Sassafras Roots”: Pra mesma figura de “She” e “Chump”, eles cantam
agora sobre passar e perder tempo com alguém. E continuamente, “waste your time”
e derivados se repetem intensificando o significado da música, sem ficar chato.
“When I Come Around”: Junto com “Basket Case”, podemos considerer essa um hino do álbum, com certeza. E novamente, a banda vai mais para um lado rock do que o punk em si, e o Green Day se deu muito bem nessa experiência. Não é à toa que essa música já foi muito tocada nas rádios de rock.
“Coming Clean”: Como muitos já devem ter percebido, a banda não
teve medo algum de citar os problemas que muitos jovem tem que lidar. E essa
faixa fala basicamente sobre a bissexualidade de Billie Joe, e sobre a difícil
aceitação da mesma pelos pais. E como é uma música bem pessoal para o
vocalista, é ele que rouba a cena, mostrando vocais que merecem atenção. Ele
está soando diferente, de certa forma. A música não deveria ser tão
subestimada.
“Emenius Sleepus”: Bom, essa é um punk rock típico. É a única que
foi escrita por Mike Dirnt, e apresenta um caráter lírico meio revoltado, assim
como as primeiras do álbum.
“In The End”: Essa música vai agitando cada vez mais e quando
Billie Joe já está no auge do aquecimento, ele grita um memorável “SOOOO!”,
minha parte favorita da canção.
“F.O.D”: Eu amo essa música porque possui tanta diversidade se
encaixando em uma só faixa. Começa com um acústico, meio groove, que não havia aparecido
no álbum até agora. Porém, apesar de adorável, terminar um álbum tranquilo não
é bem a cara do Green Day, então logo há um boom de instrumental bem elétrico e
estridente, no melhor sentido da palavra. O que é um ótimo resumo do álbum. O
disco inteiro reflete alguém tranquilo, de boa, até perder sua sanidade com a
música, se entregando ao máximo ao seu lado mais natural.
“All By Myself”: UMA FAIXA
ESCONDIDA! E não é qualquer uma! Billie Joe não está cantando,
pois quem domina os vocais é o Tré Cool. E realmente, eu gosto muito dessa
música. Sempre quis que o Green Day gravasse mais músicas com ele nos vocais. E
adivinha só? É uma faixa de amor...com as próprias mãos.
Bom, como dito anteriormente, com
certeza foi com esse álbum que Green Day tomou conta do cenário musical
moderno, que precisava muito deles, principalmente os jovens. Acredito que a
razão deles terem ganhado tanta repercussão e fama entre os adolescentes foi
por conta da identificação causada com o público. A banda fala, no Dookie, de tabus que a juventude teme.
Porém através de uma música diferente e divertida, o Green Day quebra todos os
paradigmas, fazendo com que seus fãs abracem a natureza como ela é. O Dookie foi a dose de rebeldia que a
sociedade precisava.
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