"Malibu" marca o renascimento de Miley Cyrus


Miley Cyrus já é famosa por suas mudanças bruscas entre suas diferentes eras. Ela já foi de ícone pop teen para uma figura icônica banhada de polêmicas e controvérsias, consolidando sua imagem adulta na indústria nos últimos anos. Agora, porém, depois de tanta loucura, twerk, glitter e língua de fora, a cantora está pronta para voltar para suas raízes com seu novo single, “Malibu”, que desagua em uma renovação de sua imagem e do seu som. Estaria ela na direção certa?

Muitas celebridades vem optando por um som e uma imagem mais orgânica, assim como Alicia Keys e Lady Gaga, e isso parece ser tendência em Hollywood, o que é maravilhoso no meu ponto de vista. Quem não gostaria que alguns artistas largassem o pop por completo para mostrarem um lado mais puro e verdadeiro? Por exemplo, eu sempre quis que Rihanna lançasse um álbum totalmente R&B, com baladas poderosas, assim como eu sempre quis que Miley Cyrus lançasse um álbum que misturasse o pop rock de Breakout com as suas influências country. Já tivemos algo assim na trilha sonora de Hannah Montana: O Filme, como “Butterfly Fly Away” e “The Climb”, porém a cantora acabou se perdendo aos poucos com o desespero de se desvincular de sua imagem da Disney.  

Experimentando o pop e hip hop em 2013, Miley lançou o seu álbum Bangerz, elevando-se ao nível mainstream de forma obscena e peculiar, que não descarto, aliás admiro. Porém, musicalmente, Miley Cyrus deixou muito a desejar. Em 2015, Miley foi para um lado totalmente psicodélico, ao trabalhar com The Flaming Lips no álbum Miley Cyrus & Her Dead Petz. Em ambos trabalhos, teve um case de reformulação de imagem significativo e até que teve alguns momentos musicais bacanas neste último álbum, como em “Twinkle Song” e “The Floyd Song”. Porém nada se compara com a Miley Cyrus pela qual nos apaixonamos de primeira: no campo, vestindo simplicidade, enquanto segurava seu violão. E é exatamente isso que a cantora está tentando resgatar nessa nova era, primeiramente com o carro chefe “Malibu”, que traz o lado mais leve e pacífico da cantora.

"Este álbum reflete que, sim, eu não estou nem aí, mas agora não é um momento para não se importar com as pessoas”, Miley disse. “Eu estou abraçando o mundo e dizendo ‘Ei, olha. Estamos bem – Eu te amo’. E eu espero que vocês possam dizer que me amam de volta." 


Depois de ter mostrado seu lado mais agitado em seus grandes hits – como em “Party In The USA”, “Can’t Be Tamed” e “We Can’t Stop” –, Miley planeja explorar um som mais fiel à sua origem. E, com seus vídeos acústicos para a Backyard Sessions e outros covers que a cantora fez nos últimos anos – onde Miley fez jus à grandes nomes da música, como Paul Simon, Bob Dylan e sua madrinha Dolly Parton – não há como negar o talento e o potencial da cantora. E assim, a expectativa só aumentou, junto com a esperança de que ela trouxesse toda essa versatilidade de timbres e de ritmos para o seu trabalho original. Porém, ainda não dá para perceber isso em “Malibu”. De fato, está muito melhor do que as músicas do Bangerz, porém há muito o que ser melhorado quanto à sua produção.

O que ninguém compreende é que as músicas da Miley precisam ter uma pegada minimalista para não ofuscar a sua voz tão diferenciada e tocante. São poucas as músicas da cantora que realmente emocionam, porque simplesmente há muita confusão e batidas perdidas na maioria de sua discografia. “Malibu” é guiada por arpejos de guitarras maravilhosos e com uma percussão gostosa, e logo no começo esperamos que com o tempo o crescente favoreça os vocais da cantora, porém novamente o que aconteceu foi que as batidas mal colocadas acabaram ganhando espaço e engolindo a voz da cantora. O single tem muito potencial, e talvez em uma versão acústica, pode ser que ele ganhe a grandiosidade que tanto merece. Além disso, Miley também está com letras mais interessantes, que vão além de drogas e ostentação, explorando um caminho mais romântico e sincero. A sonoridade está um pouco mais inclinada ao pop rock e country, que são os gêneros em que a cantora mais brilha. E dessa forma, apesar de alguns detalhes, a fé para o novo álbum não está completamente perdida.
A fase mais roots da Miley demorou para chegar, mas já está aqui. A proposta é bem interessante e a cantora está na direção certa, porém seu primeiro passo não foi muito firme. Há de se esperar que o álbum contenha faixas mais acústicas e intimistas, só nos resta aguardar. Acredito muito no potencial da cantora e tenho certeza que o público ainda vai ficar de boca aberta, não pelo twerk, mas sim pelo talento de Miley Cyrus. 




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