O icônico Monomania, disco que revelou Clarice Falcão no mundo da música, completou 10 anos de lançamento e se mantém com um dos grandes marcos da carreira da artista, além de ter movimentado a cena indie e folk pop no Brasil de forma muito única. Aproveitando a data tão marcante, conversamos com a cantora sobre essa obra que diz sobre para seu passado, mas também influencia o presente e futuro de sua música.
Hoje Clarice Falcão tem uma trajetória de peso: ela acumula três álbuns em sua discografia, mais de meio milhão de ouvintes mensais no Spotify e longas turnês por todas as regiões do Brasil. Mas seu primeiro disco, lançado em 2013, ainda possui um lugar especial em seu coração. Foi com este trabalho que a artista, já conhecida pelo Porta dos Fundos, pôde dar voz às suas próprias experiências em músicas confessionais de humor bastante refinado. Uma grande contadora de histórias com seu violão estava prestes a conquistar o país de forma muito significativa.
Em conversa com o Keeping Track, a cantora revelou o tanto que este álbum significa para ela: "Ele foi feito durante toda a minha vida, então ele tem muito de mim. E tenho até me retratado, porque nas entrevistas do Tem Conserto, eu sinto que falei muito tipo: 'Ai os momentos passam. A gente cresce, né?'. E óbvio que tem amadurecimento, mas vai muito além disso. São lados diferentes da gente que aparecem mais em determinados momentos e tomam controle. Quando somos mais jovens, ainda não aprendemos a lidar e é tudo à flor da pele. Mas eu não acho que isso para de acontecer, sabe? O meu lado Monomania pode adormecer, ficar mais discreto, mas ele nunca não esteve aqui".
Clarice Falcão contou até que lembra nitidamente do sentimento que tinha quando escreveu cada uma daquelas músicas e que, mais do que isso, se reconhece em algumas delas. É o caso de "Capitão Gancho": "É uma música bem universal, né? Onde o eu lírico diz que a culpa não é dele e começa a questionar tudo que aconteceu com ele para levar a quem ele é hoje. Não necessariamente é um sentimento muito maduro, mas é algo que a gente tem. É um pouco da questão de saúde mental. Então, às vezes, me identifico. Ela conversa muito com o Tem Conserto, inclusive".
E claro que tem outras músicas que Clarice ainda aprecia, mas que fica feliz por não sentir mais aquilo e não se reconhecer nos versos, como é o caso de "Um Só": "Essa música é sobre uma codependência extrema. Quando você está em um relacionamento e você se entrega completamente a ponto de vocês serem um só. Eu entendo esse sentimento, mas espero muito não passar por ele de novo".
O fato é que mesmo após uma década, Monomania permanece atemporal. Sua veia ora irônica e ácida, ora vulnerável e sincera, encantou toda uma geração que se enxergou nas letras do disco. Tanto que, antes mesmo do lançamento, já somava mais de 10 milhões de views nos vídeos disponibilizados na internet. “Quando lancei os vídeos das primeiras músicas, fiquei chocada com o número de visualizações. Quando lancei o álbum completo, fiquei chocada com o número de plays. Quando fiz o primeiro show, fiquei chocada com a quantidade de gente. E aparecer nessas listas é a prova de que o disco segue me chocando até hoje”, admite Clarice.
A coleção de amores obsessivos cantados com leveza se tornou um clássico rapidamente e levou até Falcão a ser indicada ao Grammy Latino de Artista Revelação. A recepção foi tão calorosa que deixou Clarice muito impressionada, conforme lembra a cantora: "Foi uma época muito doida pra mim. Um estouro que veio muito do nada. Tinha muita gente no show, mas tinha muita gente que não sabia por que estava lá. Não sabia se ia ser um stand up ou um show de música. E até muita gente chorava, pedia foto, mas não gostava do meu trabalho mesmo, sabe? Era só a sensação de estar com uma pessoa famosa, sabe? Eu acabei parando a turnê do Monomania meio que no meio até, porque foi intenso demais pra mim. Minha preocupação nos outros álbuns foi até oposta. Eu prefiro falar com menos gente, mas falar de verdade. Conversar de uma forma mais horizontal. Hoje em dia eu tenho uma relação mais saudável com o meu trabalho e com as pessoas que gostam do meu trabalho".
E é neste contexto que Clarice Falcão planeja lançar seu próximo disco, previsto ainda para o primeiro semestre de 2023 ou início do segundo. Mas antes disso, neste domingo (30/04). às 19h, a cantora celebra o Monomania em uma live especial no seu canal do Instagram. Sem megaprodução, a artista optou por comemorar os 10 anos do disco de forma mais intimista. Vai ter música, conversa e muito mais. Não dá pra perder!
Mas como a nova era se aproxima, aproveitamos para pegar todos os detalhes possíveis com exclusividade para vocês. Segundo a cantora, este novo trabalho, é como um "megazord" reunindo todas as fases da artista em um só lugar, musicalmente e nas temáticas. Inclusive, o amor é um tema que ela volta a tratar novamente, mas com outra perspectiva: "O Monomania é um disco inteiro sobre amor. E eu sinto que fiquei muito tempo com dificuldade em falar sobre isso de uma forma diferente do que já se tem no mundo. E isso foi algo que sempre me preocupei, mas nesse disco eu volto a falar sobre ele de outro ângulo".
Outra grande conquista é que esse deve se tornar o disco mais conceitual e amarrado da cantora, ainda mais que o Monomania, desde o tracklist e até os visuais. "Dessa vez quero realmente trabalhar o disco direito como ele merece", afirma ela com um sorriso no rosto.
Clarice Falcão também fará sua nova turnê, primeira em três anos. 2023 promete ser um ponto de virada e maturidade da artista, mostrando no palco toda essa jornada de uma década de carreira musical. Mal podemos esperar!
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