Within Temptation, Epica e mais: os destaques do segundo dia de Summer Breeze Brasil



Foto: Summer Breeze Brasil/Equipe MH Arts (Diego Padilha e Marcos Hermes)

O Summer Breeze Brasil deu continuidade à sua segunda edição neste sábado (27). O festival, cujo dia inaugural contou com shows de Gene Simmons e Sebastian Bach, evidenciou as mulheres nesta segunda data. Within Temptation, Epica, Lacuna Coil e Nervosa, por exemplo, integraram os destaques da programação. Ainda, HammerFall, Gamma Ray, Angra e Forbidden completaram o lineup.

Veja um resumo dos principais shows abaixo:

Gamma Ray

O Gamma Ray subiu ao Ice Stage embaixo de muito sol. Não demorou para que Kai Hansen (guitarra e voz), Dirk Schlächter (baixo), Henjo Richter (guitarra), Michael Ehré (bateria) e Frank Beck (voz) ficassem com a pele completamente vermelha. Mas a atmosfera enérgica compensou e, na verdade, seguiu o ritmo frenético do calor escaldante.

Frank fazia questão de incluir o público de todas as formas possíveis: conduzia os movimentos da plateia, mandava joinhas em aprovação e, quando alcançava as notas altas, gerava uma empolgação alucinante. Também mencionou que essa era a sua primeira passagem pelo país, já que passou a integrar o grupo em 2015.

O fundador e ex-Helloween Hansen, por sua vez, conseguiu o mesmo efeito. Ressaltou que precisaram de dez anos para voltarem e que estava feliz de ver todo mundo. Apelidou a performance de "heavy metal party" e ainda mencionou o clima seguido por um trocadilho: “Estamos sendo queimados no palco, está muito quente, como as garotas”, pronunciou.

“Rebellion In Dreamland” (com o público cantando junto), “Master of Confusion” (com Frank brincando sobre Kai ser o cara mais legal do mundo e, ao mesmo tempo, confuso), “Silence” (sob o som de muitas palmas) e “Heaven Can Wait” (com o melhor desempenho vocal) atuaram como os destaques. Por fim, “Somewhere Out in Space” teve uma espécie de dueto com os fãs, proporcionando um dos momentos de maior conexão do set. “O tempo voa”, destacaram os próprios antes do encore, com “Send Me a Sign”. E, de fato, passou muito rapidamente. Sem dúvida, os fãs estão torcendo para que a promessa de que voltarão logo seja cumprida.

Angra

A atmosfera do início de um show do Angra é singular em relação às demais. De alguma maneira, a introdução com “Crossing” nas caixas de som combinadas às imagens remetentes à natureza e à chuva, antes que Rafael Bittencourt (guitarra), Fabio Lione (voz), Marcelo Barbosa (guitarra), Felipe Andreoli (baixo) e Bruno Valverde (bateria) subam ao palco, preparam o público numa espécie de ritual para o que vem a seguir.

Mesmo que a intro tenha tido um erro no Summer Breeze e recomeçado, o intuito da proposta permaneceu. Como de costume, Bruno chegou primeiro ao espaço (junto de um roadie, o qual cumprimentou com um soquinho de mão), com, então, os outros colegas abrindo caminho para “Nothing to Say”. Fabio fez questão de dizer, em seu português com sotaque italiano, que queria ouvir “todo mundo”, mas nem era preciso - as camisetas com o logo da banda em boa parte do público já falavam tudo.

Também, em frases curtas, pediu para que os fãs gritassem e descreveu “Vida Seca”, presente no disco novo “Cycles of Pain” (2023), como uma música “incrível, que gosto muito”. Depois, acertadamente, chamou “Rebirth” de icônica, o que também engloba “Carry On”, que, como esperado, arrancou reações empolgadas. Outro acerto veio em “Tide of Changes - Part II”, novamente do álbum mais recente, que só demonstrou o entrosamento da formação atual.

Lacuna Coil

Não é exagero dizer que o Lacuna Coil fez um dos melhores shows da edição. Sem dúvida, Andrea Ferro (voz), Cristina Scabbia (voz), Marco Coti Zelat (baixo), Diego "Didi" Cavalotti (guitarra) e Richard Meiz (bateria) apresentaram uma das performances mais consistentes e irretocáveis do lineup.

Todos os integrantes, com exceção dos vocalistas, tocam com os rostos totalmente cobertos por uma pintura branca, que, rapidamente, causam fascinação. É impossível tirar os olhos de cada um de seus movimentos. Já os “líderes”, com maquiagem mais discreta, também são magnéticos: os guturais de Andrea completam lindamente a voz poderosa de Cristina - que, inclusive, logo teve seu batom derretido devido ao sol.

“Faz um bom tempo desde que estivemos aqui pela última vez. Sentimos falta. Está quente, mas não ligamos. O sol está me beijando”, disse a cantora em certo momento.

Já antes de “Our Truth”, com uma breve interrupção de Marco (que causou uma interação engraçada entre ambos), destacou: “Vocês estão muito lindos daqui de cima. Com anos fazendo turnês, notamos que os brasileiros são realmente barulhentos e nós valorizamos isso. Vocês sabem muitas das letras, então sei que têm uma boa voz.”

O carinho pelos brasileiros foi expresso de diversas maneiras. Com um excelente cover (sobretudo pelo baixo) de “Enjoy the Silence”, do Depeche Mode, com uma versão apocalíptica de “Heaven’s a Lie XX” e até com a apresentação de estreia da canção “In The Mean Time”, lançada recentemente em parceria com Ash Costello e dedicada especialmente para os fãs do país, como mencionado pela frontwoman:

“A pressão do lado de fora pode acabar com a gente e é difícil ver as coisas com clareza, mas podemos recomeçar”, explicou sobre a composição.

Para além da música, a artista prometeu que veria os admiradores daqui em breve e entoou um dos discursos mais bonitos e significativos do dia, relacionado à conexão criada pela música ao vivo: “Não levamos isso como garantido. A última vez que estivemos aqui no Brasil foi antes da pandemia. Voltamos para casa e percebemos o quão importantes são os shows ao vivo. Não porque somos músicos, mas porque é o único jeito de criar uma conexão com vocês. Vocês escutam nossa música, mas a energia dos shows não dá para ser reproduzida de nenhuma forma. Temos que celebrar, estamos aqui, estamos vivos.”

HammerFall

Oscar Dronjak (guitarra), Joacim Cans (voz), Fredrik Larsson (baixo), Pontus Norgren (guitarra) e David Wallin (bateria, cujo kit inclui uma máscara do Jason) já entraram no palco com um público totalmente rendido pela banda. Afinal, são 31 anos de trajetória e muito amor por parte dos brasileiros. Os fãs já sabiam que a performance seria épica logo quando Joacim, ainda no início do set, pediu para que não fossem embora porque preparam uma surpresa para mais tarde. Mesmo sem o aviso, era improvável que qualquer admirador saísse do lugar. Só a apresentação de “Hammer High”, com o fim a capella e os integrantes levantando seus instrumentos, já valeu por tudo.

O vocalista aproveitou para perguntar quem gostava de heavy metal, quem estava vendo o grupo pela primeira vez e disse estar vivendo o “momento de sua vida”. Claro, também fez o público completar a frase “let the hammer” com “fall” antes da música com tal título e, para descontrair, até fingiu procurar o nome da própria banda no telão como uma maneira de mostrar à plateia como responder aos seus comandos.

Na verdade, a “surpresa” era uma performance da recém-lançada "Hail To The King”, música do próximo álbum do HammerFall, “Avenge The Fallen”, que sairá em agosto. Por isso, quando Joacim confirmou que era um prazer estar de volta e que veria os fãs em breve, deixou uma pulga atrás da orelha sobre os planos futuros da banda - que pode divulgar o novo material na estrada.

Epica

Mark Jansen (guitarra e voz), Coen Janssen (teclado), Simone Simons (voz), Ariën van Weesenbeek (bateria), Isaac Delahaye (guitarra) e Rob van der Loo (baixo) trouxeram um verdadeiro espetáculo ao Summer Breeze. Quando Simone entrou ao palco ao som de “Abyss of Time – Countdown to Singularity” e entoando o nome do festival, parecia uma divindade. Os cabelos ruivos e o macacão brilhoso a tornaram uma figura imageticamente intocável. Para completar, como prometido pela cantora, a banda celebrou a música e a vida junto aos fãs.

De cara, era notável que a performance teria uma preocupação maior quanto ao cenário. Isso porque o palco tinha dois andares, variados tipos de telões e até uma escadinha - sem contar com o teclado giratório. Mas, a partir de “The Essence of Silence”, vieram os verdadeiros efeitos: chamas, fogos, fumaça e, em “Beyond the Matrix”, chuva de papel picado.

“Estou vendo alguns rostos felizes. A música torna a vida mais bonita, não concordam?”, perguntou Simone. E, diante do trabalho mostrado pelo Epica, a noite de todos os presentes realmente ficou mais agradável.

Inclusive, rolou pedido de moshpit e de wall of death na final “Consign to Oblivion”. Por mais que, quem estivesse na parte lateral não conseguisse ver se, de fato, o comando foi atendido, Simone pareceu satisfeita e até brincou sobre acabar surda devido ao volume dos gritos.

“Vocês são a melhor plateia de todo mundo. Nós sempre queremos voltar e tocar para vocês e para batermos cabeça."

“The Skeleton Key” (composta sobre pesadelos), “Code of Life” (com Simone até tentando tocar a guitarra de Isaac) e “Storm the Sorrow” (com a participação especial de Cristina Scabbia) protagonizaram a melhor sequência do set. Não só tais faixas, como as interações entre os próprios membros: todos eles brincavam entre si, fazendo caretas um para o outro, rindo juntos, trocando sussurros e carinhos e mostrando que a química vai além da música.

Em “Cry for the Moon”, o público foi ao delírio. Segundo Simone, a música é a que mais performaram em sua carreira, ao ponto de nem precisar introduzi-la, pois os presentes a reconheceriam em “dois segundos”.

Ao fim, ela prometeu que a banda voltará ao estúdio o mais rápido possível, para gravar novas músicas, lançá-las e, então, retornar ao Brasil. Inclusive, uma bandeira do país preencheu os telões com os dizeres em português: “valeu galera até a próxima”.

Within Temptation

Sharon den Adel (voz), Robert Westerholt (guitarra), Jeroen van Veen (baixo), Martijn Spierenburg (teclado), Ruud Jolie (guitarra), Mike Coolen (bateria) e Stefan Helleblad (guitarra) chegaram ao Summer Breeze como headliners da noite. A frontwoman, inclusive, veio à caráter, apresentando “The Reckoning” vestida com um corset composto pelas cores do Brasil. Ao longo de todo set - cujo ponto alto ficou nos hits “Bleed Out” e “Paradise (What About Us?)”, além do telão imersivo e quase 3D - , agradeceu ao público e transmitiu uma mensagem de amor e cuidado ao próximo.

Em “Raise Your Banner”, por exemplo, levantou a bandeira da Ucrânia, enquanto, em “Entertain You”, pegou uma bandeira LGBTQIA+. Também fez um poderoso discurso sobre intolerância religiosa em “Don't Pray for Me”: “Eu sei que o país de vocês é muito religioso, o meu [Holanda] também é. Mas não diga para outras pessoas no que elas devem acreditar ou como devem viver.”

Não só focou em tal aspecto, como entregou vocais completamente limpos e “cuidou” dos fãs. Introduziu “Supernova” como uma faixa para qualquer um que se identificasse com a letra ou com o tópico abordado (sobre momento difíceis) e fez uma pausa antes da balada “All I Need” (cujo intuito era dedicá-las para pessoas queridas) a fim de chamar um segurança - já que aparentemente alguém passava mal. O “obrigada a todos”, dito em português, tornou toda relação ainda mais íntima. Uma ótima maneira de encerrar um sábado tão memorável.

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